XII

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NA.: Olá, pessoas! Preparados para esse capítulo? Espero que gostem!

PS.: Para quem está em dúvida do porquê de eu usar "mum" ao invés de "mom", é que os ingleses usam "mum" e como a fic é de uma série britânica, quis deixar mais fiel.

Rosie's POV Julho, 2014

Uma semana se passara e eu ainda me perguntava o que meu tio quis dizer com aquilo. Não fazia o menor sentido para mim. Também queria saber por que ele havia reagido daquele jeito ao meu momento com Irene. Ele aceitava meu namoro com um garoto, mas com uma garota não. De todas as pessoas no mundo, ele era a última que eu achava que seria homofóbica.

Como se isso não bastasse, ainda tinha minha "amiga" que não parava de me mandar mensagens.

"Rosie pq vc tá tão fechada?"

"Rosie eu vou estar lá p vc n importa oq aconteça"

"Eu vou sair semana que vem"

"A gnt precisa conversar"

"Eu gosto de vc também"

Não respondi nenhuma delas, é claro. Estavam acontecendo coisas demais comigo naquele tempo para fazer algo. A única coisa que fazia era fingir estar doente para faltar aula. Meu pai, apesar de ser médico, acreditou. Meu tio sabia que era mentira, mas ele também sabia o que fizera na semana anterior. Acho que por isso não falou nada.

Falando nele, não conversávamos desde o "incidente". Doía-me olhar para ele todos os dias e saber que a pessoa que eu mais amava no mundo não me aceitava pelo que eu era. Meu papai aceitava, mas não falei a ele. Desde a semana anterior eu sentia vergonha por gostar de outra garota. Sentia que era mais um dos milhares de defeitos com os quais nasci.

Meus dias de fingir que estava doente eram preenchidos com meus queridos DVDs. Assistia a Meu Primeiro Amor e tentava saber se era possível gostar da Irene como Vada gostava do Thomas J. Entendia que era possível, mas também compreendia que era errado.

Estava assistindo ao filme pela milésima vez quando o papai entrou no meu quarto.

— Rosie, você está melhor? — perguntou.

— Não totalmente, pai. Mas por que a pergunta?

— Porque eu e seu tio sairemos para resolver um caso em Dartmoor. Voltaremos amanhã, provavelmente. Seu tio disse que já tem quase certeza do que aconteceu.

— Ah. Tudo bem. Vou ficar bem — falei para mim mesma.

— Ligue para mim se qualquer coisa acontecer. A Sra. Hudson vai ficar tomando conta sua, mas mesmo assim me ligue. Não importa se for de 3 da manhã. Só faça isso, okay?

— Tá bom, pai. Você é preocupado demais, sabia?

— Você é minha princesinha linda, Rosie. É claro que me preocupo! — disse antes de dar um beijinho na minha testa.

E então ele se despediu e eu continuei a assistir meu filme. A Sra. Hudson rapidamente chegou e fez chá com biscoitos para mim como ela sempre fazia.

Fomos assistir a algum seriado bobo que estava passando na tevê e ela adormeceu roncando. Não há nada que me irritava mais do que roncos, então subi para meu quarto. Lá voltei a pensar no que meu tio queria dizer com aquilo. Eu precisava saber!

Então o fiz. Tentei abrir a porta do quarto do meu tio, mas a mesma se encontrava trancada. Peguei o grampo do meu cabelo e depois de uns minutos de luta consegui abri-la. Eu tinha plena consciência de que ele notaria meu feito, mas não me importava mais. Revirei sua cômoda e não achei nada lá além de roupas. Olhei para o frigobar e pensei em abri-lo, mas lembrei do que ele provavelmente teria posto lá e então mudei de ideia. O quarto aparentava estar cheio de apenas experiências científicas. Pensei que não havia nada que me pudesse dar uma ideia de algo que ele tinha feito que estivesse relacionada à sua misteriosa fala. Estava enganada.

Lembrei de uma das minhas séries de tevê favoritas, Gilmore Girls. No seriado, Lane, a melhor amiga da protagonista, tinha uma mãe extremamente religiosa que não a deixava escutar as músicas que gostava, então Lane teve a ideia de esconder todos os seus CDs de rock embaixo de seu piso de madeira. O piso do meu tio era desse tipo e eu sabia que ele era engenhoso e guardava um segredo obscuro. Sim, era um tiro no escuro, mas era o melhor que podia tentar.

E o tiro no escuro se provou preciso quando puxei algumas das madeiras e vi que ele guardava coisas embaixo. Algumas eram fotografias da minha mãe, meu pai e umas separadas de uma mulher estranha. Não fazia a menor ideia de quem era, mas mesmo assim resolvi ignorar. Ela não era o que eu estava procurando. Mas a próxima coisa que encontrei era. Achei um conjunto de K7s de vídeo antigas. Nelas estava escrito "Sherrinford". Não fazia ideia de quem ou o quê era Sherrinford, mas parecia promissor.

Sabia que a Sra. Hudson possuía um aparelho de fitas, pois já havia ido à sua casa. E o fiz de novo. Ela esquecera a porta aberta e eu me aproveitei de tal fato. Abri as K7 e coloquei-as no aparelho.

A imagem do vídeo não era da melhor qualidade. Realmente parecia antiga. Eram as filmagens da câmera de segurança de um lugar. De um hospício. De Sherrinford.

Primeiro não entendi porque diabos meu tio tinha as filmagens de um hospício. Comecei a imaginar que era algo de um de seus inúmeros casos, mas me despedi de tal ideia quando vi minha mãe pela câmera. Ela estava lá tão bela, mas também aflita. Chorava preocupada no ombro de meu pai e ele a protegia. Fiquei pensando por que um amor lindo daqueles não durou. E então descobri.

Vi claramente as imagens. Vi meu pai desacordado por causa de um tranquilizante. Vi minha mãe morta e meu tio com as roupas sujas de sangue. Sangue da minha mãe.

Retirei a fita do aparelho e comecei a chorar desesperada, de forma que jamais havia chorado toda minha vida. Gritava e gritava em prantos. Era cruel demais. Ninguém merecia ver a pessoa que te deu vida morrendo. Especialmente pelas mãos de alguém que você amava.

Antes que a Sra. Hudson visse, fugi até a casa da Irene. Bati na porta e vi que seus pais não estavam lá. Ela me abraçou e perguntou por que chorava. Não respondi, apenas a beijei.

Ela ficou surpresa, mas também um pouco feliz. Ofereceu-me água para me acalmar e aceitei. Pouco tempo depois eu falei para ela o que aconteceu e vi seus olhos se encherem de lágrimas.

— Rene, não adianta chorar. Nada disso irá resolver — falei.

— Eu sei, mas mesmo assim é triste.

— Ei, Rene. Você ainda vai para aquela escola?

— Sim, Rosie. Infelizmente. Mas por que a pergunta?

— Porque eu tive uma ideia.

Expliquei a minha ideia que foi recebida com um ar de preocupação, mas de felicidade por parte dela. Entramos no site e imprimi os papéis necessários. Naquele momento não chorava mais, apenas sentia raiva.

Voltei para casa e inventei uma mentira qualquer para a Sra. Hudson. Falei que já estava bem e que queria ficar sozinha. Mesmo estando um tanto desconfiada, ela concordou.

Subi ao quarto do meu tio e peguei todas as partes do piso que havia retirado e as coloquei no chão da sala para dar efeito dramático. Também joguei as fotografias e as fitas e as espalhei.

Fui ao meu quarto e arrumei minha mala. Pus só as roupas que precisaria, pois sabia que o resto seria enviado depois. Desci com a mala feita e me sentei no sofá como se nada tivesse acontecido.

Alguns minutos depois comecei a ouvir passos da escola. Eram os do meu tio. Senti meu coração doer novamente e inutilmente tentei segurar as lágrimas. Mesmo assim não ia desistir do meu plano.

Ele abriu a porta e se assustou quando olhou para o chão. Dava para sentir de longe o desespero dele quando finalmente entendeu o que havia acontecido. Com ainda lágrimas no meu rosto, me aproximei e entreguei-lhe os papeis com uma caneta. Ele olhou diretamente em meus olhos como se pedisse para que eu não fizesse aquilo, mas não recuei. Finalmente os papeis foram assinados enquanto nós ainda olhávamos um no olho do outro com enorme pesar. Virei de costas e saí com minha mala de rodinhas. Já estava na porta quando olhei para ele e disse:

— Você matou minha mãe.

Então desci as escadas e tomei um táxi até o aeroporto. Em 3 anos, aquela foi a última vez que vi Sherlock Holmes.

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E com este capítulo encerro o arco da Rosie antes de fugir. Acharam bom? Choraram? Digam-me o que acharam e não se esqueçam de votar!

Lie To MeOnde histórias criam vida. Descubra agora