Capítulo 23

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O que mais incomodava-me naquela manhã era justamente a coisa que eu mais comemoraria em outras situações.

Uma lembrança.

Ontem, quando estávamos em Doncaster, Louis e eu paramos em tantos lugares importantes para ambos, o que foi incrível, mas justo em um deles, parte de minha memória voltou; uma parte bem pequena, mas significativa.

Eu estava no banco do parque em frente à quadra de basquete da escola. Assim que sentei lá, parecia que tudo havia acabado de acontecer. Louis jogara uma bola em minha direção na quadra, que derrubou meus livros. Só depois que seus "amigos" saíram ele foi me ajudar. Nós discutimos pois essa rotina – de ser legal comigo só quando não tinha ninguém para ver – já rolava há dias e eu não aguentava mais.

Eu gritei, ele tentou ser ouvido e, no final, apenas soltei um "não fale comigo até ter uma opinião formada sobre como vai me tratar", exatamente como eu disse a ele na Argentina.

Lá, eu tive a sensação de já ter presenciado isso, e realmente lembrei de algumas coisa. Mas dessa vez a memória era mais completa.

Depois de dizer isso, eu corri para fora daquela quadra, sentando no mesmo banco em que estava. Disso eu não lembrei lá.

Pouquíssimos minutos depois, Mason aparece, consolando-me e no fim, acaba beijando-me, achando que eu ainda sentia o mesmo por ele.

Mas essa não era a parte que me incomodava. Eu sabia o que Mason fez depois. O que realmente me deixava pensativa era o que eu senti na hora dessa briga.

Lembro que um nó surgiu em minha garganta e eu tive de me segurar para não chorar enquanto discutia com Louis. Mas por quê? Por que eu sentia tanto estar brigando com ele? Ninguém nunca me disse nada sobre ter sentimentos por Louis.

E isso era o pior de tudo. Porque não era como se eu não tivesse percebido nada, várias peças já haviam se juntado em minha mente, mas sim o fato de que todas as vezes que alguma pergunta surgia, todos contornavam, desviando de assunto. E eu não tinha mais certeza se queria saber.

Tento ao máximo deixar esse pensamento de lado, mas não tendo muito o que fazer nesses dias, fica meio difícil.

Principalmente quando ele também não tem muito o que fazer.

- Hey! - Louis anda até mim no corredor. Eu estava indo encontrar Andy na área externa do hotel.

- Ah, oi! - respondo.

- Uh, eu... - respira fundo. - Eu estava te procurando.

- Aconteceu alguma coisa? - questiono.

- Não! Eu... - ele gesticula. - Bem, eu vou visitar minha mãe mais tarde e estava pensando se você não quer ir comigo...

- Ir com você? - pergunto, levantando a sobrancelha.

- É, mas... Eu sei que é idiota, tudo bem se não quiser.

- Não. - sorrio. - Não é isso, eu iria gostar de ir com você.

- Sério? - Louis encara-me, realmente surpreso.

- Claro.

- Uh, isso é bom. - ele sorri. - Eu te chamo quando for.

- Ok. - sorrio. - Ah, e Louis?

Ele volta a encarar-me.

- Eu me diverti bastante ontem, obrigada.

- Fico feliz, morena. - balança a cabeça, ainda sorrindo.

E mesmo que eu não achasse ser possível, toda aquela história de anos atrás não importava mais depois dessa conversa.

[ ... ]

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