Capítulo 24

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Eu me sentia desnorteada.

As palavras jorravam da boca da minha melhor amiga ao telefone, mas eu não conseguia assimilar nem mesmo uma sílaba. Como eu pude beijar Camila daquele jeito? Meu intuito era apenas provoca-la, mas a partir do instante em que meus dedos tocaram sua pele, foi como se outra Lauren se apossasse de mim. Eu fiquei descontrolada e fiz coisas que nem mesmo sabia ser capaz de fazer. Foi quente. Instintivo. E eu estraguei tudo mais uma vez.

- Está me ouvindo, caralho!? –O berro de Veronica quase estourou os meus tímpanos e meu olhar vago tomou foco na parede cor de rosa a minha frente.

- Respira, Vero! – Eu inspirei e expirei ao telefone algumas vezes, instruindo minha melhor amiga, que me acompanhou aparentemente mais calma – Agora me conta o que aconteceu.

- A KEANA ME BEIJOU, PORRA! –Ela berrou mais uma vez – Meu Deus, eu estou nervosa, vou ligar pra Mani, não vou conseguir explicar isso duas vezes seguidas sem surtar.

- Espere, eu estou na casa da Mani, vou chamar ela e nós conversamos. –Eu expliquei com calma, ainda sem coragem de fitar Camila, mas eu sentia seu olhar sobre mim.

- Por que você está na casa da Mani sem mim? Vão me excluir da vida de vocês? –Ela estava mais agitada que o normal.

- Vero, você comeu açúcar? –Eu perguntei com cuidado, me dirigindo à porta.

- Responda, Jauregui! –Ela gritou.

- Dinah e Camila também estão aqui e... –Ela me interrompeu.

- Vocês estão fazendo uma orgia? – Ela gritou de novo.

- Quê? Para de falar merda Vero, vou chamar a Mani e... –Ela me interrompeu de novo.

- Eu estou indo ai. –Ela desligou na minha cara sem me dar chance de resposta. Fechei meus olhos e inspirei fundo prolongando o ato enquanto tomava coragem para me virar para Camila.

- Posso te dar o dinheiro mês que vem? –Sua voz calma ecoou pelo quarto e eu imediatamente me virei para ela e a encarei.

- Quê?

- Eu gastei o resto da minha mesada hoje, só vou ter dinheiro para pagar a aposta mês que vem. –Ela ia mesmo fingir que aquilo foi só uma aposta? Eu estava revoltada! Se bem que cutucar o vespeiro com aquele assunto talvez não fosse uma boa ideia.

- Tudo bem, pode me pagar parcelado em duas vezes. –Respondi com um dar de ombros e ela ficou quieta por alguns instantes antes de franzir os olhos para mim.

- Você ainda está me devendo quarenta dólares da aposta que eu perdi por sua culpa. Então por isso, não vou te pagar nada. –Ela sentenciou com um ar arrogante.

- Por que eu tenho que te pagar se quem perdeu a aposta foi você?

- Porque eu perdi a aposta por sua culpa.

- Minha culpa? Como eu posso ser culpada de uma coisa da qual eu nem tenho conhecimento do que seja?

- A culpa é sua e acabou. –Ela cruzou os braços – Além disso, semana passada você falou que iria me pagar.

- Quando eu falei isso? – Eu não havia dito merda nenhuma.

- Antes de você me agarrar a força no banheiro.

"Ah tá, lembrei"

- Eu só queria te beijar e aquilo não foi a força. –Respondi com um dar de ombros. Ela descruzou os braços e fechou o punho, olhando para mim com ódio, pelo menos parecia ódio.

You Hate Me While I Love YouOnde histórias criam vida. Descubra agora