Capítulo 16

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Eu estava escolhendo a roupa que usaria daqui a pouco para sair com a Ker, quando escuto o celular reverberar sobre a escrivaninha. Fui até o móvel e ao pegar o aparelho celular vi que a ligação era da Kerline. Sorri e atendi prontamente sua chamada com certa empolgação.

- Oi, Ker!

Poucos segundos depois dessa saudação, o meu sorriso e a minha empolgação se desfizeram como um castelo de cartas. Kerline estava ligando para cancelar nossa saída ao cinema. Segundo ela, sua mãe que é médica foi chamada as pressas para cobrir o plantão de uma colega e Ker teria que ficar em casa tomando conta do irmão menor.

Devo reconhecer que fiquei um tanto decepcionada com o fato de a gente não mais sair e ela percebeu isso. Pediu-me desculpas por ter que cancelar nossa ida ao cinema e perguntou se podíamos deixar para o fim de semana. Eu concordei, já que não havia nada a se fazer mesmo.

Paciência!

Nos despedimos e a ligação foi encerrada.

Guardei de volta no armário as cruzetas com as roupas que havia tirado e depositado sobre a cama para escolher qual usaria para sair. Não ia mais sair mesmo. Depois desci para encontrar na sala minha mãe toda arrumada para ir a galeria. Hoje seria a grande noite da exposição.

- Nossa, a senhora está linda, mãe!

Minha mãe sempre se arrumava muito bem quando havia esses eventos na galeria, mas particularmente aquela noite, ela estava diferente. Um vestido azul Royal em seda, que eu nuca tinha visto antes. Os cabelos presos de um lado, brincos compridos de strass, um bracelete delicado e um scarpin que, assim como o vestido, julgo também ser novo. Parecia visivelmente muito mais produzida do que eu me lembro que tenha visto-a nas outras vezes em que teve que prestigiar as exposições na galeria.

- Ah, obrigada, querida. - seu sorriso era largo e bonito.

- Lindona desse jeito, ela vai arranjar um namorado em dois tempos nessa exposição, não acha?

Eu olhei para Juliette imediatamente.

- Que namorado o quê? Não diz besteira, Juliette. Minha mãe não vai arranjar namorado algum, tá louca.

Deus me livre disso!

A ideia da minha mãe com alguém não era agradável. Além do mais, eu tinha certeza que ela ainda amava meu pai apesar de fazer anos da morte dele. Ela não colocaria outro no lugar do meu pai. Jamais!

- Não precisa falar desse modo com a Ju, filha.

Notei que o sorriso que antes a minha mãe tinha, sumiu. E ela falava comigo com certo desconforto. Entretanto não dei muita importância, pois estava mais irritada com aquela besteira que a Juliette havia dito.

- Mas é que ela fica dizendo esses absurdos.

- Absurdo por quê? Sua mãe não pode arranjar um namorado?

- Claro que não, Juliette!

Fui rápida e bem firme na minha resposta. A minha mãe com um namorado, nunca! Eu não ia deixar e nem aceitar um homem circulando aqui em casa, tentando bancar o meu pai.

Vi que assim que disse isso, minha mãe trocou um olhar estranho com a Juliette. Já ia questioná-las quanto a isso, mas o som de uma buzina me impediu disso.

- O táxi já chegou pra me buscar. Vou indo, meninas. E divirtam-se em seus programas.

Ela se despediu de mim e de Juliette, dando um abraço em cada uma de nós. E notei que havia certa tristeza em seu olhar quando foi embora.

A Hóspede Insuportável Que Roubou Meu Coração! [Versão Sariette]Onde histórias criam vida. Descubra agora