XV

105 15 48
                                    

NA.: Olá, pessoas! Penúltimo capítulo, galera. Meu core doeu escrevendo isso. Tem Johnlock e momentos bonitinhos entre Rosie e Sherlock. Espero que gostem e não se esqueçam de votar!

— Eu não queria me matar, tio. Só queria não ter uma morte tão dolorosa. Queria poder ainda ter consciência quando me fosse. Deve ter voado na hora, mas eu escrevi uma cartinha dizendo que te perdoava, titio, e que amava você, papai, mais do que tudo nesse mundo. Mas aí eu sobrevivi e percebi que não estava pronta para perdoá-lo. Deu para entender, tio?

Ele ficou boquiaberto. Sem falar nada, pegou seu cachecol e seu sobretudo, depois se retirou.

Meu pai, por sua vez, engoliu o choro e me abraçou. Desesperada pelo que havia acabado de dizer, chorei em seu ombro como fazia quando era pequena. Ele me dizia que estava tudo bem para me confortar, mas realmente não estava. Meu pai tentava ser forte por mim, mas eu via que ele estava devastado. Eu era a única pessoa da família que ele ainda tinha.

Depois de longos minutos, parei de chorar e me desprendi do abraço. Ele me deu um copo d'água e depois tentou conversar sobre o assunto.

— Olha, filha. Eu sei que você estava mal e que vai doer quando... você sabe, mas o que você tentou fazer não era certo! — falou ele.

— Mas, pai, eu não quero morrer sofrendo e perdendo o juízo. Eu só queria morrer com dignidade. No momento, minha morte é a única coisa que posso controlar. Deixe-me morrer em paz, por favor.

— Meu amor, quando chegar a hora eu estarei ao seu lado e seu tio também. Você terá os melhores cuidados paliativos e a dor vai ser mínima. Mas eu não vou te deixar ir antes da hora. Não vou!

— Tá bom, pai — menti.

Ele me abraçou novamente e eu fingi concordar com o que ele disse. Papai sempre teve uma visão conservadora sobre eutanásia e suicídio assistido. Eu também tinha, mas agora eu entendia porque aquele tipo de visão era errado. Eu só queria poder controlar algo. E a única coisa que podia fazer era aquilo.

Descobri que tinha Huntington no dia que tentei me matar. Fiz o teste utilizando uma identidade falsa, porque se usasse a verdadeira, meu pai iria saber. Eu sabia que já o tinha magoado o bastante e não queria piorar tudo. Também não tinha coragem de voltar e ver meu tio novamente, apesar de amar os dois. Mas desde o dia em que meu tio gritou comigo por causa da minha sexualidade, nossa relação se afastou. Depois liguei os pontos e percebi que ele gostava do meu pai, desde a adolescência, talvez, mas nunca falou para ele. Acho que por isso que ele não quis que "eu cometesse os mesmos erros". Ele só estava querendo o meu melhor.

Depois que meu pai parou de falar sobre aquilo, perguntou-me sobre Irene. Falei que tentara ligar para ela, mas as ligações nunca eram atendidas. Não podia culpa-la. Ela não merecia aquilo.

— Rosie, só uma pergunta: Por que você nunca falou que era bissexual?

— Não dava para me assumir.

— Como assim não dava? Você sabe muito bem que não sou preconceituoso!

— Como você quer que eu seja honesta sobre minha sexualidade quando nem você nem o tio são?

Ele ficou sem palavras. Parecia triste, o que me doía, mas era verdade. Sempre me perguntavam se os dois eram um casal, e eu respondia que não, mas sempre ficava confusa. Eu via em cada olhar que os dois se amavam, em cada palavra, mas nunca diziam. Eu cresci vendo duas pessoas que se amavam, mas não admitiam, porque as pessoas não aceitariam o tipo de amor deles. Cresci vendo dois homens se amando e sofrendo por isso. Como eles esperavam que eu admitisse que amava outra garota desse jeito?

Falei para ele que não estava me sentindo muito bem e subi para meu quarto. Tranquei a porta e me deitei na cama. Chorando, é claro. Depois de alguns minutos, ouvi batidas na porta. Abri, e vi meu tio lá com uma expressão séria.

— Presumo que tenha conversado com seu pai sobre aquilo — disse ele.

— Sim.

— Presumo também que ele tenha dito que era errado.

— Sim...

Ele se sentou na cama ao meu lado, olhou nos meus olhos e falou:

— Mini-Watson, você já enfrentou muitas coisas. Cresceu com dois malucos te criando; teve um obsessivo atrás de você por séculos, que parece ter voltado; teve de ver sua escola sendo destruída e um homem sendo morto; teve um tio preconceituoso e o mais importante: Teve de crescer sem uma mãe. O que eu quero dizer é... É que eu não vou deixar que você sofra nos seus últimos momentos. Quando a hora chegar, pegarei as pílulas.

— Mas o papai vai te odiar para sempre se você fizer!

— Eu arriscaria isso por você.

Chorei novamente e ele me abraçou, preocupado. Eu não podia acreditar no que ele ia fazer por mim! Ele ia me matar, e aquilo era a melhor coisa que alguém poderia fazer por mim.

Deitou-se na cama ao meu lado e depois disse:

— Sabe do que eu estava me lembrando, Mini-Watson? De quando você e Irene chegaram em casa e Carl Powers estava querendo namorar você. Aquela sua outra amiga até tinha inventado um nome para o casal, né? Qual era o nome dela, mesmo?

— Luisa. Rosarl era o nome do shipp.

— Tenho saudades daquela época — falou rindo. — Você era tão pequena e frágil! Também tão inteligente. Lembro os ataques de pânico que você tinha. Meu coração partia quando você ficava daquele jeito.

— Eu lembro.

— Rosie, me desculpa por você ter crescido sem uma mãe. Mary era a pessoa mais meiga que existia no mundo, e você deveria tê-la conhecido.

— Tá tudo bem. Eu cresci sem uma mãe, mas tinha um tio. Nem todo mundo tem essa sorte.

Ele sorriu e beijou a minha bochecha. Eu estava exausta, então devo ter adormecido. Quando acordei, estava com um cobertor em mim. Desci para tomar café da manhã e todo mundo estava agindo como se nada tivesse acontecido. Eles não devem ter contado para a Sra. Hudson, porque ela parecia bem calma.

Continuamos o dia normalmente. Meu tio fazendo deduções sobre os clientes, meu pai anotando as coisas em seu caderninho... Todos pareciam calmos, mas dava para ver em seus rostos que não estavam bem.

À noite, falei para eles que ia caminhar um pouco e saí de casa. Tentei ligar para Carl, mas ele não atendia. Tentei ligar para Irene, mas era a mesma coisa. Comecei a ficar preocupada, então caminhei mais tentando ligar para eles. Não havia percebido, mas estava indo para uma área pouco movimentada. Já estava indo para casa, mas aí recebi uma mensagem:

"Olá, Rosa Imunda."

Sabia quem era. Só Jim Moriarty me chamava daquele jeito. Um surto de adrenalina percorreu meu corpo e respondi:

"O que você quer, Moriarty?"

"Jogar um jogo."

"Quer jogar um jogo comigo, Moriarty? Venha e me encontre."

"Parece que eu já encontrei."

Fiquei assustada e cerca de um segundo depois, amarraram uma faixa em minha boca e cobriram meus olhos. Puseram-me dentro de algum carro e gritaram para avisar Moriarty. É a única coisa que me lembro antes de ser sedada.

XXXXXXXX

O que acharam? Espero que tenham gostado! Sim, este foi o penúltimo capítulo, mas escreverei um epílogo. Estou de férias agora, então tenho tempo de sobra. Escreverei o próximo capítulo amanhã e o epílogo também. Tchau e não se esqueçam de votar!

Lie To MeOnde histórias criam vida. Descubra agora