11° Capítulo

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Citação: Os nossos inimigos? Eles nunca morrem. Eles apenas saem de cena e esperam a hora certa de nos atacar novamente!
-  Anônimo

Gabriela

15 dias que eu sai de casa. Eu podia fazer drama e dizer que estou sofrendo horrores sem o Menor do meu lado. Entretanto, não sei se vocês se lembram, mas eu já fui embora uma vez, e sei que por mais difícil que seja, eu não vou morrer.

Em todos esses anos em que estávamos casados, mas que ele permanecia ausente, eu aprendi a viver sem a sua presença. Acaba que hoje, nem faz tanta diferença.

Se eu ainda o amo? Com toda certeza e teimosia do mundo. Um amor quando é verdadeiro, ele não acaba.

Nesses últimos dias a falta relutante que ele faz em determinadas horas do dia, não tem sido o problema. Sei muito bem resolver isso ficando com os meus filhos.

O problema ultimamente tem sido esse aperto no peito que venho sentindo. Um aviso? Talvez. Mas, aviso de que?

As vezes, quando ando na rua, tenho a sensação de estar sendo observada. Ai vocês podem pensar, "mas em uma cidade como o Rio de Janeiro, é normal que as pessoas olhem umas para as outras".  Só que eu sinto que estou sendo observada de maneira específica e direta. É como se a pessoas do outro lado estivesse querendo saber cada passo que eu daria.

Paranóia minha? Pode até ser. Mas contando a quantidade de inimigos que o Menor tem, eu não posso ficar de bobera.
Eu deveria contar a ele? Sim. Eu vou contar? Não. Está na hora dele aprender que o meu mundo não gira em torno dele. Eu posso resolver as coisas sozinhas.

Com tantos pensamentos a ponto de fundir o meu cérebro, resolvo sair para dar uma espairecida.

Tomo um banho relaxante. Visto um biquíni preto, uma saída de praia, meus chinelos capodarte e passo protetor solar. Pego uma bolsa e coloco uma canga, minha carteira com dinheiro e documentos e o meu celular dentro dela. Por fim pego meu óculos escuro e saio do hotel onde estou hospedada.

Exatamente 10 passos e sinto os grãos de areia em meus chinelos. Me abaixo para pegá-los e guardo em minha bolsa. Caminho um tempo pela praia vendo muitas crianças brincando, casais se pegando, grupos de amigos e claro que não posso deixar de reparar nos rapazes lindos do fut-vôlei.

Paro em uma parte menos congestionada. Tiro minha canga da bolsa e a estico na areia. Retiro minha saída de praia e peço ao casal que está sentado ao lado para que fiquem do olho nas minhas coisas eles assentem e eu caminho até o mar.

Ele está calmo. Reflete o brilho do sol e fica ainda mais azul. Hoje não está agitado e isso justifica o fato de várias crianças estarem brincando dentro dele.

Conforme eu entro, sinto a água, pouco gelada, confrontando com a minha pele e uma sensação de paz me invade quando eu mergulho. Como eu amo esse lugar!

Fico cerca de 10 minutos dentro d'agua e volto até onde minhas coisas estavam. Me sentei e fiquei encarando aquela imensidão azul a minha frente e lembrando das inúmeras vezes que fiz isso acompanhada do homem que eu um dia jurei ser o homem da minha vida.

De novo aquela sensação de estar sendo observada aparece e eu me pego olhando em volta e para minha surpresa, desta vez, eu não estava enganada.

Marcela me observava de longe. Estava em um quiosque tomando água de coco. Quando meus olhos recairam sobre os dela, ela acenou e sorriu sinicamente para mim.

Algo me dizia que ela não estava ali por acaso. E então, como em um passe de mágica eu lembrei de algo que a muito tempo não me atormentava mais a noite.

Tudo Aconteceu Na Rocinha - Vol.IIOnde histórias criam vida. Descubra agora