Capítulo 69

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Alfonso

Acordo às seis da manhã e estranho ao não encontrar Anahí na cama. Saio do quarto e quando chego na cozinha vejo minha namorada sentada no chão rodeada por potes e tampas.

Nas últimas três semanas, desde que Miguel desapareceu, sempre que Anahí fica angustiada, agitada ou sem consegui dormir ela arruma alguma coisa pra fazer. Já reorganizou o guarda-roupa dela umas 10 vezes. Implicou com inúmeras manchinhas no apartamento. Passou horas fazendo faxina e repetindo o processo no dia seguinte. Organizou livros, CDs e filmes em ordem alfabética e depois mudou a organização por cor.

Suspiro me aproximando dela, odiando vê-la assim.

- Não tá um pouquinho cedo pra organizar essas coisas? - me sento atrás dela e afasto seu cabelo pro lado. - Acordei sentindo sua falta, porque não volta pra cama comigo, hum? - beijo seu rosto.

- Não consigo dormir. Tive um pesadelo horrível, Poncho. - ela me encara com os olhos marejados.

- Foi só um pesadelo, meu amor.

- Mas tenho muito medo de que se torne real. No sonho, Miguel chegava aqui adolescente, mas... Ele não fazia ideia de quem éramos. Lembro muito bem da sua mãe entrando logo atrás dele e ele a chamando de mãe. Você precisava ver o jeito que ele olhava pra ela. Foi tão real que acordei achando que anos haviam se passado.

Suspiro e beijo a testa de Anahí, em seguida a abraço com força.

- Foi só um pesadelo meu amor.

- Mas... E se acontecer de novo? E se o Miguel ficar desaparecido por anos como aconteceu com meu irmão? E se um dia ele aparecer e já for velho demais pra nos ver como pais, se ele chamar a sua mãe de mãe? Se esse amor que ele deve sentir pela gente, ele sentir por ela?

- Meu amor isso não vai acontecer porque vamos encontrar o Miguel em breve, muito em breve eu te prometo.

- Eu juro que eu tô tentando ser forte Poncho, mas está muito difícil. - Any volta a chorar e apoia a cabeça no meu peito. - Eu só quero o nosso filho de volta.

Acaricio o cabelo dela, apoiando o queixo no topo da sua cabeça e me obrigo a ser forte pra que ela não me veja chorar. Não posso contar a Anahí que o medo dela, também é o meu medo. Que mesmo sabendo com quem nosso filho está, também tenho medo de que nunca mais a gente o encontre.

Eu tenho muita noção de que quanto mais o tempo passa, mais difícil fica encontrar nosso filho. Minha mãe pode conseguir mudar de nome, mudar o nome do Miguel, talvez a essa altura esteja em outro país e a gente não consiga achá-la. Quantas crianças somem por ai e nunca mais aparecem?

- Não quero perder mais ninguém, Poncho.

- Você não vai perder, amor. A gente vai achar o Miguel. Vamos caçar minha mãe até no inferno e encontrá-la. Eu te juro. - acaricio seu rosto.

Anahí me beija e em seguida me abraça com força.

- Você é a melhor coisa que aconteceu na minha vida sabia? Eu amo tanto você Poncho e amo tanto o nosso filho. Não quero ficar sem vocês dois.

- Você nunca vai ficar sem a gente, muito menos sem mim. - sorrio. - Eu também te amo demais, meu amor. Você e o Miguel são tudo pra mim.

Nos beijamos outra vez e com muito custo consigo levantar Anahí do chão e levá-la de volta pro nosso quarto. Deito com ela na nossa cama, apoio sua cabeça no meu peito e fico sussurrando nossa música pra ela, a que eu compus: In My Veins.

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