Capítulo 5

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Já era noite quando Isabel chegou em casa, carregando várias sacolas com bebida. No caminho, veio tomando algumas das latinhas de cerveja que comprara e agora estava mais cambaleante do que quando saíra.

Ouviu Pipoca latindo insistentemente e, só então, notou que havia alguém sentado nos degraus que levavam à sua varanda. Sentindo o coração acelerar, pela primeira vez,desejou ter um vizinho por perto.

— Isabel?

Reconheceu a voz dele imediatamente e praguejou, preferindo que fosse um estranho.

— O que está fazendo aqui? — perguntou, irritada com a incapacidade daquela família de deixá-la em paz. — Primeiro sua mãe e agora você.

— Minha mãe esteve aqui? — perguntou, surpreso, levantando-se e saindo das sombras, aproximando-se dela.

Isabel prendeu a respiração. Lucas não tinha mudado quase nada e pelo visto a sua reação a ele também não.

— Sim — respondeu, recompondo-se. — Ela veio aqui e me contou do seu acidente. — Quase perguntou como o ex-marido estava, mas freou a língua a tempo. Não cometeria o mesmo erro duas vezes. — Pediu para eu voltar com ela para que você não descobrisse que tínhamos nos separado. Não sei porque Elisa estava tão preocupada, você descobriu a verdade e está aí, muito bem — falou, sarcástica. — Não era preciso todo aquele alarde.

Passou por ele e abriu a porta. Pipoca saiu, ligeiro, e correu até Lucas, latindo, alegre. Traidor! Onde estava a animosidade do outro dia? Aquele cachorro precisava ter mais empatia com a sua dona.

— Entre, Pipoca! — chamou, impaciente.

— Não sabia que você gostava de cachorros! — comentou, afagando a cabeça do vira-lata, que abanava o rabo, feliz.

Revirou os olhos. Por que era tão surpreendente que tivesse um animal de estimação?

Entrou e Lucas a seguiu, com Pipoca nos calcanhares.

— Não lhe convidei para entrar — falou, indo para a cozinha e colocando as sacolas em cima da mesa. Pegou um copo em cima da pia e o encheu de vodca, bebendo o seu conteúdo em grandes goles.

— Também não sabia que você bebia — observou, a voz recriminadora.

Ela o ignorou e sentou-se em uma das velhas cadeiras que já estavam ali quando se mudou.   Lucas também foi para a cozinha, mas não se acomodou, preferindo ficar de pé, recostado em um das paredes do pequeno cômodo.

— O que você quer? — perguntou, a voz pastosa. Diga logo e vá embora.

— O que aconteceu com você? — perguntou, parecendo preocupado.

Isabel cerrou os dentes. Odiava aquele tom de comiseração, era o mesmo que todos, incluindo sua irmã, usavam quando falavam com ela. Não precisava da piedade de ninguém! Tudo o que queria era ficar sozinha, mas, aparentemente, isso era algo muito difícil de se conseguir. Conhecia Lucas, sabia que ele não a deixaria em paz enquanto não tivesse o que viera buscar, então falaria com ele e o despacharia rápido dali.

— Por que vocês não conseguem ser objetivos? — reclamou. —  Sua mãe também ficou aí, enrolando, antes de me pedir coisas impossíveis. Também veio aqui fazer algum pedido absurdo? — Só faltava ele também lhe pedir para voltar!

Respirando fundo, Lucas falou:

—  Vim para você me contar o que aconteceu. Minha mãe, depois de muita insistência, falou que nós tínhamos nos separado, mas não disse o porquê. Ela fica repetindo a desculpa ridícula de que tínhamos diferenças irreconciliáveis e por isso resolvemos nos divorciar, mas não acredito nisso e quero que me conte a verdade.

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