18. Dias prósperos e pacíficos

981 68 26
                                    

Estava sentada no divã do grande hall, com as novas roupas com que as criadas me vestiam todas as manhãs, penteada ainda segundo o costume de Zalar mas com um arranjo de cristais espetado no coque alto, que eu mandara desenvolver especialmente para mim, e tinha Balem de pé às minhas costas, com ambas as mãos em meus ombros. Os pads espalhavam-se sobre o meu colo e sobre as pernas recolhidas de lado por sobre o divã, e por toda a extensão desse, pois tínhamos terminado, como Balem a chamava, a primeira aula sobre os detalhes de todo o império sobre os quais eu precisava inteirar-me, e ele agora havia fremido o botão atrás da orelha, chamando por nossos subalternos pessoais, e logo Tskalikan e Greeghan entraram lado a lado, parando diante de nós e dizendo, quase em uníssono:

- Milady. Milorde.

- Minha esposa deseja um presente de casamento - disse Balem com sua voz controlada, sem mais rodeios - Reúnam os guardas e passem a ordem adiante para os outros sargorns do palácio: Devem ser enviados em número suficiente para que cumpram a ordem de trazerem até aqui o mais rápido possível as cabeças de Kalique e de Titus, porque Lady Inkailah Abrasax assim o deseja para si.

Sem demonstrar nenhuma emoção nem sequer reação, ambos novamente responderam em um uníssono quase perfeito:

- Sim, como queiram. Assim será feito.

E Tskalikan emendou, com uma profunda mesura diante de nós, curvando-se quase até o chão:

- Com a vossa permissão. Milady. Milorde.

Eu e Balem acenamos brevemente, e ele voltou-se à porta. Olhei Greeghan e acenei-lhe com a cabeça, muito de leve.

- Pode ir, Greeghan. E não falhem.

- Falhas não são admitidas, Lady Inkailah; como de costume - e inclinou-se para mim com um rosnado, ao que agradei-me infinitamente. Assim que as portas fecharam-se, voltei-me brevemente para Balem às minhas costas, virando o torso levemente de lado.

- Será mesmo feito, Balem?

- Como ordenado, minha soberana - e pressionou-me prazerosamente os ombros com ambas as mãos.

*

*

Estávamos ambos cercados por empregados que nos apresentavam relatórios dos mais variados tipos quando um pequeno sargorn mensageiro pediu permissão para entrar, anunciando que seu pai havia acabado de chegar com a encomenda de casamento de Lady Inkailah, e rapidamente dispensamos todos, ordenando que Night os levasse para fora, dando a reunião por encerrada. Assim que vimo-nos os três sozinhos, dirigi-me ao jovem sargorn:

- Tablerian, pode mandá-lo entrar agora, e você, pode voltar para sua casa. E tenha um bom descanso.

- Muito sou-lhe grato, Lady Inkailah - e inclinou-se, saindo.

Voltei-me para Balem, sentado ao meu lado com ar entediado, com os dedos de uma das mãos brincando preguiçosamente com os pendentes em minha orelha:

- Te incomoda estar presente a isso, Balem?

- Se é o que lhe agrada, a mim não tem importância.

As portas altas abriram-se e por elas entrou Greeghan carregando um grande saco com alças no formato quase de uma bolsa, e caminhava pausadamente até parar a alguns metros diante de nós. Persebi que estava subitamente ansiosa como não me sentia há um incontável tempo, e inclinei-me levemente para a frente ao que lhe perguntava:

A Escrava de Lorde Balem  (terminada)Onde histórias criam vida. Descubra agora