epilog

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A loura menina, com seus cachos caindo até o fim de suas costas, corria até sua moradia. Ela estava, como não gostaria de admitir, envergonhada de si mesma. Envergonhada de ser quem ela era agora e quem ela nunca desejaria ser: uma menina apaixonada.

Ela estava apaixonada, Deus, perdidamente apaixonada. E isso, de certa forma, não era bom para ela. Ela se sentia consumida por aquele sentimento de certo modo que tudo nela parecia estar recheado de agonia e preocupação. Rosamund Watson começara muito cedo na adolescência a se preocupar com sua aparência e com o jeito como as coisas funcionavam dentro de sua cabeça, com 16 anos já estava naquela situação e não se via saindo dela muito facilmente.

Porque nada era, de fato, fácil.

-Rosie? - a senhorinha, já com sua idade extremamente avançada,adentrou o quarto da menina com uma curiosidade e certa preocupação que somente uma mãe teria. - O que aconteceu, querida? Pode contar pra mim, eu vou entender.

Ela limpou uma das lágrimas travessas que cruzavam seu rosto e fungou com o nariz antes de falar. Ela nem hesitaria em falar com Martha, sendo ela como uma mãe para Rosamund. A senhora fizera o papel de mãe e pai desde que Rosie era simplesmente um bebê e, agora, a loura se acostumara tanto com sua presença que não se imaginava em outro lugar.

-Eu acho que... Eu acho que estou apaixonada.

-Oh! Oh... Eu não sou a pessoa certa para te dar conselhos sobre isso agora, minha filha. Não sou, mesmo. Sou somente uma senhora viúva que nunca vivenciou o amor de verdade.

-Então quem é a pessoa certa?

A senhora respirou fundo e sorriu, olhando para o armário de Rosie e subindo em uma cadeira para pegar, bem do fundo, onde Rosamund nunca mechera, uma caixa de papelão grande.

-Seu pai.

-Ah, Martha... Meu pai não está aqui agora. - Rosamund respondeu, acariciando os próprios braços.

-Eu sei. - ela retrucou, delicada. - E acho que ele também sabia que não estaria aqui hoje, então deixou esta caixa. Foi algo que recuperei de sua antiga casa, aqui do lado, e que recebi logo depois do fim da guerra, quando os pertences que seu pai levara para o campo foram liberados. Junto com alguns dos itens desta caixa, recebi uma carta destinada a mim que dizia especificamente que eu só deveria a entregar esta caixa no momento em que você presenciasse, pela primeira vez, o amor.

Rosamund olhou confusa para a caixa, e hesitou em abrí-la.

-Certo, eu estarei na cozinha fazendo um chá para nós duas. E a receita de biscoitos que seu pai me passou,ah, Sherlock adorava aqueles.

A menina sorriu, quando viu a senhora passando pela porta e a deixando completamente sozinha.

Ela a abriu.

De primeira vista, conseguiu pegar em mãos um desenho, onde reconheceu facilmente seus pais, Mary e John. Era um desenho feito por seu pai antes mesmo do início da guerra. Os traços estavam um pouco fracos devido ao tempo, mas ainda era um desenho muito bem feito.

O segundo desenho, muito maior, muito melhor, era o de Sherlock. Era incrível como qualquer pessoa conseguiria enxergar a beleza daquele jovem de muito longe e como seu pai retratava tão bem as feições delicadas de um rapaz de 24 anos no meio de uma guerra que o atingia completamente e, de forma principal, fisicamente.

O terceiro desenho era dos três. Sherlock segurava sua versão bebê com muito carinho e cuidado enquanto John repousava em sua cadeira, olhando apaixonadamente para os dois.

Havia uma inscrição no final da folha de papel, com letras confusas e complicadas, claramente de John: "O maior amor do mundo. De seu pai John e de seu papai Sherlock."

not a couple | johnlock | concluídaOnde histórias criam vida. Descubra agora