Não foi fácil ficar todas aquelas horas dentro de um avião. Muito menos quando aquela era a segunda vez que eu largava tudo e voava para longe.
Só que no caso, eu voava agora para o 'longe' mais familiar que eu poderia imaginar.
O avião, pela primeira vez em anos, parecia uma prisão para mim. Cada minuto que se passava parecia demorar uma hora. Mas quando ele finalmente pousou, eu me senti vazia.
Sim, vazia. Porque o responsável por completar-me de novo estava aqui. Em Doncaster.
Passar por cada rua conhecida trazia-me uma nova lembrança. Principalmente o destino final. A casa de Louis nunca havia saído de minha mente, e só agora eu me dava conta.
Saio do táxi apreensiva, mesmo que sorrindo com o ambiente familiar. Entretanto, a grande surpresa é ver a porta da casa realmente abrindo-se.
- Mary?
Johannah tem sua feição confusa, mas não deixa de me abraçar como sempre fazia assim que me encontrava.
- Oi, Jay. - minha voz sai quase num sussurro. - Desculpe por aparecer desse jeito eu... - atrapalho-me. - Eu nem sei direito o que faço aqui, só...
Ela interrompe-me.
- Eu sei. - sorri. - E a resposta é sim. Ele está lá dentro, lá em cima, querida.
Meu suspiro vem aliviado, assim como uma sensação de leveza. Temporária, no entanto.
- Olha, eu realmente não quero escolher lados, até porque Louis é meu filho. E você sempre foi parte da família. - sorrio de lado. - Mas vocês dois precisam conversar. Os dois necessitam dessa conversa, Mary.
Assinto. - Como... C-como ele está?
E no final, acabo sendo uma das muitas pessoas que perguntam não querendo realmente saber a resposta.
- Acho melhor você entrar, querida. Vocês precisam passar por isso sozinhos, eu acredito.
Despeço-me de Jay, mais uma vez com um abraço.
Encaro a porta por instantes antes de abrir. Eu precisava fazer isso.
Respiro fundo, colocando o pé direito para dentro da casa. Olho em volta, reconhecendo a maioria dos detalhes. O sofá, onde nós ficamos abraçados no dia em que Louis me convenceu a almoçar aqui pela primeira vez como sua namorada, a mesa de jantar, onde uma garotinha de nove anos me fez passar uma vergonha imensa – e como valeu a pena.
E aí tinha a escada. Louis passara correndo por elas quando seu pai apareceu – e eu o confortei lá em cima. Eu subi esses degraus no meu aniversário de 17 anos, em direção a uma noite inesquecível.
Mas agora eu os subia por um motivo totalmente oposto.
A porta de seu quanto, como imaginei, estava fechada. Encaro-a, formando uma imagem em minha mente de como o quarto ainda poderia estar.
Demorou muito pouco, infelizmente. Mordo o lábio, batendo na porta.
- Mãe, é sério, eu só estou cansado. Não precisa checar a cada minuto. - sua voz era rouca, frágil. Quase não respondo.
- Louis, sou eu. - fecho os olhos fortemente, como se aquilo fosse amenizar a situação. - Mary.
Ele não responde.
- Entendo se não quiser responder. Nem deveria. Você tem todo o direito, depois do que fiz. Fugir daquele jeito... Foi a pior coisa que eu poderia ter feito.
Encaro o chão, não que isso adiantasse muito. - Consegui me esconder da realidade por bastante tempo, tempo demais. Mas ontem... - hesito, o nó na garganta já se formava. - Ontem eu vi o programa com a apresentação de vocês. Eu sabia... Sabia que você não estava bem, desde aquele momento. Eles podiam não perceber, ou não ligar, mas eu soube. E aquilo me destruiu. - fungo. - Ter a noção de que você e-estava daquele jeito por minha culpa f-foi a pior sensação do mundo. Porque eu causei aquilo, não foi? S-se eu tivesse ouvido, se tivesse ficado... Mas eu fui fraca. Eu fui egoísta. Eu fui o oposto de tudo o que você é.
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Return || L. T.
FanfictionAmor, se for aquele verdadeiro de que todos falam, não muda. Nem depois de sete anos. Nem se ela esquecer, e ele não deixar de lembrar. Mary e Louis seguiram por caminhos diferentes durante sete anos, mas agora que um retornou à vida do outro, será...