Capítulo quatorze

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Maldição... como é possível algo desse tipo existir? O que essa maldição causou? O que ela irá causar? Por que o pai da princesa, o rei, não autorizou o compromisso? Por que Storn a matou? Por que ele faria isso se era o amor da vida dele? Eram tantas perguntas e nenhuma resposta, que eu não aguentei ficar no quarto. Parecia que tudo naquele Palácio, me sufocava, me oprimia. Sai do quarto e olhei para o corredor. Não tinha ninguém. Talvez os guardas que estavam ali foram dar uma volta ou está na hora da troca de turno. Já estava anoitecendo.

Aproveitei que não tinha ninguém no corredor e me dirigi a passos largos para o jardim. Eu precisava de ar puro. Eu precisava sentir o vento em meu cabelo. Eu precisa voltar ao passado nem que fosse por dois minutos e observar o céu como eu fazia antigamente. Antes de tudo. Parece que já faz uma eternidade, mas se passaram somente alguns dias.
Chegando no jardim, começo a corre e sinto o vento em minha pele e os meus cabelos voarem livremente. Eu precisava disso. Precisava me sentir livre. Corro sem direção e quando percebo, estou perdida.
Olho para trás e não vejo mais o palácio. Parece que estou na floresta. Sem saber o que fazer e tendo somente a companhia dos últimos raios de sol do entardecer, ando entre as árvores e quando me sinto cansada, me sento no tronco de uma árvore que estava derrubada no chão.
Não sei por quanto tempo eu fico sentada ali. Me levanto e tento lembra o caminho por onde eu vim, mas parece que eu me perdi ainda mais.
-você vai acabar indo para outra cidade nessa direção. Diz alguém atrás de mim. Paro imediatamente. Essa voz me é familiar. Me viro lentamente.
- que susto! Você quer me matar do coração? Digo com a mão no peito.
- não. Prefiro você viva. Diz Yan se aproximando. Meu coração dá um pulo. Foco Arabella.
- o que você faz aqui? Pergunto quando ele esta mais próximo.
-vim te salvar. Como sempre. Sabia que voce não me deixa descansar nem um pouco? Sempre tenho que ficar de olho em você.
-como você descobriu que eu estava aqui? Pergunto. Estou começando a ficar com medo.
-Sempre saberei onde você se encontra, mais para não assusta-la, seu pai está a sua procura.
-E como você sabe disso?
-sabia que você é muito curiosa? Chega de ladainha, vamos logo. Diz ele se virando e começando a andar.
Apresso os passos e consigo seguir o seu ritmo. Ele andava rápido, mas nada que eu não consiga acompanhá-lo.
-sabe, meu pai... está me...
-eu sei.
Olho para ele assustada.
-como você sabe tantas coisas sobre mim?
-Informação confidencial. Diz ele como se isso não fosse nada.
-então você já deve saber o que meu pai me contou?
- E o que ele te contou? Pergunta e ele para de andar se virando para mim.
-Oh! "Informação confidencial". Digo fazendo aspas e retrucando com a mesma resposta que ele me deu.
-você é muito engraçadinha. Vamos, conte me logo. Diz ele com cara de poucos amigos.
-Não. Digo começando a andar.
-não me faça arrancar essa informação de você. Diz me puxando pelo braço.
Opa! Estamos próximos demais.
Dou um sorriso e digo:
-então arranque a informação de mim.
Talvez eu deveria ter dito outra coisa ou repensado o que ia dizer. Mas o fato de estar tão próximo a ele, me fez querer tocá-lo.
Ele me puxou contra seu peito e me prensou contra uma árvore tão rápido que pareceu que tudo foi imaginação minha, se não fosse a respiração dele em meu ouvido eu diria que tive uma ilusão.
-agora você vai me dizer o que ele disse? Diga Arabella, o que seu pai lhe contou? Diz Yan sussurrando em meu ouvido. Meu coração estava a mil por segundos. Acho que vou morrer.
-Yan...eu....é... Engulo em seco. Não estou aguentando, ele está perto demais. Nao sinto minhas pernas. Socorro.
-você o que? Fala Yan perto de meus lábios.
Porcaria, o que está acontecendo comigo?
-Você... É... A gente... Deixa. Porque eu estou gaguejando?Ahgr!
-então voce vai me contar?
-Vo...vou.
- estou ouvindo. Diz e se afasta. Meu coraçao estava disparado. Porque eu fico assim perto dele?
-ham... É..meu pai me contou sobre...
-sobre... Me interrompe.
- A maldição. Na hora que eu falo isso, seu rosto fica inexpressivo.
-Você não vai falar nada? Pergunto depois de um tempo.
- o que você acha sobre essa maldição? Me pergunta.
-não sei... Eu realmente não sei o que pensar... Foi por isso que eu saí do castelo... Eu não aguentava mais. São tantas perguntas e nenhuma resposta. Meus pensamentos não param. E se eu estou incluída nessa maldição? O que será de mim? Eu terei o mesmo fim que a antiga princesa?
Digo e logo após sinto as mãos de Yan em meu rosto secando minhas lágrimas. Não tinha percebido que estava chorando.
-não diga uma coisa dessas. Eu não vou permitir que algo assim aconteça com você. Não vou. Diz e me abraça.
O abraço de volta e penso em meu pai. Ele nunca deixaria algo ruim acontecer comigo, assim como Yan. Mas será mesmo que ele é confiável?
-Yan... Posso te fazer umas perguntas?
Ele suspira e responde:
-pode.
-por que você foi naquela festa na cidade? Naquele dia que teve o confronto? Pergunto ainda abraçada a ele. É tão bom ficar assim com ele.
-fui te ver. Sussurra. Se a floresta não estivesse em pleno o silêncio, não conseguiria escutá-lo.
-me vê? Porque? Arregalo os olhos sutilmente.
-queria te vê pessoalmente. Ele abaixa a cabeça e coloca as mãos nos bolsos da calça. Não tinha percebido no que ele estava vestindo. Ele estava usando roupas totalmente pretas.
-Ham?
-se lembra do sonho que você teve comigo?
-impossível esquecer... Digo e vejo um sorriso em seu rosto.
- ...mas como você sabe que eu sonhei com você? Pergunto.

"Será que eu falo dormindo?"

-você sonhou comigo e isso faz com que tenhamos uma ligação. Responde.
-Hum. Você sabia que ia acontecer o confronto?
- você sabia que tem um dom pra arrancar as informações dos outros sem que percebam? Se eu não fosse experiente, teria já te falado um monte de coisas. Ele fala como se isso fosse divertido.
-Eu sei...Mas então, vai me contar? Eu não sei por que mais tenho certeza que você me esconde algo.
-está bem. Você teria que saber mais cedo ou mais tarde mesmo. Mas não vou te falar agora, deixa para mais tarde. Agora vamos andando. Esta ficando tarde. Diz ele, colocando o braço por cima de meus ombros.
Depois de um tempo...
-Vai ficar calado? Não irá me contar? Pergunto já irritada.
-Eu disse que ia contar, mas não disse quando. Diz com um sorriso debochado na cara.
Tem horas que ele me irrita. Argh!
Começo a andar mais rápido.
-Ei! Espera! Diz correndo atrás de mim. Não dou ouvidos. Corro também.
-Eii! O que foi? Diz, me pegando pelo ombro me fazendo parar.
-o que foi? O que foi? Você ainda ousa perguntar? Eu só pedi para que você me explique o que está acontecendo e você faz o que? Fica brincando com a minha cara? Será que você não percebeu que talvez eu possa estar envolvida nessa porcaria de maldição? Hein? E você fica de gracinhas aí, enquanto eu tenho que ficar aturando você? Eu estou cansada...Estou cansada de tudo isso e ainda por cima meu pai me faz praticamente uma prisioneira em minha própria casa! Chega! Digo, gritando.
Yan abre a boca para dizer algo mas é interrompido quando escutamos gritos de pessoas.... Parece que gritam o meu nome... São os guardas do palácio!
-Yan... Você tem que sair daqui agora. Digo, me virando e ficando de costa para ele.
-Tudo bem, nos vemos mais tarde.
E assim ele vai embora.

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