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É cedo. Muito cedo. Se forem 5 horas, já está tarde. O frio está cortante. Mesmo com um pesado casaco nos ombros, eu tremo. Mas simplesmente me recuso a voltar para a cama e dormir.

Estou completamente submersa, perdida em meus pensamentos, refletindo sobre os últimos quatro meses, quando uma voz familiar aquece meu peito.

- Problemas pra dormir, princesa?

Antes que eu possa responder, Will se aproxima e passa os braços ao redor de mim, me deixando mais aquecida.

- Eu precisava pensar um pouco. - fito o seu rosto. - E você? O que faz em pé?

Will faz uma careta.

- Uns campistas de Nice fizeram uma competição que resultou em uma perna e um braço quebrados e algumas costelas fraturadas. - ele boceja. - Só isso me tira da cama as 4h30 da manhã. A propósito, estou voltando pra lá, quer que te acompanhe até seu chalé?

- Eu...eu não quero voltar pra cama, amor. - mordo o lábio e começo a brincar com os botões do casaco dele.

Sinto seus olhos estudando cuidadosamente meu rosto, antes dele me abraçar com força.

- São só sonhos, princesa. Não precisa temê-los.

Solto um pesado suspiro. "Fácil falar...não é seu irmão que morre toda noite.".

- Você quer vir comigo? Eu prometo que, ao primeiro sinal de pesadelo, eu te acordo.

Hesito ao ouvir a proposta. É totalmente contra as regras. "E desde quando eu ligo para as regras?".

O fator decisivo é quando sinto Will estremecer de frio.

- Vamos.

Caminhamos juntos até o chalé 7. Entramos, fazendo o mínimo de barulho possível, pois os demais ainda dormem e vamos até o beliche de Will, passando por minha melhor amiga Abbye, que dorme feito pedra.

Paro por um minuto para observar seu sono. Ela tem uma expressão tranquila, o cabelo ruivo cai em seu rosto e a respiração é lenta e pausada. Felizmente, para ela, significa nenhum pesadelo.

Depois, vou até Will, que já se deitou, deixando um espacinho para mim. Me aninho em seus braços e fico sentindo sua respiração nos meus cabelos e ouvindo as batidas do seu coração.

Logo, adormeço.

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Eu estava horas ajoelhada ali. Me recusava a soltar do corpo sem vida de Josh. A poça de sangue havia parado de crescer ao nosso redor, mas as lágrimas continuavam rolando sobre minha face.

- Não me deixa. - eu sussurrava sem parar.

Crônicas de uma Filha do Mar🌊Onde histórias criam vida. Descubra agora