Capítulo 11

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Carolina irrompeu na sala de espera do hospital como um furacão, sendo seguida pelo marido, Fernando, um sujeito bem mais contido que a esposa. Ela era uma cópia exata da irmã: os mesmos cabelos negros, os olhos castanhos, a boca pequena e o gênio voluntarioso.

- Como está a minha irmã? – ela perguntou, aflita.

- Eles ainda não me disseram nada. - Lucas tinha ligado para Carolina assim que chegara ao hospital, avisando-a do que acontecera.

Ela foi atrás da equipe médica e voltou pouco tempo depois ainda sem novidades.

- O que você estava fazendo com ela? – ela perguntou acusadora, pressentindo que de alguma maneira o incidente era culpa do ex-cunhado. Na verdade, tudo era culpa dele, pensou.

- Eu fui vê-la hoje à noite – ele respondeu, laconicamente. Não queria falar do acidente, nem da perda de memória. Não era isso que importava.

- Por quê? – insistiu, disposta a não deixar o assunto morrer. – Você some durante dois anos e do nada resolve aparecer para tomar um café. O que aconteceu?

- Carol, querida, este não é o local para vocês discutirem esse tipo de coisa – o marido dela tentou intervir.

- Não, Fernando – Ela lançou um olhar gélido para o marido. – Responda, Lucas, por que você foi ver a minha irmã?

Respirando fundo, ele falou de uma vez, para acabar logo com o interrogatório da ex-cunhada.

- Há quase três meses, sofri um acidente de carro e perdi parte da minha memória, cinco anos para ser mais exato. Quando acordei no hospital, achei que sua irmã e eu ainda estávamos casados e por isso a procurei hoje, queria saber porque nos separamos.

- Uau, não era isso que eu esperava – ela falou chocada.

- Vocês são os parentes de Isabel Matias? -  uma enfermeira apareceu, interrompendo a discussão deles. – O médico quer falar com vocês.

A conversa com o médico foi tranquila. Apesar do susto, Isabel tinha machucado o braço esquerdo e tido algumas escoriações. Ele faria mais alguns exames e, se tudo estivesse bem, ela teria alta amanhã.

- Com um pouco de sorte, Isabel estará curando a ressaca dela em casa, amanhã, com vocês -  o médico brincou antes de sair.

- Ressaca?! – Carolina repetiu, chocada. - Por favor, não me diga que ela voltou a beber? – ela perguntou a Lucas, mesmo sabendo que ele não tinha a resposta.

- No pouco tempo em que a vi, ela quase secou uma garrafa de vodka e olhe que ela já estava bem bêbada antes disso.

- Oh, Nando, e agora?! – ela falou, abraçando o marido. – Eu tinha falado com ela hoje cedo e tudo parecia tão normal, ela me disse que estava indo bem no trabalho, que ia a uma festa de aniversário de um colega no próximo fim de semana, mas agora sei que era tudo mentira! Ela só estava querendo que eu não me preocupasse.

Lucas via Carolina se desesperar nos braços de Fernando e sua mente repassava, em looping, a cena de Isabel correndo de encontro ao carro. Ela não correu, tentando desviar do impacto, como seu instinto de autopreservação deveria ter feito, ela foi em direção veículo como se quisesse que ele batesse nela, como se quisesse...

- Carolina, tem algo que você precisa saber sobre o acidente. – Ele viu os músculos da cunhada se enrijecerem e podia jurar que o que diria não seria uma surpresa. – O acidente não foi culpa do motorista. Isabel estava vagando sozinha no meio da estrada e, do nada, ela correu para cima do carro. Na verdade, se não aconteceu nada de grave foi porque ele conseguiu reduzir. Eu não sei Carolina, mas quanto mais eu penso, mas parece que Isabel queria... – ele não conseguiu terminar a frase. Ainda era inacreditável demais.

- Oh, Deus, de novo não! – Carolina falou, começando a chorar e agarrando-se ainda mais ao marido.

Como assim de novo não ?!, ele queria perguntar, mas Fernando o olhou, acenando que aquele não era um bom momento e ele os deixou a sós.

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