Ainda são cinco e quarenta e cinco da tarde. Como estou com tempo, peço para o taxista parar um pouco antes do Bar Mockingjay. Assim, posso apreciar melhor o visual do Píer enquanto o dia declina.
Pago o valor da corrida e, quando saio do veículo, agradeço mentalmente ao amigo do Finnick por me fazer chegar aqui tão cedo e, assim, ter a oportunidade de assistir ao espetáculo que é o pôr do sol visto da praia de Santa Mônica.
O fim de tarde está movimentado no Píer e ver tanta agitação me faz sorrir. Caminho devagar sem me preocupar com o fato de que, possivelmente, o loiro chamado Peter pode já estar em algum lugar por aqui.
Chego ao local combinado com alguns minutos de antecedência. Quando entro, solto um suspiro. Como meu pai descreveu, o lugar tem o charme litorâneo, sem perder o ar de casa noturna.
A iluminação é pouca. Há apenas luz indireta, letreiros luminosos piscando de modo intermitente e alguns holofotes ao redor de um globo espelhado na pista de dança. Em frente, um palco com instrumentos variados espera uma banda. Se não foi feita nenhuma modificação recente no ambiente, era ali que o meu pai tocava e cantava.
Nas caixas de som, tocam aleatoriamente músicas compostas para colocar os hormônios de mulheres incautas em ebulição. Corro os olhos pelas pessoas presentes e, como é de se esperar, não vejo Annie ou Finnick.
Decido ir ao bar pegar uma bebida para manter minhas mãos ocupadas enquanto espero. Isso vai evitar que pareça entediada antes mesmo de encontrar o rapaz.
Quando já estou com o meu Cosmopolitan nas mãos, vejo um loiro de porte atlético saindo da área externa da boate. Ombros largos, alto, queixo quadrado. Ele veste um casaco jeans escuro que marca seus braços fortes. E uma calça marrom que marca... Humm... Uma parte bem formosa de sua anatomia traseira.
Seu rosto me é familiar e traz uma onda de conforto que normalmente não sinto à primeira vista, porém, se eu tivesse conhecido alguém com traços tão perfeitos recentemente, com certeza, ficaria registrado em minha memória.
Ele se senta no balcão diante do bar, num daqueles bancos altos, e olha para seu relógio.
Ai, ai! Com esse aí, o encontro pode ser às cegas, de olhos vendados até... Eu não me importaria.
Mas é lógico que ele não precisa de artifícios como marcar encontros às escuras para sair com alguém.
Mesmo desconfiando de que não é ele quem eu vim encontrar, eu me permito uma tímida troca de olhares. E recebo olhares de volta, acompanhados de um sorriso acanhado!
Fico hipnotizada e não noto um loiro desengonçado que esbarra em mim ao levantar o braço desajeitadamente para chamar o barman, derrubando meu Cosmopolitan.
E lá se vai o drinque que Prim bancou pra mim com as economias dela!
Graças ao meu bom reflexo, dou um pulo para trás e sinto apenas as gotículas salpicando meus pés. Por muito pouco, o líquido vermelho não derrama em meu vestido.
Fito o loiro lindo mais uma vez e percebo que agora ele ri discretamente. O problema é que ele está rindo de mim, e não para mim.
Quando percebe minha expressão zangada, ele sufoca a risada, desviando o olhar para girar o gelo que está mergulhado na bebida em seu copo.
— Oh, mil desculpas! — O loiro aguado à minha frente segura minha taça praticamente vazia. — Você já pagou pelo Cosmopolitan?
— Ia fazer isso agora.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Blind date
FanfictionO que Katniss pode esperar de um encontro às cegas organizado por seus amigos Annie e Finnick? Finnick é o único que conhece o misterioso rapaz e, mesmo que Katniss dê poucas pistas de que realmente está buscando algum envolvimento amoroso, ele imag...