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Quando nos aproximamos do lugar de onde os gritos vinham não foi difícil descobrirmos o motivo, e assim finalmente encontramos os orcs, devem ter chegado silenciosamente na Cidade, passando despercebidos. Logo perto de uma pequena ponte estavam alguns. Empunhei minha espada e Tauriel a dela, lutamos juntos em sincronia, como uma dança.

– Tauriel, lá em cima – avisei dos orcs.

Ela assentiu e nós subimos até o telhado para matar os que estavam lá. Depois de algum tempo, Tauriel desceu, indo direto para uma casa, justamente a dos gritos que ouvimos. Desci pelo buraco aberto entre as telhas e entrei na residência, para minha surpresa, mais orcs.

Esfaqueei-os agilmente incluindo um que praticamente voou até a varanda, o qual decepei a cabeça. Estranhamente, os orcs começaram a recuar, e não eram poucos como os que enfrentamos, havia muito mais.

– Vocês mataram todos – um garoto disse lá de dentro.

– Há outros – falei entrando e passando rapidamente por dentro da casa em direção à porta – Tauriel. Vamos.

O olhar dela quando um dos anões disse "Nós o estamos perdendo" deixou claro que Tauriel não me acompanharia. Lá estava ele, o anão de quem tanto gosta estirado no chão arquejando de dor. Sua perna fora ferida assim como meus sentimentos e juntamente com isso fora envenenado pelo ciúme. Daqui em diante eu teria de ir sozinho.

– Tauriel – me despedi.

Saí imediatamente, não queria ver o que aconteceria depois. Ainda havia alguns orcs na região, ataca-los serviu para me distrair um pouco. Mas vasculhando um pouco mais encontrei o líder deles em um beco, aquela sim seria uma luta que me manteria ocupado o suficiente para manter pensamentos desagradáveis longe de minha mente.

Peguei a espada em punho e quando me preparava para o ataque outros orcs menores surgiram. Matei-os e comecei a lutar com o maior. Consegui manter o controle por enquanto mas de repente a imagem dela surgiu do nada na minha cabeça, o que me distraiu e logo fui jogado contra as construções de madeira. Depois me lembrei da conversa dela com o anão e o olhar de tristeza e preocupação por ele! A fúria me tomou e eu a descontei no líder orc. Este conseguiu revidar mas depois abandonou a luta deixando que eu acabasse com outros dois orcs intrometidos.

O perdi de vista depois do breve conflito, senti algo estranho descendo por meu nariz, passei a mão no local e trouxe de volta os dedos ensanguentados. Eu iria segui-lo depois mas precisava cuidar disto logo. Voltei para a casa onde Tauriel ficou, não era o que eu pretendia, mas ela me ajudaria. Quando me viu a expressão assustada cobriu sua face, ela nunca havia me visto ferido nem algo parecido.

– Mellon! – ela correu até mim – Venha, sente-se aqui.

Ela me guiou até uma cadeira velha e se sentou na que estava à minha frente. Pegou um pano, umedeceu-o em uma pequena bacia com algum tipo de líquido e passou delicadamente um pouco abaixo do meu nariz, estremeci com o leve ardor causado pelo contato.

– Como isto aconteceu? – sussurrou.

– Resultado de uma boa luta, embora não tenha ido até o fim.

Observei seu jeito cuidadoso, o toque suave de suas mãos enquanto tratavam do pequeno ferimento, os traços de seu rosto mesmo que eu já o conheça perfeitamente poderia passar todo o tempo do mundo contemplando-o sem cansar.

– Terminei – ela me tirou do transe – Agora espere um pouco até cicatrizar de vez.

– Já espero tantas coisas, isto não é nada – murmurei, fitando seus olhos de verão.

– Vou derramar isto – ela se referiu ao conteúdo do pequeno recipiente agora avermelhado por causa do sangue.

– Não, Tauriel – peguei em sua mão antes que ela se levantasse – Fique – tomei o objeto de suas mãos e coloquei em cima de uma mesinha ao lado – Fique comigo.

Hesitei antes de acariciar seus cabelos ruivos.

– Parece cansada – vinquei a testa.

– E-eu – sua voz falhou um pouco enquanto gaguejava.

– Ssshiu – silenciei-a.

Encostamos nossas testas uma na outra, fechei os olhos indo direto para meu universo particular, onde só havia eu, Tauriel e o silencio disfarçando as fortes batidas vindas do meu peito. Continuei a afagar seus cabelos, depois acariciei seu rosto que tinha a mesma textura de uma pétala de rosa, assim como seu perfume doce e fresco. Seus olhos estavam fechados, Tauriel assim tão perto de mim é algo que nunca tive, evitávamos muito o contato físico, mas agora é diferente.

Estreitei a distancia entre nossos rostos, vacilante. Já podia sentir o hálito dela soprando em minha boca, quando estávamos próximos de unir nossos lábios uma tosse – presumi que tivesse sido do anão adormecido na mesa – mudou completamente a atmosfera do momento. A raiva me consumiu quando Tauriel se levantou rapidamente e foi ao encontro do doente, me deixando sozinho com a minha desilusão de quase ter ganhado um primeiro beijo dela.

Legolas & TaurielOnde histórias criam vida. Descubra agora