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Na Casa de Thranduil, levamos o orc para o rei e lhe explicamos todo o ocorrido.

– Tal é a natureza do mal. Na vasta ignorância do mundo ele se deteriora e se alastra. – falava Thranduil, vagando em passos lentos e rasteiros ao redor de mim enquanto eu segurava o orc com uma faca em sua garganta – Uma sombra que cresce na escuridão. Uma malícia incansável tão negra quanto a inevitável chegada da noite. Assim sempre foi. Assim sempre será. Com o tempo, todas as coisas vis aparecem.

– Vocês perseguiam uma companhia de treze anões – apertei mais forte a lâmina contra a pele do orc – Por quê?

– Treze não. Não mais. O mais jovem, o arqueiro de cabelo preto, nós o atingimos com uma flecha morgul – falou a criatura, parecendo direcionar a resposta diretamente para Tauriel, que andava para um lado e para o outro. De repente, ela parou e encarou o orc – Há veneno em seu sangue. Ele vai morrer em breve.

– Responda a pergunta, lixo – interviu Tauriel.

– [Não respondo para cães, elfa!] – rosnou em língua orc.

O verme ainda tentou escapar mas eu o segurei com força, Tauriel empunhou sua espada.

– Não convém contrariá-la – adverti.

Já vi Tauriel furiosa algumas vezes e o resultado é sempre mortal, não me preocuparia se ela acabasse com aquele ser repugnante agora, mas Thranduil ainda queria arrancar mais respostas dele.

– Gosta de matar coisas, orc? – perguntou ela num tom ameaçador – Gosta da morte? Então, vou dá-la a você.

Com um impulso rápido, Tauriel voou para o orc e parou com a ponta da espada a centímetros da criatura, se Thranduil não tivesse impedido ela o exterminaria.

– Farn! [Já chega!] – gritou o rei – Tauriel, ego! [Tauriel, saia!] Gwao hi [Agora].

Olhei para a expressão insatisfeita de Tauriel, ela queria matar aquele orc, e eu sabia bem o porquê. Mesmo assim se retirou, com o bicho rosnando para ela.

– Não me preocupo com um anão morto. – Thranduil disse, "Mas Tauriel se importa", pensei – Responda à pergunta. Você não tem nada a temer. Diga o que sabe e eu libertarei você.

– Tinha ordem de mata-los. Por quê? – perguntei – O que Thorin Escudo de Carvalho é para você?

– O anãozinho jamais será rei.

– Rei? – indaguei – Não há rei sob a montanha nem nunca haverá. Ninguém se atreverá a entrar em Erebor enquanto o dragão viver.

– Você não sabe de nada – retrucou o verme – Seu mundo queimará.

– Do que está falando? Diga!

– Nossa era chegou novamente. Meu mestre é servo do único. Você entende agora, elfo? Sua morte está próxima. As chamas da guerra estão próximas.

Foi rápido o movimento em que Thranduil jogou uma faca e ela degolou o orc, tudo o que eu segurava agora era apenas a cabeça enquanto o resto corpo estremecia no chão.

– Por que fez isso? – perguntei ao meu pai – Prometeu que o libertaria.

– E libertei – disse ele – Libertei sua vil cabeça de seus desprezíveis ombros.

– O orc podia nos contar mais.

– Não havia mais nada que pudesse me contar.

– O que quis dizer com "chamas da guerra"?

– Que planejam usar uma arma tão grandiosa que ela destruirá tudo. Quero vigília redobrada nas fronteiras. – ordenou aos guardas – Todas as estradas e rios. Nada se move sem que eu fique sabendo. Ninguém entra neste reino. E ninguém sai dele.

Antes de tudo procurei por Tauriel em toda a Casa, mas estranhamente ela não estava em lugar algum. Depois verifiquei se tudo estava como o rei ordenara e se todos os portões haviam sido fechados, deixando o principal por último.

– Holo in ennyn! Tiro i defnin hain na ganed en-Aran! [Fechem o portão. Mantenham-no trancado por ordem do rei.] – falei para os que resguardavam a entrada.

– Man os Tauriel? [E Tauriel?] – indagou um deles.

Paralisei ao ouvir o nome.

– Man os sem? [O que tem ela?] – perguntei.

– Edevín eb enedhor na gû a megil. En ú-nandollen. [Ela foi à floresta armada de seu arco e espada. Ela não voltou].

Tauriel saiu sem a permissão de Thranduil, eu teria de relatar isto a ele e pedir autorização ao meu pai para ir atrás dela. Ele estava sentado no trono apoiando o cotovelo no braço da enorme e ornamentada cadeira, a mão no queixo e os olhos distantes eram sinal de que estava pensativo.

– Pai – chamei, interrompendo seus devaneios – Tauriel saiu, ela foi à floresta.

– O quê? – seu cenho estava franzido, ele estava aborrecido – Por qual motivo?

– Eu não sei, ela não avisou para onde ia ou o que ia fazer.

– Então depois de séculos a protegendo é esta a minha retribuição? A desobediência? – bravejou ele, sua voz ecoando pelos salões como um rugido.

– É por isso que peço seu consentimento para segui-la, saber seus propósitos – expliquei.

– Consentido – falou imediatamente – E avise-a que caso ela pretenda repetir este comportamento futuramente, não precisa mais voltar.

Assenti e me retirei. Pedi que abrissem os portões novamente e segui à procura de Tauriel no caminho do rio.

Legolas & TaurielOnde histórias criam vida. Descubra agora