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Estamos há quase duas horas olhando uma caixa de recordações. Vários álbuns de fotografia e recortes de uma total estranha mim, mas ao mesmo tempo tão familiar. Luna é seu nome.

Depois de nos reconciliarmos, expliquei tudo o que estava acontecendo e como eu precisava saber com urgência sobre meu passado. Precisava que ela me ajudasse a mergulhar de cabeça no meu pior pesadelo: meu próprio passado.

- Seu pai trouxe isso assim que eu fiquei grávida. Eu nunca entendi direito, mas ele disse que ia ser útil pra cuidar de você no futuro.

- Não consigo entender. O que essa garota tem a ver comigo?

- A julgar pelo tanto de recortes de artigos de casamento e coisas relacionadas a moda, eu diria que foi alguma filha de Afrodite. - minha mãe franze o cenho e age de uma forma estranha. Essa última afirmação...ela não tirou essa conclusão por causa dos recortes que encontramos, ela sabe algo. Mas, pelo bem da nossa relação recém-conquistada, resolvo não pressionar com perguntas.

Filha de Afrodite..
Volto cerca de um ano no tempo e me lembro de uma visita que fiz a Quíron. Isso tem algo a ver com minha árvore genealógica, essa garota é parte da minha família. 

- Tem uma coleção de diários aqui. São cinco no total. - começo a folheá-los. - Uns dois anos por cada, talvez.

- Você deveria lê-los. Com certeza tem algo útil por aí.

- A questão é que não tenho ponto de partida! O que exatamente devo procurar? Por sinais em comum entre nós? Ou pelas pessoas dos meus sonhos? - suspiro, exausta, enquanto minha mãe ainda remexe a caixa. Será que ela sabe? Será que ela sabe que eu e essa garota temos laços de sangue?

- Acho que talvez isso seja um bom começo. - ela tira um porta-retrato com uma foto meio desbotada.

Pego a foto de suas mãos e observo. É um grupo de campistas. A foto data o finalzinho dos anos 80 ou comecinho dos 90. No centro está Quíron, o mesmo de sempre e em volta dele, os adolescentes que aparecem no meu sonho. Mas a que mais me chama a atenção é uma sentada a frente dos cascos dele.

A observo com bastante atenção. Eu a conheço de algum lugar, sei que sim. Começo a me esforçar para lembrar, mas a medida que forço meu cérebro, minha cabeça começa a doer de uma forma alucinante. Mesmo assim, continuo me forçando, até a dor se tornar insuportável e minha visão desaparecer, juntamente com a minha consciência. 

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- Hey, Luna! acabou de empacotar?

Jonah está encostado no batente da porta do chalé de Afrodite. Ele tem atormentado a todos nós com essa maldita mudança por semanas.

Não é pra menos, com o sr. D cada dia mais "agradável", a permissão para sair viver no mundo mortal foi tipo uma bênção.

Claro que houveram condições, mas quem liga? Finalmente estaria livre disso tudo!!

Eu estava com quase 20  anos e sentia que o Acampamento me limitava. Eu nem era uma filha dos Três Grandes ou tinha algum destino importante para correr algum grande risco fora. Podia viver minha vida sem limitações. Eu seria livre.

Crônicas de uma Filha do Mar🌊Onde histórias criam vida. Descubra agora