O BILHETE SEM DONO

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Dayana arregalou os olhos, finalmente acreditando.

A lanchonete cheia de tinta azul e uma cratera enorme na parede faziam com que não houvesse como duvidar dos dois amigos. Ou eles estavam falando a verdade sobre o smurf guerreiro, ou algum pintor assassino passou por ali (o que seria estranho, mas, pelo menos era mais realista).

- O que é que aconteceu aqui?

- Foi ela. Aurora. - Leo lhe responde pisando nas marcas de tinta que ela deixou, lentamente. - A garota de tinta.

- Se é que aquilo é uma garota. - João suspira, como se o cansaço da noite retrasada viesse a ele novamente.

- Que estressada, essa Aurora... - Dayana fala.

Os dois rapazes começam a rir.

- Com certeza ela é. - Leo responde.

- Ou vocês estão pregando uma peça muito boa, ou isso é verdade. - ela pensa alto, colocando a mão na cabeça. - E vocês nunca pregariam uma peça tão boa.

- Pesquisei na internet sobre ela. - João começa a falar. - Mas não há nada parecido com o que aconteceu.

- E como que isso tudo aconteceu?

- Ah, agora você quer escutar, não é? - o moreno pergunta, glorioso. - Disse que éramos malucos, não disse? Estava dizendo que não era verdade, não é?

- Eu hein. - ela vira o rosto para ele, e como de costume, olha rapidamente as suas unhas. - Se for pra ficar fazendo isso, quero nem ouvir.

- Parem com as suas frescuras, vocês dois. - Leo fala.

- Mas ele... - ela protesta, mas João a interrompe:

- Tudo bem, vou contar como foi! - ele se irrita. - Eu estava passando pra pegar um documento e resolvi passar no depósito pra ver se estava tudo bem, e quando me dei conta, havia um buraco se fechando na parede, do nada. Quando eu toquei na parede, o buraco voltou a se abrir.

- Então quer dizer que quando você entrou, alguém, ou algo abriu o portal.

- O portal não pode se abrir sozinho? - Dayana pergunta, sem acreditar que estava realmente entrando naquela conversa de malucos.

- Eu não sei. Como eu poderia saber?

- Ué! Entrando lá de novo! - Dayana responde como se fosse óbvio. E era.

- Aurora falou que dá próxima vez que passarmos por ali, ela vai tentar nos matar de novo, e com companhia. - Leo explica.

- Meu Deus! Quer dizer que vocês vão perder essa oportunidade? Eu não acredito. Pelo menos chamem a polícia.

- Eu não quero morrer, mocinha. E chamar a polícia com essa historia é o mesmo que nada. Quem iria acreditar?

Dayana revira os olhos.

- Bem, ontem eu não tinha coragem de vir aqui. - João fala. - Mas, hoje, o nosso trabalho é limpar isso.

- E o depósito, podemos entrar nele?

- Qualquer coisa, eu vou. - Leonard disse. - Mas hoje eu tenho um compromisso.

- Não vai nos ajudar a limpar isso aqui?

- Me dá um desconto, João. - ele responde. - Sabe como tá na rua, gente jogando bebida fora pra todos os cantos depois do aviso do governador. Em duas horas eu volto e vou terminar de limpar tudo com vocês.

- Tudo bem... Mas volta logo.

E essa é a vantagem de ser melhor amigo do seu chefe.

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