Capítulo 11

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Natalia

Não digo nada, sigo até a cadeira onde ele está sentado e estendo a mão.

- Deixa eu te ajudar. – Ele pega minha mão e um choque conhecido percorre por todo meu corpo. Gabriel fica de pé diante de mim apoiando-se apenas em uma perna, e nunca me pareceu tão intimidador. Ele cresceu? Está muito mais alto que eu. Quando namoramos ele era alguns bons centímetros mais alto, mas agora, ele parece um gigante assim tão perto. Levanto meus olhos até seu rosto e ficamos parados nos olhando. Nossa respiração está irregular, apesar da força que fazemos para controlar. Seus olhos estão mudando de cor, tornando-se azul escuro, intensos. Ele entreabre os lábios e eu faço o mesmo. Os meus ansiando pelo contato dos seus na expectativa do que vai vir.

- Gabe, eu... – a Daniela entra na sala interrompendo a nossa conexão. – me atrasei para o café, por que não me chamou?

Me afasto um pouco e ele senta na maca sem tirar os olhos dos meus.

- Sei que você estava cansada de ontem, e gosta de dormir até mais tarde. – ela vem até ele e beija seu rosto.

Seguro meu instinto de jogar essa mulher pela janela. Ela passou a noite aqui?

- Bom dia Natalia, espero não está atrapalhando. – ela me dá um beijo no rosto e senta na cadeira de rodas.

- Eu só preciso de um pouco de concentração do Gabriel, se ele conseguir focar na bateria de exercício, por mim tudo bem.

- Bom, acho melhor você ir, Dani. – ele ri. – ficar quieta não é bem a sua especialidade. - ele segura meu pulso me fazendo olhar para seu rosto, e diz baixo: - E vai por mim, não é a Dani que vai me desconcentrar. - seus olhos descem para meus lábios.

- Há, há. Pois vou ficar bem aqui. – ela cruza os braços e encosta na cadeira cruzando as pernas longas.

Ele deita na maca com um riso sacana no rosto. Eu evito durante todo tempo olhar para seu rosto. A Daniela fica realmente calada mexendo no celular.

- Vamos fazer uma pausa. – digo pegando em seu braço para ajudá-lo a levantar.

Ficar com as mãos sobre ele o tempo todo não era tarefa fácil, em alguns momentos eu sentia meu rosto queimar em ter que segurar sua perna musculosa para ajudar em alguns exercícios. Em outros eu até parava de respirar quando tinha que me debruçar sobre ele para movimentar seus ombros. E quando meus olhos paravam em sua boca eu simplesmente salivava de vontade de beijá-lo. Era torturante.

- Ainda bem, só de olhar para a cara de dor do Gabe eu já estou sofrendo. – Daniela diz.

- Menos Dani, menos.

- Eu vou até o banheiro. – Digo já me dirigindo a porta.

Vejo a Daniela levantar e praticamente deitar em cima do Gabriel para falar em seu ouvido. Entro no banheiro batendo a porta um pouco forte demais.


Gabriel

- Já sei quem vai ser a culpada pelo rompimento do nosso falso noivado. – Daniela fala em meu ouvido.

- Daniela, não inventa. Eu aceitei te ajudar, mas não precisa ir tão longe, basta dizer que não era o que queríamos e pronto.

Daniela havia me pedido ajuda alguns dias antes do acidente. Ela está na disputa para ser apresentadora de um programa em uma grande emissora, e ela achou que um noivado comigo ia ajudá-la. O que foi verdade. Ela já recebeu a confirmação não oficial que a "noiva do Gabriel, piloto da F1" estava contratada. Quando aceitei esse acordo não imaginava o tamanho da confusão em que me meteria. Minha mãe surtou legal ontem no hospital assim que a Daniela foi embora. 

INTENSO E INESQUECÍVEL DegustaçãoOnde histórias criam vida. Descubra agora