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Nos afastamos a tempo de ver uma lança negra zunindo pelo céu indo de encontro ao dragão que caiu lenta e gradativamente sobre o rio. Uma névoa branca densa pairou sobre o ar durante algum tempo, quando se dissipou Tauriel me fitava com semblante confuso.

- Por que fez aquilo?

O constrangimento me tomou completamente, eu não sabia como dizer isto a ela.

- Não temos tempo para explicações - camuflei minha falta de resposta - Isto ainda não acabou.

Corremos até o centro da pequena Cidade onde todos estavam celebrando a vitória e bravura de alguém chamado Bard, logo eu soube de quem se tratava. Mas Bard não se mostrava tão... Convencido de que a morte do dragão fosse o fim de tudo.

- Tolos! - ele gritou e todos pararam - Algo mais ainda está por vir, talvez seja bem pior do que um dragão. Devemos nos preparar!

As pessoas cochichavam umas com as outras em uníssono e então me lembrei do que me Thranduil dissera.

- Ele tem razão - dei um passo à frente e todos deram espaço para olhar para mim - Uma força, maior do que qualquer outra está pronta para causar uma guerra que pode significar nosso fim. Acreditem quando digo que um dragão não faria tanta destruição quanto esse mal é capaz de fazer.

- A morte se tornará iminente se não nos unirmos - Bard completou.

- Concordo - uma voz lá atrás falou.

Era um dos anões que levamos como prisioneiro para a Casa de Thranduil e devia estar voltando da montanha. As pessoas se afastavam à medida que ele abria caminho no meio delas. Por um momento pensei que meu pai já estivesse sabendo da história é claro, e eu estava crente de que ele faria parte disso.

- Haverá sim uma guerra - o anão continuou - E não precisamos estar mais preparados do que já estamos.

Ainda houve muito discurso a respeito disso, no final todos lutariam.

...

Nos poucos dias que se seguiram, meu pai veio à Esgaroth e trouxe consigo o nosso exército, estamos lado a lado com os humanos. Contei a ele tudo o que aconteceu, exceto a parte do beijo, é claro. Nas últimas horas antes da batalha encontrei Tauriel fazendo os últimos preparativos com as armas.

- Tauriel - chamei calmamente.

Ela não se virou para mim, continuou aprontando suas flechas.

- Thranduil falou comigo hoje - ela falou - E sabe quais foram as principais perguntas dele?

Fiz que não com a cabeça, um gesto que ela não percebeu.

- O que eu pretendia fazer com você - disse por fim.

- Não entendi - o que ela quis dizer?

- Você sabe muito bem. Pensou que aquele beijo não significou nada para mim? Eu e você sempre fomos próximos, mas o motivo de eu não querer que se apaixonasse por mim é o simples fato de que Thranduil nunca aceitaria que seu filho, o sucessor do trono, tivesse algo além da amizade com uma elfa da floresta.

As palavras saíram tão rapidamente que precisei de alguns segundos para pondera-las antes de abraçar Tauriel. Todos esses anos vivendo com meu pai e nunca, jamais suspeitei de sua opinião com relação a isso.

- A favor ou contra algo mais entre nós, Thranduil não tem tanto poder sobre mim a ponto de fazer eu não me apaixonar por você. Isto aconteceria de qualquer maneira.

Afastei para fitar seus olhos e estavam brilhando.

- Ele também não tem poder sobre mim - ela sussurrou.

- Eu sei disso - soltei um riso, Tauriel é indomável e dona de uma teimosia colossal.

- Eu sei o que você pensou sobre mim e Kili.

- Kili? - perguntei, não sabia quem era.

- O anão com quem você tanto implicou todo este tempo - agora eu sabia - Mas estava errado.

- Mas eu pensei que...

- Que eu o amasse? - ela tombou a cabeça de lado e arqueou as sobrancelhas.

Sim, era exatamente isso, qualquer tolo, até mesmo um cego daria a eles o posto de amantes ou enamorados. Minha expressão neste momento deixava claro que eu pensei exatamente nisso.

Sua face relaxou e ela fechou os olhos, um sorriso se formando no canto de sua boca.

- Não nego ter grande apreço por Kili. Ele é aventureiro e um pouco inconsequente, mas o que mais me aproxima dele é o quanto eu desejava ter um irmão assim.

- Por que Kili e não eu? Afinal você sempre me viu como amigo, não podia me desejar como irmão também?

- Por muito tempo pensei nessa hipótese - ela sorriu - Mas...

- Mas? - insisti.

Tauriel abaixou a cabeça e respirou fundo antes de continuar. O que ela quis dizer?

- Eu não o desejo como irmão por que não é este tipo de sentimento que possuo por você, Legolas. É mais. O único motivo de eu ter escondido isto por tantos anos é apenas Thranduil, se ele desconfiasse pensaria coisas ruins a meu respeito e que eu o trai, já que sou sua protegida desde que nasci.

- Thranduil não muda meu destino ou o que sou e nem o que sinto - falei sério - Isto só diz respeito a nós dois, Tauriel.

Coloquei meus braços em volta de sua cintura e a puxei para mim. Afaguei seu cabelo castanho avermelhado enquanto sua cabeça repousava em meu ombro. Os últimos pedaços daquilo que fora estilhaçado dentro de mim foi reparado e senti meu coração bater de novo, desta vez mais intenso.

- Haryalyë melmenya tenn'oio. [Você tem meu amor pela eternidade] - murmurei em seu ouvido.

Legolas & TaurielOnde histórias criam vida. Descubra agora