A Escrava de Lorde Balem (terminada)

4. Lorde Balem

Mirca retornou apenas para me entregar para uma estranha comitiva que segundo ela iria desembarcar-me e levar-me à presença de Lorde Balem no seu grande hall na refinaria. Espantada, olhei para os homens de roupas justas vermelho escuras, de corpos e rostos totalmente cobertos, parecendo uma escolta de estranhos policiais, e com pavor vi de dentre deles surgir o ser reptiloide que já conhecera antes, acompanhado agora ainda de um segundo, que, embora muito parecido, era passível de discernir-se do anterior por alguns detalhes. Vendo-nos aproximarem-se demais, instintivamente dei um passo para trás e segurei o braço de Mirca. Por tanto tempo eu quisera sair daquele quarto e agora já não tinha mais certeza se era realmente o melhor. Compreendendo meu medo, Mirca sorriu para mim, e pousou uma mão sobre o meu braço, falando-me suavemente:

- Não tenha medo, senhora. É seguro ir com eles. Não lhes farão mal algum.

- Quem me garante isso?

- Quem não, mas o quê. A predileção de Lorde Abrasax é o que a protege e assegura. Agora, confie e vá.

- Mas você não vem comigo?

Ela me sorriu, como se desculpasse - Meu trabalho é à bordo.

Soltei-a, e ela afastou-se, retornando para dentro da nave, à qual virei-me para trás para olhar, ainda assustada pela sua grandiosidade. Era a maior máquina que jamais havia visto em minha vida, e jamais imaginara que pudesse haver algo assim. Uma voz grave soou rouca, chamando a minha atenção:

- Senhora, permita-me apresentar-me - olhei-o e não conseguia crer que o ser reptiliano falava - Sou o senhor Tskalikan, creio que se recorda de que já nos conhecemos - e devo tê-lo olhado com recriminação, pois logo desculpou-se - Perdão se a situação não foi das mais apropriadas - e fez uma mesura - Esse é o senhor Greeghan; vamos escoltá-la à presença de Lorde Balem. Por aqui, por favor - e me indicou o caminho após uma educada mesura, ao qual vacilei por um segundo antes de finalmente tomar.

Fui escoltada dessa forma até chegarmos a um palácio amplo e alto no meio do que parecia ser uma grande cidade de muitos andares sobrepostos. Alí, aos portões deste, o grupo de mais ou menos 35 homens nos deixou e entrei, em companhia dos dois reptilianos alados, e parecia muito pequena entre os dois, caminhando um pouco trêmula com minha estranha escolta, pensando o que mais poderia me acontecer. Talvez o tal de Lorde Balem, sendo tão poderoso, como parecia, poderia dar ordem de devolverem-me em Zalar, e enquanto caminhava, pensava no que deveria dizer-lhe nesse sentido. Andamos por alguns longos corredores até nos depararmos com uma enorme porta inteiramente trabalhada com símbolos intrincados em alto-relevo, e a olhava surpresa quando abriu-se para nós e Greeghan entrasse, ficando Tskalikan do lado de fora. Vendo que eu não entrava atrás do primeiro, me fez ele sinal para que eu o seguisse, o que fiz, ficando alguns metros em defasagem porque os passos de Greeghan eram muito largos e cobriam, cada um, vários passos meus.

No meio do amplo hall de teto muito alto e inteiramente adornado com largos pilares, Greeghan estacou e fez uma mesura, embora o homem sentado do outro extremo do salão, de fronte à vidraça ampla por onde se infiltrava a luz de um sol laranja, estivesse de costas para nós e não pudesse vê-lo, e disse-lhe:

- Lorde Balem. Aqui está a mulher do planeta Zalar que mandou-nos buscar, sendo entregue ao senhor em segurança.

- Muito bem, senhor Greeghan - e parei ao ouvir aquela voz grave e sussurrada - Pode retirar-se agora. Fizeram um bom trabalho.

Com uma segunda mesura, Greeghan voltou-se para a saída, e com a mãozorra gesticulou-me que fosse em direção ao homem sentado lá adiante, e saiu, a porta fechando-se atrás dele. Olhei para a porta fechada por alguns instantes, sem saber bem o que fazer, sem ação; e assustei-me com a voz calmamente pausada do homem que novamente fez-se ouvir: