Capítulo 21 - Velhas amizades novas rivalidades

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  Por muito tempo as pessoas quiseram ser Aurora, ter sua beleza, inteligência, poder e atenção

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  Por muito tempo as pessoas quiseram ser Aurora, ter sua beleza, inteligência, poder e atenção. Por muito tempo ela gostou de ser aquela garota, que tinha tudo isso e era invejada. Aquele tempo havia acabado. Aurora não era a mesma Aurora do dia anterior, assim como não seria no seguinte, e pela primeira vez isso era bom. A abelha rainha não queria mais ser ela mesma, não aquela versão detestável de si.

  Alguns provavelmente diriam que aquilo era suspeito, essa mudança de pensamento, que ninguém se transformava assim da noite para o dia, que ela devia estar aprontando algo. Bem, era sensato da parte deles, Aurora não negaria, ela própria seria a primeira a duvidar de sua mudança, mas não podia fazer nada se as pessoas acreditavam que ela era um caso perdido. Na realidade, independente do que os outros pensassem, ela estava realmente querendo aquilo, recuperar uma parte perdida de si, a humana. Não seria fácil é claro, mas a garota de cabelos claros nunca fora adepta a facilidades.

  Além disso havia seu compromisso com o diretor, e com a mãe de Paula também, no momento em que se entregou Aurora sabia o que teria de fazer dali pra frente, assumiria suas responsabilidades. Foi exatamente isso que prometeu sob o olhar decepcionado de Garcia, o pior tipo de olhar que ela era merecedora, e o olhar mortal de Márcia, que se pudesse faria com que a garota fosse parar no mesmo hospital da filha. "Precisamos ser racionais", o diretor disse quando a mulher encarou Aurora pela primeira vez após descobrir sua culpa, "e agir com sensatez", completou.

  Para Márcia, agir de forma sensata era entrar imediatamente em contato com seus advogados e a polícia para denunciar a bully, garantir a expulsão da garota e fazer com que ela sofresse dez vezes mais do que ela mesma quando encontrou a filha desacordada no chão. Para o diretor Garcia, era fornecer todo o suporte necessário para ajudar uma pessoa com problemas graves como os de Aurora, além de fazê-la pagar por seus erros de uma forma que beneficiasse a todos.

_Eu sei que como mãe seu primeiro impulso é defender seu sangue com unhas e dentes -o homem de meia idade murmurava cauteloso enquanto a mulher de braços cruzados a sua frente espumava de raiva, Aurora aguardava apreensiva seu futuro no purgatório, sentia que aquele era o fim do Colégio Órion pra ela- mas quero que exatamente esse lado mãe pense na situação e enxergue ela de outra forma.

_Minha filha quase morreu por conta daquela garota endiabrada, minha doce Paula sofreu dia após dia. E você quer que eu olhe de outra forma? -a mulher parecia descontrolada, e de certa forma cheia de razão, só não estava com mais raiva porque a filha havia acordado e apresentava melhoras significativas

_Olha, eu sei que é difícil Márcia, não tiro sua razão, pelo contrário, talvez eu no seu lugar desejasse o mesmo. O que eu quero dizer é que, e se fosse Paula? E se sua doce filha agisse dessa forma com os colegas? Sua opinião mudaria? -a mulher arqueou uma sobrancelha sem entender, Paula nunca seria capaz disso. Garcia descansou as mãos sobre a mesa enquanto a encarava- Se ela fosse culpada dessas atrocidades você fecharia todos as portas para a garota? A expulsaria de uma escola boa na qual ela tem todo o potencial para evoluir? Entraria na justiça contra uma criança para que ela fosse punida como manda a lei e tivesse boa parte da sua vida perdida? Excluiria ela de todo círculo social para que a solidão fosse seu castigo? -a mulher baixou os olhos pensativa- Foi o que pensei.

Ovelha Negra [Completa]Onde histórias criam vida. Descubra agora