Capítulo 1 - A queda

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   O dia não poderia ser diferente

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   O dia não poderia ser diferente. Ensolarado, bonito, e especialmente normal. Era uma manhã como todas as outras exceto pelo fato de que em algumas horas ela deixaria de ser como todas as outras e seria mais como a fatídica manhã da queda do trono, mais precisamente da rainha, mas ela ainda não sabia disso. Ninguém sabia.

  Aurora Lacerda de Morais não era uma garota qualquer, sequer algum mero mortal da pequena cidade de Fontana pensaria isso. Ela era linda e brilhava, tão iluminada como o sol, e caso a noite chegasse ela se tornava as estrelas, para a mente mais humilde -no caso a dela- até mesmo a lua. Era a filha perfeita, prestativa, obediente, exemplar. Era a aluna nota dez, comportada, inteligente e dedicada. Era a melhor namorada do mundo, carinhosa, atenciosa e amorosa. E a melhor amiga, cuidadosa, companheira e fiel.

  A única coisa que ela não era ,era uma boa pessoa.

  Isso mesmo, você não leu errado, a garota perfeita não era a boa garota e sim a má. Por trás de toda essa fachada impecável -que ela fazia questão de manter- existia uma tirana astuta, manipuladora, ambiciosa e má, do tipo de pessoa sem escrúpulos com as quais você nunca quer cruzar seu caminho, mas é claro que ninguém ousaria falar isso em voz alta. Mesmo pelas costas dela as informações chegavam e quando elas chegavam -porque isso sempre acontecia- a fúria dela vinha como uma avalanche, uma descarga de puro ódio a quem quer que tenha ousado levantar seu santo nome em vão.

  Essa era a verdade doa a quem doer -e doía muito as suas vítimas- dentro do Colégio Órion existiam duas Auroras, a do interior da sala de aula e a do corredor, e se você tem amor a própria vida, desejaria nunca cruzar com nenhuma delas. Talvez eu esteja sendo injusta em algumas partes, afinal de contas até as piores pessoas tem sentimentos e os dela se restringiam a si mesma, e em casos mais raros a alguém próximo, mas ela nunca admitiria isso em hipótese alguma. Em um bom resumo ela era como uma cobra, sempre a destilar seu veneno -que não era pouco- já dizia o ditado, por fora bela viola por dentro pão bolorento.

  Mas a vida é mesmo uma caixinha de surpresas, e as surpresas que aguardavam Aurora a mudariam completamente. Porém, como disse, ela ainda não sabia disso. Ninguém sabia.

_Não vou poder te buscar hoje, tenho muito trabalho a fazer -Rodolfo disse olhando o visor do celular que anunciava uma nova chamada, ele parecia estar sempre atendendo telefonemas- você pode voltar andando? -a garota no banco ao lado assentiu- E não se esqueça de pedir o jantar.

_Claro pai, sem problemas -Aurora murmurou abrindo um sorriso forçado enquanto pegava a bolsa no banco de trás- nos vemos a noite.

  Segundos depois o carro havia dado partida e ela estava mais uma vez na porta do colégio. Respirou fundo como sempre costumava fazer, empinou o nariz e seguiu em frente enquanto outros alunos também entravam  para o primeiro horário.

  Ela repetia aqueles mesmos movimentos todos os dias, o próximo era encontrar a melhor amiga e cúmplice Kara, o namorado Martin, e seguir para o inferno que chamava de sala. Mas alguma coisa estava diferente quando ela colocou suas novas sapatilhas no primeiro degrau, não sabia dizer se era algo no ar ou apenas uma sensação, mas alguma coisa ali não estava como de costume e isso a deixava irritada. Era péssimo no seu ponto de vista não ter algo sobre seu controle. 

Ovelha Negra [Completa]Onde histórias criam vida. Descubra agora