Capítulo 7

5.6K 738 50
                                    


Eu não sei parar de te olhar
Não sei parar de te olhar
Não vou parar de te olhar
Eu não me canso de olhar
Não vou parar de te olhar

Ana Carolina - É isso aí.


Gabriel

Deixei minha cabeça cair no travesseiro e fechei os olhos com vários flashes do passado bombardeando minha mente. Era ela sim, não tinha como esquecer aquela boca. Sua voz melodiosa mesmo dizendo poucas palavras me afetou muito, e seu cheiro... Ela ainda usava o mesmo perfume de lírios refrescante que misturado ao seu aroma natural era uma combinação única, marcante. Inesquecível. Fecho os olhos e posso ouvir o som de sua voz. Natália. Ela estava com a cor dos cabelos diferente, antes ruivos agora estavam quase loiros. Apesar dos anos ela ainda provocava um acelerar inexplicável em meu coração.

Como pode depois de tanto tempo ainda me afetar dessa maneira? Sete anos. Sete anos procurando esquecer. Não deveria me sentir assim, não depois de tanto tempo. Se eu não tivesse com a perna machucada com certeza teria saído correndo a sua procura. Deixei um suspiro resignado sair.

- Gabriel? Está sentindo dor? - a voz do Guilherme me trouxe de volta ao presente.

- Sim. - Meu coração dói. Dói como há muito tempo não sentia. Uma ferida reaberta que nem sabia que não tinha cicatrizado.

- Me deixa ver seu prontuário. Pela quantidade de medicação não deveria ter dor alguma.

Retiro meu braço dos olhos e vejo meu primo verificando o maldito prontuário, seu semblante era de alguém muito preocupado.

- Estou bem Gui, não se preocupe tanto. Vai ficar um velho enrugado cedo demais, se ficar franzindo essa testa branca desse jeito.

- Sua medicação está ok. O que me leva a crer que sua careta não era de dor. Ou então está tendo resistência aos analgésicos que andam sendo administrados.

Minha dor não era física, era euforia por não poder correr atrás dela e confrontá-la. Perguntar por que ela resolveu aparecer agora depois de tanto tempo.

- Eu a vi, Gui. - disse fechando os olhos. - ela esteve bem aqui neste quarto.

- Ela quem? - ele senta na poltrona ao lado da cama. - Estava sonhando, Biel?

- Não, ela estava bem aqui Gui, em carne e osso. Confesso que com mais carne do que me lembrava. - fecho os olhos novamente. - Aline.

- Aline? Aquela Aline? - ele diz o nome dela em um sussurro.

- Sim, pela ironia do destino, ela é enfermeira desse hospital.

- Espera. - ele levanta e pega a prancheta, averiguando. - Nenhuma enfermeira chamada Aline assinou seu prontuário, apenas a fisioterapeuta Natalia.

- É ela, então ela não é enfermeira. - uma euforia toma conta de mim. - ela vai ser minha fisioterapeuta?

- Sim, Natalia Arguello. Ela trabalhava na clínica que foi integrada ao centro de fisioterapia. Está aqui no hospital há um ano. - olho para ele atentamente. - Ela fez estágio no centro atlético e ficou efetiva. Formada há dois anos. É uma das melhores...

- Como sabe tanto?

- Ela vai cuidar de você, eu precisava saber se era boa. Além do mais, sou ortopedista, trabalhamos em conjunto.

INTENSO E INESQUECÍVEL DegustaçãoOnde histórias criam vida. Descubra agora