Ovelha Negra [Completa]

Capítulo 45 - A ovelha perdida

Naquele sábado ensolarado, tudo que qualquer habitante de Fontana queria era se refrescar, porque ainda que não fosse o verão, o tempo estava bastante quente. Pensando nisso, e que todo mundo merecia uma paz e descanso, Olívia planejou um passeio em grupo, mais precisamente, um dia na Praia da Concha. E tudo prometia ocorrer na mais completa tranquilidade. Isso é claro, antes de chegarem lá de fato.

_Você tem que colocar o guarda sol virado pra lá, pra sombra vir aqui onde estou - Gabi especificou

Sasuke, que segurava o que preferia chamar de sombrinha grande, encarou a amiga. Não bastasse ele ter deixado claro que não sabia instalar aquilo na areia, agora ainda tinha que ficar recebendo ordens?

_Na realidade, ele tem que colocar pra lá, que é onde o sol está, e é essa a função do guarda sol, tampar o sol - Aurora disse enquanto Sasuke virava o objeto na outra direção

_Mas o sol está em movimento, o que significa que se ele colocar na direção que falei daqui a pouco vai dar sombra - Gabriela insistiu, fazendo o japonês se movimentar outra vez

_Mas eu não quero sombra daqui a pouco, eu quero agora! -Aurora bateu o pé na areia fofa, o que não era muito útil

A garota de cabelos claros agarrou o guarda sol de um lado para girá-lo outra vez, ao que Gabi agarrou do outro tentando mantê-lo no mesmo lugar. Sasuke, que era conhecido pela inteligência, aproveitou a discussão para sair do meio das duas e abandonar aquela tarefa, se unindo aos outros para acompanhar o show. Otto estava claramente rindo do objeto sendo puxado para um lado e depois para o outro, Caio se encontrava no mesmo estado, então restava a Olívia, provavelmente a única pessoa sensata ali, solucionar o embate. Como sempre. Ela se meteu no meio das duas, agarrou o guarda sol e as fez soltar, depois bufou impaciente.

_Acho melhor eu decidir como colocar - instituiu, sem margem para discordâncias - ou as crianças podem começar a chorar e fazer birra daqui a pouco.

Aurora deu de ombros, vencida, indo se juntar ao namorado, que agora fingia estar atento a comida que eles haviam levado, e Gabi preferiu estender uma canga no sol, para se deitar e pegar um bronzeado. No instante em que ela se acomodou no pano sobre a areia, a heterogêmea viu a garota de cabelos claros pressionar os olhos para a imagem em questão, e abrir a boca. Aurora provavelmente falaria algo sobre Gabi ter discutido pela sombra quando desde o início pretendia ficar no sol, mas diante do olhar cinzento de súplica lhe lançado pela heterogêmea, permaneceu em silêncio. Deus sabia do seu esforço para cumprir a promessa que havia feito a Oli, de tentar manter a calma e paciência com Gabi, mas as vezes era muito difícil, muito difícil mesmo.

Ela se preocupou então em pegar uma das cadeiras dobráveis que haviam levado para se sentar, e a abriu em um ponto protegido pelo guarda sol, agora instalado da mesma forma que havia sugerido antes, como era de se esperar. Depois estendeu os pés sobre a areia, tentando acumular o mínimo possível entre os dedos, retirou os óculos escuros, ajustou o chapéu na cabeça, conferiu se os litros de protetor solar que havia passado já estavam secos, e soltou o ar satisfeita. Estava pronta para ler seu livro.