Capítulo 33

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Isabel saiu do táxi e tocou a campainha diversas vezes, até que Elisa abriu o portão e se surpreendeu ao ver a ex-nora ali, na sua casa.

— O que houve? — perguntou, preocupada. O rosto de Isabel estava marcado pela aflição e Elisa, imediatamente, pensou que tinha acontecido algo com o filho e seu coração se apertou.

—Ele lembrou — Isabel sussurrou.

Rápida, Elisa pegou o braço da ex-nora e a puxou para dentro. Precisava falar com Lucas agora! Tinha que saber como ele estava, pensou, temendo as consequências daquela descoberta.

— Preciso pagar o táxi — Isabel, falou, só agora se dando conta que estava sem sua bolsa. Tinha saído do apartamento de Lucas tão atordoada com a visão daqueles sapatinhos que não pensara em nada, apenas entrou no primeiro táxi que viu e deu o endereço de Elisa. Se o ex-marido tinha se lembrado de tudo, ela saberia o que fazer.

— Entre, eu cuido disso.

Isabel seguiu pelo jardim bem cuidado, entrou e jogou-se no sofá. Estava esgotada. Aquele episódio tinha acabado com ela. Podia estar melhorando, mas ainda não estava pronta para se deparar como nada relacionado ao filho. Ver aqueles sapatinhos tinha trazido toda a dor de volta, e de uma forma tão avassaladora, que ela não sabia como ainda estava de pé.

Precisava de uma bebida para lidar com aquilo tudo. Não ia conseguir passar por aquilo sóbria, resolveu. Tentando não pensar que aquilo arruinaria todo o seu progresso, foi até a cozinha, ver se Elisa tinha algo que pudesse acalmá-la.

Encontrou uma garrafa de vinho —  não era sua bebida preferida, mas ia ter que servir — e vasculhou as gavetas atrás do saca-rolhas.

— O que você está fazendo? — Elisa perguntou, vendo Isabel com a garrafa nas mãos. Era uma pergunta retórica, pois ela sabia muito bem o que a ex-nora pretendia e não ia deixá-la fazer isso. Lucas tinha comentado sobre o progresso que ela estava fazendo no tratamento, por isso não permitiria que ela jogasse seus esforços fora. — Pode me dar essa garrafa!

— Eu preciso... — Isabel tentou argumentar.

— Não, não precisa! — Elisa a cortou. — Venha, vou ligar para Lucas e depois faço um chá para nós duas. — Não era só Isabel que precisava de uma bebida quente. A angústia de não saber como o filho estava a consumia.

Isabel seguiu Elisa contrafeita e jogou-se no sofá outra vez. Enquanto a ex-sogra ligava para Lucas, ela observou o ambiente, que estava bem diferente. Da última vez que esteve ali, lembrava que as paredes não eram pintadas em um tom de marfim. Também não havia aquele aparador, com um ar vintage, posicionada perto da porta e decorado com um vaso de cristal com rosas brancas recém-cortadas. A mesinha de centro, toda espelhada e com algumas revistas e objetos de decoração em seu topo, também era novidade. À sua frente, havia um painel, com uma televisão e alguns porta-retratos. Nas paredes, havia alguns quadros abstratos dos quais Isabel não se recordava. Deviam ser novidade, pois Elisa gostava muito de arte e decoração e vivia experimentando novas combinações. Provavelmente, tinha sido ela quem decorou o apartamento do filho.

Enquanto Isabel olhava o ambiente, curiosa, Elisa ligava para Lucas. O telefone chamou quatro vezes e, a cada tentativa, o coração dela se apertava, aflito.

— Mãe, seja o que for, não posso falar agora - ele atendeu, impaciente. — Preciso encontrar Isabel, ela...

— Ela está aqui - interrompeu-o. — Como você está? Isabel me disse que você recuperou a memória — falou. Embora ainda estivesse temerosa, o filho parecia estar bem. Talvez ele não tivesse se lembrado de tudo, pensou.

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