Quem fala o que quer, ouve o que não quer.

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TIETA

Segunda-feira, por que devemos acordar na segunda? Queria dormir o dia todo, mas meu pai quer que eu vá com ele até a empresa em que ele trabalha, me diz ele que na indústria da música, sócio do senhor Luis, alias vamos ter que passar na casa da Marlli o que me alegra mais. Visto-me de forma básica blusa rosa claro e calça Jens azul, nada comparado ao modo como me vestia antes, eu era dessas meninas que sempre gostava de estar bem vestida, mas com a doença da minha mãe não sobrava tanta grana e também desanimei com a vida e fui ficando apática. Chegando à casa de Marlli ela está linda como sempre e me recebe muito bem como de costume, está toda animada que seu filho chegou de viajem. Estamos conversando nos três quando entra Manuela com Bonny e Clayde correndo pela sala, aparentemente correndo de alguém e logo atrás surge ele correndo em direção a Manuela e abraça forte. Olho aquela cena abismada e Marlli fala:

-Juan e Manuela cumprimentem as vizitas.

- E desde de quando o Otavio é visita, ele é da família.

Ele fala isso sem notar minha presença apenas quando Manuela toca no meu nome é que ele se da conta de quem eu sou.

         - Tieta você por aqui, vai conhecer Medellín mais um pouco?

         - Vo vou!- Gaguejo ao falar, pois Juan está me olhando com aquela cara de debochado.

         - Então essa é a sua mais nova filha Otavio!

         - Sim, Juan essa é minha menina. Tieta este é Juan Luis filho de Marilli e Luis.- Juan me oferece a mão para um aperto e eu educadamente retribuo com um sorriso sem graça.

         - Prazer em te conhecer!

         - O que isso Mamacita, o prazer é todo meu. - Diz ele com tom de deboche e nos dois fingimos que nunca nos falamos na vida.

Meu pai vai até outro cômodo com Juan conversar e em seguida nos vamos para essa tal empresa. Ficamos lá pouco tempo só para meu pai assinar alguns papeis e saímos nas ruas de Medellín. Meu pai quer saber sobre minha vida conto o básico a ele, conto como foi a infância e sobre o meu melhor amigo que esta no Brasil, o Leo, ele é meu amigo desde jardim de infância. Eu e ele passamos por poucas e boas até por que Leo é gay e eu o ajudo com os meninos, todo mundo merece um amigo como ele. Falo para meu pai que sinto saudades dele e do Brasil, mas que quero tentar uma nova vida em Medellín, principalmente para me livrar dos problemas que tenho no Brasil, problemas esses que nunca revelaria ao meu pai.

MALUMA

Terça-feira e eu em casa, mas eu precisava descansar essas duas semanas até por que próximo mês estava lotado de shows. Carlos convida o Kevin, o Chan e eu para irmos até sua casa discutir sobre a musica nova que estamos trabalhando juntos. Quando chegamos à casa dele estava ela, Tieta, no sofá com o que parecia ser o pijama mas velho que já havia visto. Logo de cara quando nos vê sobe para seu quarto. Kevin diz:

-Acho que sua irmã não gosta de visitas, Carlitos.

-Ela ta sempre trancada naquele quarto.

Reunirmos na frente da televisão, meia hora discutimos sobre a musica e resto do tempo foi jogando vídeo game e falando sobre nossas aventuras com as mulheres. Carlos decide pegar uma pizza, uma não, duas por que ele ia convidar a irmã para comer conosco, mas duas pizzas era demais seriamos apenas em 5 pessoas duas davam, mas o panaca do Carlos falou que a irmã dele come demais, queria saber como um ser tão pequeno podia comer nas proporções que ele alega. Chegaram às pizzas e Carlos grita da ponta de escada para a irmã dele, que enfim desse com uma cara de sono e de óculos.

         - Hermanita deixe-me apresentar, este é Kevin e Chan. O Juan você já conhece.

         - Olá rapazes! Olá Juan!- Minha nossa que "olá" mais seco para mim, impossível ainda ter raiva de mim, ninguém ficava com raiva de mim por muito tempo.Mas relevei, talvez ela tivesse um pouco afetada com a minha presença e não sabia demonstrar nada além de raiva. Ok depois do sexto pedaço de pizza constatei que Carlos estava certo ela comia muito, onde ia parar toda aquela comida?

         - Então Tieta você é do Rio?- Pergunta Kevin

         - Não, eu sou de São Paulo.

         - Você já escutou alguma musica aqui da Colômbia?

         - Ainda não, nem tive tempo de sair.

         - O que você acha do cantor Maluma?- dispara Chan

         - Nunca escutei. - COMO ASSIM ELA NUNCA ESCUTOU UMA MÚSICA MINHA?

         Instantaneamente os três caem na risada deixando, Tieta perdida no assunto, em seguida Kevin passa a ela o celular com fones de ouvido.

         - Escute essa musica, vê se você gosta. - ela coloca os fones e analisa a musica, que por sinal é uma musica minha e é Sin contrato. Ela olha para nos e diz

         - Essa voz não me é estranha, conheço de algum lugar.

         - Ele canta com a Anitta, conhece?

         - É claro que a conheço. A sim! É aquele que canta Sim ou Não. Nossa voz dele é ótima. - Bom isso é minha chance de deixa-la envergonhada.

         - Gracias bebe! Canto pra você hora que quiser. - Ela me olha com uma cara de surpresa e em seguida fica vermelha de vergonha. Sinto vontade de rir, até que enfim tirei aquele olhar raivoso dela.

         - Vo você é o Maluma?

         - Yes Baby o próprio.

O modo como ela me disse isso de uma forma tão inocente era claro que não tinha se dado de conta que eu era o mesmo que cantava com a Anitta, e isso me deixou com certa raiva. Todas sabiam quem eu era até mesmo as crianças e encontrar uma mulher que não sabia quem eu era e o pior nem sabia do meu trabalho, tinha me afetado, mas com certeza eu não ia me abaixar para ela.

-E você do que se ocupa?- Pergunto curioso, uma moça que vem de outro país dizendo ser irmã do meu melhor amigo era intrigante, aposto que não faz nada nem estudava, não gostava de pessoas sem ocupações, sem sonhos e pelo jeito dessa menina ela não tinha nenhum dos dois.

         - Eu sou formada em Letras, pela faculdade de São Paulo, tenho licenciatura, sou professora. - Ok ela não é nenhuma desocupada, mas se ela tinha a minha idade, quanto ano entrou na faculdade? Acho que pela minha cara de desconfiança ela me diz:

         - Entrei na faculdade aos 18 anos eliminei meu ensino médio por um programa do governo brasileiro, minha mãe era rígida com meus estudos. - E lá estava de novo a moça raivosa que me enxotou da cama dela, essa menina não tinha noção o quanto me irritava. Aproveitando a deixa disparo:

         - Você ensina português para outras pessoas, então?

         - Sim- diz ela revirando os olhos como se fosse obvio que ela ensinava português- e de espanhol também me especializei em idiomas. - aquele tom não me agradou nada então solto uma frase que ela me odiaria ainda mais e o Carlos que me perdoe mas gostei de ver ela envergonhada.

         - É bom com a língua então- no mesmo momento ela vira o olhar com raiva para mim e pisca dando um sorriso, caralho que sorriso lindo, e fala:

         - Você coloca boca em um microfone para cantar, microfones parecem pênis, sua profissão não soa meio homoerótico?

No mesmo momento os três patetas começam a rir descontroladamente, ela tinha me chamado de gay na cara de pau. Olho para ela com certo ódio e digo:

-Eu não sou gay.- ela sorri e diz ao levantar.

-Quem fala o que quer ouve o que não quer. - e sai em direção as escadas, e os três idiotas ficam rindo da minha cara e eu fico com raiva, nenhuma mulher tinha me tratado assim antes


Ensinando a AmarOnde histórias criam vida. Descubra agora