Capítulo 8: Mirian

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AH, QUE BONITO, O CAOS!


Eu adoro uma bagunça, não negarei, mas ver pessoas desesperadas correndo de um lado a outro, enquanto somos metralhados e bombardeados... bem, essa não é a melhor ideia de bagunça e diversão.

Estava eu bem bela lá no refeitório quando umas pessoas desesperadas vieram correndo avisando que a ilha estava cercada. Isso não é possível, eu pensei. Até ver os caças rodeando e atirando. Assim que o escudo de energia se desfez e uma bomba explodiu parte da ala hospitalar, eu comecei a correr.

E é lá que encontro Rita, sob alguns escombros.

— Mirian? — murmura.

— Graças a Deus você tá consciente — suspiro, conferindo a prateleira que caiu sobre ela. Agradeço pelo fato de ela estar num local menos atingido pelo foguete, contudo, mais da metade da ala foi destruída, e põe o resto do prédio em risco. — Você consegue se mexer?

— Consigo.

— Ótimo, quando eu conseguir erguer esse bagulho, você sai, ok?

Ela assente e, com a maior força que consigo, faço a estante de metal se erguer o suficiente para a médica se arrastar. Solto a armação e a ajudo a se pôr de pé. Seguro seu rosto, trêmula. Rita está assustada, mas não parece temer o que está acontecendo. Apesar de não aparentar, é mais forte do que todos nós aqui. São suas dores e medos que a tornam uma mulher guerreira, um pouco diferente de mim, que me escondo atrás de minhas piadinhas e risinhos frouxos.

— Obrigada — diz ela, abraçando-me de súbito.

Aperto-a contra meu peito e a afasto o suficiente para selar nossos lábios em um beijo rápido.

— Agora precisamos sair daqui.

— Só um minuto, sim? — inspira com força. Nem tão parecido com o Wolverine, Rita tem cura acelerada. Infelizmente, não é tão rápida quanto ela consegue impor aos outros, mas é o suficiente para diminuir as dores e cicatrizar algum machucado ou infecção, por exemplo. — Estou melhor, vamos!

Consinto e, lado a lado, corremos pelo que sobrou dos corredores da ala hospitalar. Tiros ecoam pelo ambiente, como uma canção de morte, enquanto feridos emergem dos destroços. Outros LGBTs aparecem, ajudando a socorrê-los, e Rita não se demora a curar os mais necessitados. Eu também sei que ela não terá poder suficiente para ajudar a todos, bem como para manter a própria energia vital.

— Mirian — a voz de Lya ecoa pelo meu comunicador de orelha, que, basicamente, nunca tiro. — Você está viva?

— Vivinha da silva — respondo. — Onde você tá?

Ouço um chiado, barulho de explosão e uns gritos ao fundo.

— No pátio frontal, protegendo o Centro de Comando, mas não terei força para muito tempo.

— Vou ver o que posso fazer. Estou indo. — Volto-me para Rita: — Eu preciso ajudar lá fora.

— Mas você não tem como se proteger, seu poder...

— Eu sei, é apenas psíquico, mas acho que sei como ajudar. — Rita faz uma careta, infeliz com minhas palavras. — E você precisa sair daqui logo — seguro seus ombros para fazê-la entender que estou falando sério, e para tornar minha súplica bem explícita —, esse lugar não vai durar muito tempo.

A médica balança a cabeça em afirmação e me dá um selinho, voltando a ajudar os feridos. Peço para um rapaz alto e largo ajudar como pode. Ele assente e eu corro.

Futuro Conquistado #2 (Ficção LGBT)Onde histórias criam vida. Descubra agora