Anahí
Me espreguiço na cama e sinto Alfonso se mexer atrás de mim e seus braços me puxarem até que eu fique deitada de frente pra ele. Num estado meio dormindo e meio acordado, ele resmunga alguma coisa e me beija. Sorrio, brincando com seus cabelos e decido por hoje ignorar nossa verdadeira realidade.
Hoje vou bolar uma farsa diferente. Vou fingir que sou namorada dele e que só estou passando um dia na casa do meu namorado, algo absolutamente normal.
- Você ta com fome?
Poncho resmunga alguma coisa enquanto nega com a cabeça e me puxa pra mais perto.
- Vou fuçar na sua geladeira ta?
Ele acena com a cabeça sem abrir os olhos. Me desvencilho de seus braços e saio da cama. Visto sua camisa e quando atravesso a porta do quarto, ao invés de ir pra cozinha, vou pro quarto ao lado onde está a bateria de Alfonso. O quarto é como um espaço pra ele ensaiar suas músicas, ou sozinho ou com a banda.
Descubro a bateria e corro a ponta dos dedos pelos pratos, imediatamente me lembro da primeira vez que Alfonso tentou me ensinar a tocar aquela bateria. No mesmo dia em que nos beijamos pela primeira vez.
[...]
Estava chovendo naquele dia, assim como tinha chovido oito meses atrás quando enterramos Miguel. Alfonso me encontrou próximo ao apartamento dele, estava rondando por ali, querendo vê-lo, mas sem coragem de subir até seu apartamento. Quando entramos, ele me levou até o quarto, me convenceu a tomar um banho e me emprestou roupas secas.
- Obrigada! - eu disse quando cheguei na sala, depois de tomar banho.
- Não foi nada, o que você tava fazendo por aqui? - ele me estudou atentamente.
- Eu não tive um dia muito bom, só queria... Ficar com alguém pra quem não preciso fingir estar bem. Desculpa se eu tiver te atrapalhando, eu vou embora. - dei as costas envergonhada.
Alfonso levantou do sofá e segurou minha mão.
- Não Any, você não atrapalha. Sabe, quando eu não estou me sentindo bem, eu costumo fazer uma coisa.
- O que?
- Vem comigo. - ele sorriu e me levou na direção dos quartos. Não entendi quando entramos no cômodo onde estava sua bateria. - Quando eu me sinto agitado, nervoso, até mesmo frustrado, eu toco. Parece que tudo que eu to sentindo sai pra fora e eu me sinto melhor. Você quer tentar? - ele perguntou e estendeu as baquetas pra mim.
- Tem certeza que vai deixar eu tocar sua bateria, para falar a verdade, eu nem sei tocar isso.
- Eu te ajudo, sou professor, além de músico e baterista. - sorriu. - Tenta, pelo menos.
Peguei as baquetas da mão dele não me sentindo muito segura. Alfonso me guiou até o banco atrás da bateria e me fez sentar ali, em seguida puxou um banco pra ele e sentou atrás de mim.
Seu peito encostou em minhas costas, o calor do corpo dele me envolvendo e na mesma hora eu fiquei tensa. Eu já tinha percebido essas sensações crescendo dentro de mim nas últimas semanas. Sempre quando ele me tocava eu me sentia bem e acolhida. Talvez fosse porque Alfonso sempre me entendeu, nunca precisei fingir pra ele. Sempre mostrei meu pior lado por ele e nem por isso ele me olhou com pena ou senti que só era meu amigo porque tinha dó de mim.
Mas de uns tempos pra cá, meus sentimentos por ele estão mudando, tanto que não vim procura-lo apenas porque precisava do meu amigo, mas também porque ele me atrai como um ímã e está cada vez mais difícil ficar longe dele. Ficar dias sem vê-lo, causa uma aflição tão grande em mim que me sinto perdida.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Maybe Someday ✔
FanfictionQuando as pessoas olham para Anahí e Alfonso enxergam dois amigos, dois cúmplices, duas pessoas que apesar de terem perdido alguém que amavam, tentam seguir em frente. Ela é espontânea, alegre, divertida e brincalhona. Ele é quieto, observador, às v...