Simplesmente Acontece.

Capítulo 1

Primeiro dia das, sempre muito desejadas, férias de verão. As minhas aulas na faculdade acabaram ontem, graças à Deus. A partir de hoje não tenho que me preocupar com as benditas provas de cálculo III. Para quem não sabe, sou uma baixinha de vinte e dois anos que está tentando se formar em engenharia têxtil. Mas acho que venho tendo um grande problema com os cálculos. Tenho certeza que a professora dessa matéria não gosta muito de mim, mas o que posso fazer não é mesmo?! Não fiz nada para ela...

Enfim, hoje estou de férias e não quero nem pensar na faculdade. Tenho problemas maiores para enfrentar nos próximos dias. Amanhã estarei indo para Nova York visitar o meu pai e sua nova família.

Meus pais se separaram a quase três anos, não foi algo muito fácil de superar, principalmete considerando como o relacionamento deles terminou. Escolhi morar com a minha mãe em Orlando. A Dona Lucinda ainda é solteira e acho que nunca irá arrumar alguém, meu pai conseguiu traumatizá-la em todos os aspectos do amor. Não que eu estranhe alguma coisa já que imagino que descobrir que seu marido te traiu não seja algo realmente simples de esquecer. Mas mesmo assim, acho que ela ainda o ama. Entretanto, Senhor William já se casou de novo e está morando com a mulher com quem traiu minha mãe e a enteada, que é um ano mais nova que eu.

Algumas semanas atrás, meu pai me ligou para pedir para passar pelo menos metade das férias com ele e sua linda família feliz. E eu, depois de pensar muito, decidi aceitar. Mesmo que ele tenha sido um idiota comigo e com minha mãe, ainda é o meu pai. Preciso dele para me ajudar em algumas coisas, já que ele tem uma empresa de engenharia e prometeu me ajudar durante e depois da faculdade.

Depois de relembrar tudo o que meu pai conseguiu fazer de errado, acabei indo para cama para tentar dormir um pouco. Amanhã será um logo dia, preciso estar descansada para estar preparada.

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Acordo com minha mãe fazendo barulho com a escada. Olho para o relógio que esta na minha mesa de cabeceira e vejo que são quase sete e meia da manhã. Resmungo enquanto volto minha cabeça para o travesseiro.

Escuto mais um barulho da escada rangendo e um palavrão baixo de minha mãe. Provavelmente ela deve estar tentando pegar a mala que vou usar para viajar hoje de tarde. Levanto da cama e decido ver se estou certa sobre o que ela estava aprontando tão cedo.

- Mãe? - Quando olho para ela, vejo uma mulher que aparenta ter muito mais idade do que realmente tem. Seus cabelos castanhos vão até um pouco abaixo dos ombros e estão quase sem brilho. Os olhos também castanhos parecem mais cansados a cada dia. - O que a senhora está tentando fazer?

Dona Lucinda está vestida com um conjunto de moletom cinza, descalça e os cabelos presos em um coque alto. Como imaginei, ela está em pé no último degrau da escada de metal ao lado do armário do corredor onde guardamos as roupas de cama.

- Olá queria, te acordei? - Devo ter feito uma careta, pois quando ela me olha, logo se apressa a falar. - Desculpe querida! Devia ter pensado que iria fazer esse barulho todo.... Mas precisava pegar a mala que você vai usar, afinal, você ainda nem separou as roupas que irá levar e seu avião sai em menos de dez horas. Você sabe que precisa estar pelo menos três horas antes no aeroporto para não ter imprevistos.

Sempre que minha mãe fala sem parar, eu sei que tem alguma coisa errada.

- Mãe, não se preocupe com isso! Desça dessa escada antes que caia. - Fui até ela e estendi as mãoes para ajudá-la a descer os degraus da escada.

Logo que seus pés chegam ao chão, ela me abraça forte e sussurra em meu ouvido:

- Irei sentir sua falta filha. - A abraço mais forte.