Capítulo 61

3K 432 153
                                    

— Não! — Isabel conseguiu recobrar a razão e interrompeu o beijo, antes que a carícia levasse a algo mais. — Nós não podemos fazer isso.

E saiu correndo sem permitir que Lucas dissesse algo. Quando chegou perto do salão, parou um instante, tentando respirar com calma e procurou por um rosto amigo.
Amanda estava perto do palco, trocando olhares e sorrisos com o guitarrista da banda e Isabel foi até ela, não só para se esconder de Lucas, mas também para evitar ela mudasse de companheiro de quarto.

A amiga a arrastou para a pista de dança e ela se deixou envolver pelo ritmo contagiante, tentando tirar o calor das mãos do ex-marido do seu corpo, mas era uma tarefa difícil.
Mesmo sentindo os olhos dele queimando a sua pele, conseguiu aproveitar a festa e não demorou muito para que seu corpo brilhasse de suor, o salto alto fosse abandonado e o penteado estivesse completamente desfeito.

Quando Miranda anunciou que iria jogar o buquê, Amanda a puxou para o meio das poucas solteiras com a desculpa de que elas precisavam de volume e, quando o pequeno ramalhete de flores do campo caiu certeiramente em suas mãos — que sequer estavam erguidas — duvidou que a noiva estivesse tão embriagada quanto aparentava.

Corando até a raiz dos cabelos, percebeu Guilherme caçoando de Lucas e não conseguiu desvendar a expressão do ex-marido. Ele não estava embaraçado como ela, seus olhos tinham um brilho diferente, parecia determinação. Balançou a cabeça, devia estar imaginando coisas.

Miranda lhe puxou para uma foto e ela sorriu, mesmo querendo esganá-la e Amanda se meteu entre as duas, lhe dando um beijo estalado no rosto e provando a Isabel que estava na hora de suspender a tequila da amiga.

Após as fotos, Isabel escapuliu para a cozinha com a desculpa que precisava verificar se estava tudo pronto para o jantar ser servido e depois voltou para a pista de dança, onde ficou até a festa acabar.

Quando o último convidado deixou o salão, e os membros da banda guardavam os instrumentos, Isabel deu por falta do guitarrista e correu até a porta de Amanda, só para ouvir uma série de gemidos inconfundíveis.

Droga! Agora não tinha onde dormir e como já tinha deixado a sua mala no quarto da amiga, também estava sem uma única peça de roupa! Suspirando profundamente e resistindo ao impulso de dormir ao relento, se arrastou para o quarto, resolvendo dar um crédito à sua maturidade e ao seu autocontrole.

Abriu a porta, rezando para que Lucas estivesse dormindo e relaxou os ombros ao ver que o quarto estava vazio. Sem perder tempo, correu para o banheiro e entrou no chuveiro, louca para se livrar do vestido que já estava pegajoso. A água estava uma delícia, mas ela não se demorou, já queria estar dormindo quando ele voltasse. Se voltasse... Ele podia estar tão desconfortável com aquela situação quanto ela. O beijo no pergolado tinha sido só um ato falho, afinal ele tinha lhe deixado em paz durante toda a festa. Talvez estivesse fazendo tempestade em copo d'água.

Torcendo o nariz, vestiu as mesmas roupas e saiu do banheiro, sonhando com a maciez do colchão. Estava puxando as cobertas, quando a porta rangeu ao ser aberta. O seu corpo ficou rijo e, desobedecendo os comandos desesperados do cérebro, o seu pescoço voltou-se e Isabel o viu entrar com o buque de Miranda e as sandálias que ela tinha esquecido no salão.

Os olhos encontraram os dele e ela soube que o beijo não tinha sido um ato falho.

— Eu estava por aí, tentando esfriar a cabeça.

Engoliu em seco. Não precisava perguntar se ele teve sucesso.

Droga! Lucas precisava ajudar! Ela não podia ter autocontrole pelos dois. As circunstâncias já estavam contra eles. Ceder agora seria jogar fora tudo o que eles tinham construído. Tinha que pensar na filha, o bem de Helena era a sua prioridade, a única coisa que lhe importava. Não podia sacrificar a felicidade da sua pequena por uma satisfação momentânea, por mais que o seu corpo quisesse. Precisava ser racional.

Uma Segunda Chance Onde histórias criam vida. Descubra agora