Capítulo 68

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Anahí

- O QUE FOI? - ouço Poncho gritar e um segundo depois, ele está dentro do quarto, se ajoelhando ao meu lado.

Começo a chorar e como não consigo falar, mostro o bilhete pra ele.

- Ela levou nosso filho!

- Não é possível! - ele se levanta e sai do quarto.

Escuto ele vasculhar os cômodos e me forço a ficar de pé. Meu coração rasga mais um pouco ao ver o berço vazio. Miguel é só um bebê, alguém o levou daqui.

- Ele não está em lugar nenhum! - Poncho esbraveja.

- Como ele vai estar em algum lugar se eu o deixei aqui no berço? Sua mãe o levou?

Poncho leva as mãos aos cabelos e puxa com força. Olha o quarto em volta e do nada sai às pressas.

Vou atrás dele e quando entro no quarto ele está se vestindo.

- O que vai fazer?

- Vou falar com o porteiro, se a minha mãe entrou e saiu sem a gente ver, ele deve ter visto ela ou autorizado sua entrada.

- Eu vou com você.

- Fica aqui, meu amor, eu já venho. - ele segura meu rosto e me beija.

Um segundo depois ele já foi e fico rodando pelo apartamento me sentindo um animal enjaulado.

- A culpa foi minha, eu quem tive a ideia de tomar banho com o Poncho. Se tivesse ficado com o Miguel....

Desabo no sofá e levo o punho fechado ao coração, a sensação é de que meu peito está sangrando. Pego o telefone, mas travo sem saber se devo ligar pra polícia ou pra alguém.

Alfonso volta pro apartamento e parece que uma eternidade se passou.

- E ai?

- Foi mesmo a minha mãe.

- Eu sabia! - desabo no sofá de novo.

- Ela disse que queria fazer uma surpresa pra gente e por isso o porteiro deixou ela subir. Depois quando ele a viu descendo com o Miguel, ela disse que só estava levando nosso filho pra dar uma volta, pra gente descansar um pouco. Ele disse que ela estava tão tranquila, que ele não desconfiou de nada.

- Poncho o que a gente vai fazer? - olho pra ele desesperada. - Tá na cara que ela não levou ele pra passear, ela vai tirar ele da gente. - soluço. - Fez isso porque não concordamos com aquela história absurda de adoção.

- Eu vou ligar pro meu pai, vou pra polícia e vou avisar seu pai e o Samuel.

- Pra que você vai avisar meu pai?

- A gente vai precisar de toda a ajuda possível, meu amor. Confia em mim. Sei que não quer envolver seu pai, mas é preciso. - ele responde e me beija.

Quando pega o celular, Poncho me abraça. Não sei como ele consegue ficar tão calmo, enquanto eu estou entrando em desespero. Não acho que Olívia vai machucar o Miguel, ela gosta dele, ou por ter o mesmo nome do seu filho que faleceu, ou por ser neto dela, ou por, na cabeça dela, ser o Miguel que voltou, mas o que importa é que ela gosta dele. Meu único medo é que ela não esteja bem da cabeça e decida sumir com ele, pra sempre.


Uma hora depois, Poncho, eu e o porteiro demos nosso depoimento pra polícia e o apartamento está lotado de gente. Meu pai e Melissa estão aqui, o pai do Poncho está aqui, os meninos da banda, Lila e meu irmão.

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