Take the phone off the hook and disappear for a while

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- O quê?

A mão de Harry estava fechada no corrimão da escada e as juntas dos dedos estavam ficando brancas. Não traspassava raiva pelo rosto, mas Draco se sentia tenso mesmo assim. Seu olhar encontrou o chão, saliva descendo pela garganta sem perceber.

Harry subiu as escadas de dois em dois degraus. Draco lentamente foi atras, sentia sua barriga pesar estranhamente, talvez estivesse ficando paranóico, já estava acostumando com a sua gravidez complicada de qualquer forma.

Encontrou o moreno no quarto de James. As mãos, ambas entre os cabelos muito pretos. O garoto não havia levado tudo, alguns livros e discos continuavam na prateleira, as últimas roupas usadas no cabideiro e a mochila com todo o material da escola no canto da parede. Mas era a ausência, era o vazio que batia em Harry como uma bofetada.

- Ele apenas decidiu ir, já havia dito ao seu pai para vir hoje cedo. - Draco soltou sem pensar no que dizer.

- Mentiu por mim. - Sussurrou. Não era uma pergunta.

- S-sim. Parece que--

- Você está dizendo que meu filho, o meu menino, de 13 anos planejou ir embora de casa, pra longe da família dele sem que ninguém o convencesse disso?

Os olhos de Draco se arregalaram ao entender o tom da frase dita pelo outro. Em um segundo tudo começou a fazer todo o sentido.

- Está me acusando...

- Não! Eu só quero entender o que aconteceu aqui! - Respondeu em tom desesperado.

- Isso você vai ter que perguntar diretamente a ele.

- Era você quem estava aqui quando ele foi embora, Draco. - Sua voz estava ficando alterada e Draco apenas não podia acreditar que aquilo estava acontecendo no seu primeiro dia de casado. - A última pessoa quem conversou com James.

- E isso não é acusar! - Draco respirou fundo. - Eu pedi pra ele ficar se quer saber, esperar por você, mas ele não quis. Harry, a única pessoa que James espera algo é de você. Ele está confuso e se sentindo abandonado, ele precisa do pai, que o você o convença e por mais que eu queira ter uma amizade com James, eu não sou pai dele.

Draco sabia que estava chorando porque seu pescoço estava com um incômodo úmido e Harry tinha aquela expressão culpada no olhar. Por ser impulsivo e dizer o que não quer, algumas coisas nunca mudam. Suas mãos secaram as lágrimas e encararam o marido sem querer parecer magoado demais.

Draco sabia que o orgulho não deixaria o moreno pensar com calma, um pedido de desculpas certamente não viria naquela hora. Então, após uns segundos de silêncio de um para o outro o rapaz deixou o quarto, abrindo a porta do seu próprio e se sentando na beira da cama. Foram poucos minutos até escutar a porta da frente bater. Só foi preciso esticar um pouco o pescoço para conseguir enxergar o carro seguir seu caminho para longe da casa.

Draco se sentia um lixo. Culpado, triste, era como se toda o quarto estivesse desmoronando em cima dele. Não estava nos planos aquela discussão. Nada daquela manhã estava nos planos do rapaz.

Sua mão pousou na barriga como de costume. Não sentia dor nem peso, mas algo estava acontecendo e tirou sua atenção dos pensamento de culpa obsessivos.

Ele sentia.

E era forte.

Seu bebê estava mexendo. Pela primeira vez, seu neném preguiçoso quis mostrar que estava ali.

- Ah, não... - Riu nervosamente. - Você não podia esperar mais um pouquinho?

Queria que Harry estivesse lá pra sentir. Queria até mesmo que James estivesse lá. E então desejou que o rapaz voltasse logo e trouxesse o menino com ele.

the kids are alright  » au drarry mpregOnde histórias criam vida. Descubra agora