Capítulo 22

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1 mês depois...

Orgulho as vezes é uma droga, assim como ciúmes, insegurança, inveja e outros sentimentos que só retornam de forma negativa para nós. Eu passei três semanas esperando o Ricardo aparecer, bater em minha porta e dizer que queria ficar comigo, eu o deixaria se explicar mas na verdade qualquer coisa que ele dissesse seria perfeito, eu o desculparia por tudo e só iria querer ficar com ele. Quando eu me separei de Peter, a sensação de perda foi diferente, foi como se eu me sentisse certa do que estaca fazendo e sabia que seria melhor assim, a dor causada por essa separação foi algo esperado, o sofrimento tinha nome e sobrenome. Mas agora, isso que eu estou sentindo é novo, eu não me sinto correta, não me sinto bem, só consigo imaginar como seria minha vida agora se eu tivesse feito diferente. Eu tentei procura-lo no final da terceira semana após analisar minha conta e perceber que havia uma enorme quantia de dinheiro lá, a exata quantia que eu paguei a ele e foi assim que eu percebi que ele havia me devolvido tudo, sua companhia passou a ser algo sem obrigação nenhuma e isso me deixou ainda pior, tentei ligar mas aparentemente ele mudou de número, eu tentei ir em sua casa, mas ele se mudara de lá também. Ele criou uma nova vida e provavelmente seguia bem sem mim.
— Amiga sou novamente, você passou seus quinze dias de férias trancada em casa....está se alimentando? Você sumiu....me retorne porfavor
Era a vigésima mensagem eletrônica que a Carol deixava, Flávia e Bianca tentavam ligar também, mandar mensagem, tocar aqui em casa, mas minha vida passou a ser casa - trabalho, trabalho - casa e agora que eu tirei férias, só tem sido casa - casa , casa - casa.

2 meses depois...

— Duas tortinhas de espinafre, uma de carne, três de frango e duas de queijo — disse ao atendente do outro lado do telefone — Isso cartão de crédito....certo, obrigada.
— Esqueceu a minha de calabresa — protestou Carol
— Você não gosta de calabresa... — disse revirando os olhos
— Mas essa imagem me deixou com vontade — disse ela apontando para o panfleto, apenas suspirei e me joguei no sofá. Minha vida continuava uma droga, mas agora eu havia aceitado o fato.
— Quanto tempo? — perguntou Carol
— Uma hora e meia....
— Por oito tortinhas?! Eu já terei morrido de fome!! — reclamou ela
— Passei um mês sem comer direito e to viva... — disse ligando a tv e passando pelos canais sem dar importância.
— Sim e emagreceu, parabéns! Voltou a entrar nas roupas da Bianca, agora não precisa me fazer passar fome junto. — disse ela cruzando os braços.
Nisso ouvimos batidas na porta e o som de alguém girando a maçaneta.
— Mandei mensagem pra Bi e ela contou que vocês estavam aqui.... — disse Flávia eufórica entrando com duas sacolas enormes do Rikki's Lanches
— Me diz que ai tem comida! — pulou Carol, a loira riu e a entregou uma das sacolas.
— Vocês não acreditam! Gregório me pediu em namoro! — disse ela se jogando ao meu lado.
Há um mês e meio ela conheceu esse cara em um pub, eles conversaram, se entenderam, começaram a sair algumas vezes, depois a frequência aumentou e era uma questão de tempo para o pedido ser feito.
— Ai que tuuuuudo! — disse Carol pulando para abraçar a amiga com a boca cheia.
— Que bom Flá! — disse tentando parecer animada quando na verdade eu estava ainda derrotada, as duas começaram a conversar sobre os detalhes do pedido e eu estava presente só de corpo, as vezes balançava uma cabeça aqui, abria um sorriso ali, mas nada de mais. Lá pelas 22 horas Bianca chegou e novamente a festa começou, detalhes rolando pela segunda vez, abraços, festejos, e eu na mesma...

1 semana depois...

— Certo Carol! Já disse que vou! — disse colocando um vestido florido na minha frente e analisando a imagem no espelho, mas logo torci o nariz e reprovei. — Eu sei que é importante para a Flávia que estejamos todas lá para conhecer seu namorado.... eu vou ok? — disse irritada, então desliguei o telefone e fui tomar um banho, depois coloquei uma calça jeans básica, um salto tipo anabela, uma blusa amarela e deixei o cabelo solto, pouca maquiagem e peguei minha bolsa pronta para sair.
Olhei o relógio do celular e percebi estar uma hora adiantada, era um sábado fim de tarde, o vento estava gostoso e o sol ainda estava se pondo, resolvi passar em uma cafeteria para enrolar até dar a hora, entrei e pedi um café grande e me sentei nas banquetas do balcão mesmo para desfrutar daquela bebida deliciosa.
— Por favor, um pedaço de torta de frango e uma xícara pequena de café. — uma voz grossa e familiar soou ao meu lado, nesse mesmo instante virei a cabeça me deparando com a silhueta que eu tanto lembrava, ele sorria agradecendo a moça e assim que virou nossos olhos se cruzaram e foi como se tudo a nossa volta não existisse mais, ele me lançou um sorriso doce e eu retribui com o mais verdadeiro de todos os sorrisos que eu dei ao longo desses 2 meses.
— Oi — disse tímida
— Olá Emily, quanto tempo — disse ele, apesar de ter soado um pouco formal de mais, sua voz me acalmava.
— Como você está? — perguntei torcendo para que isso se tornasse um assunto longo e duradouro.
— Bem e você? — perguntou ele me analisando
— Bem também
— Tem certeza? — ele ergueu uma das sobrancelhas me fazendo suspirar.
— Não... Ricardo eu...eu tentei te procurar, de todos os meios possíveis mas foi inútil...você simplesmente sumiu. — Eu disse derrotada
— Eu...mudei algumas coisas em minha vida — disse ele, então tirou o celular do bolso analisando as horas, olhou ao seu redor e perguntou — Quer se sentar para conversar? Está com tempo? — Perguntou ele, olhei rapidamente o horário, eu sabia que estava sem tempo mas e agora? Eu aceitaria sua proposta de me reaproximar ou iria para meu almoço e talvez perdesse a única oportunidade que eu tinha?

Meu Namorado de Aluguel (Concluída)Onde histórias criam vida. Descubra agora