Capítulo 3

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  Vou o caminho inteiro em silêncio, meu pai até tenta puxar assunto, mas depois de algumas tentativas, percebe que não quero conversar no momento, mas sinto que uma hora, ele me obrigará a conversar com ele.

Só quero olhar essa bela vista de Nova York e me tranquilizar antes de encontrar com o resto da família feliz que me espera. Nem sei como eles todos não apareceram no aeroporto, mas que bom que isso não ocorreu. Imagina encontrar todos sem pelo menos me acalmar depois do impacto de ver meu pai depois de tanto tempo?!

O senhor William até que está parecendo estar bem. Ele continua o mesmo, cabelos morenos sempre cortados rentes a cabeça, olhos cor de mel, mas sem aquele brilho especial que me lembro de quando era criança. Ainda é alto, e estava com roupas da Tommy Hilfiger, como de costume.

Quando percebo, já estamos em frente a uma casa que parece ter três andares, com um jardim lindo na frente, cheio de rosas e tulipas. Maravilhoso.

Meu pai sai do carro e pega minha mala no porta malas. Saio meio apreensiva. Quando me viro para pegar minha mala de mão no banco de trás do carro, a porta da frente se abre e aquela mulher que vi deitada na cama que minha mãe costumava usar com o meu pai, sai, toda sorridente.

- Ai meu Deus! Finalmente vocês chegaram. Já estava quase te ligando amor... - Aquela mulher alta, magrela, loira tingida de olhos castanhos, chamou ele de "amor"? Na mesma hora endureço no lugar e fico vermelha de tanta raiva. Acho que meu pai percebe minha reação, pois logo começa a dizer que eu estou cansada da viagem e que preciso descansar para o passeio de amanhã.

- Espera! Que passeio, pai? - Pergunto. Não estou sabendo de passeio nenhum! - Olha, eu estou aqui, certo?! Mas não vou mudar a minha rotina. Posso até passear amanhã, mas não vou ficar saindo para fazer coisas com você e a sua linda família. - Digo em tom zombeteiro.

- O que quer dizer com isso, Melanie? - Responde ele, com os olhos arregalados de surpresa. Acho que ele não lembra dessa minha personalidade

- O que você escutou pai! E já vou avisando, eu não sou obrigada a aguentar gente mimada! - Falo querendo me referir a enteada dele.

- Tudo bem, tudo bem! Mas vamos tentar ficar sem brigar esse tempo, Mel. Estou longe de você a quase 2 anos, vamos ficar de bem, por favor?

- Está bom... - Cedi. - Vamos fazer o seguinte, amanhã, vou acordar cedo, correr por pelo menos uma hora pela rua, volto e a gente sai, tudo bem assim?

- Está ótimo, querida! Agora, vou te mostrar a casa. Bianca, minha enteada, saiu com umas amigas, mas ela irá voltar daqui a pouco, eu acho.

- Tudo bem. - Respondo meio sem ânimo. Que bom que ela não está em casa!

William passa seu braço por meus ombros e começa a me guiar para dentro da casa. Mas quando estamos quase chegando a porta da frente, meu pai para de repente.

- Ah, querida, esqueci de te apresentar! Essa é Irene, minha esposa. - Meu pai disse olhando para a mulher encostada no batente da porta de entrada.

- Sei muito bem quem ela é, pai! - Respondo, revirando os olhos.

Ele não responde. Apenas continua a me guiar para a casa. Passamos pela Irene e ela sorri para mim. Ah, mais que vontade de quebrar todos esses dentes! Tento retribuir o sorriso, mas sei que ele pareceu falso até mesmo para mim.

Entro na casa e ela é incrível. Tem um hall de entrada com uma mesa de centro e duas escadas, uma na direita e outra na esquerda do hall, que se juntam no segundo andar. Há uma passagem no meio delas que leva para duas salas, uma de estar e outra de televisão; e a cozinha onde tem uma porta de vidro que dá para parte de trás da casa, que não sei o que tem, mas pretendo descobrir mais tarde.

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