As coisas não mudavam com a rapidez que Aurora queria, muito menos da forma que ela desejava. Há duas semanas atrás ela havia sido atacada pela Ovelha Negra. Há duas semanas era acusada pela tentativa de suicídio de Paula. Há duas semanas atrás ela encontrava olhares indiferentes por onde passava, e as coisas não haviam melhorado nada desde então. Tudo bem que após a infame coluna atacar Vinícius sua atenção foi dividida, mas ainda assim ela continuava no centro, o foco principal, e é claro que ela continuava lá porque Paula continuava internada.
_Ela não apresentou nenhuma melhora significativa, ainda está em coma sendo acompanhada a cada momento -Olívia disse em um dia que se cruzaram no corredor. De alguma forma, sentia que Aurora deveria saber disso- os médicos não sabem o que pode acontecer daqui pra frente, tudo depende dela. A propósito, vai ter uma vigília na porta do hospital caso você tenha... sei lá, algum resquício de humanidade e queira ir -avisou se afastando com a mesma rapidez que chegou.
O problema é que, bem, Aurora ir não se tratava de humanidade, era mais algo como hipocrisia, ou em palavras mais usuais, cara de pau. Aurora sabia que, mesmo que negasse até a morte, tinha uma parcela de culpa no que aconteceu. Quer dizer, no ponto de vista dela, não no que aconteceu exatamente, mas no que Paula levou em consideração na hora de ingerir aqueles comprimidos para isso ter acontecido. Confuso? Para Aurora não, por isso ela não chegaria ao ponto de ir rezar pela colega.
Mas a vigília aconteceu sem sua presença da mesma forma. Não era algo comum (ainda bem!) casos como esse em Fontana, e por ser uma cidade onde todos se conheciam, Paula era querida em cada canto, fato esse que levou praticamente todos os habitantes à porta do hospital com velas, mensagens e orações. Desde sua internação havia também um mural no qual eram colocadas flores e outras lembranças, e naquele dia não havia mais espaço para nada no lugar. Os pais da garota ficaram agradecidos pelo apoio e acreditam que toda aquela corrente de solidariedade vai ser muito importante para a melhora dela. Aurora também acendeu uma vela naquela noite, para sua Santa, mas ninguém saberia ao certo o motivo disso.
Porém, na vida nem tudo eram flores, e a dela, que estava acostumada a ser sempre perfumada, parecia mais uma roseira de espinhos do que qualquer outra coisa. Aurora tinha que pensar. Sempre foi boa em arquitetar saídas e não seria agora que provaria o contrário. O problema estava centrado em uma pessoa, uma única pessoa capaz de arruinar todo o reinado que ela havia construído com o passar dos anos, dessa forma, a solução era óbvia. Ela precisava descobrir quem estava por trás da Ovelha Negra. Foi o que Kara concluiu enquanto conversavam. E não só descobrir, a amiga precisava acabar com essa pessoa para que ela aprendesse a não brincar com fogo, para que de uma vez por todas ela sumisse com essas palavras e calúnias e as coisas voltassem a ser como sempre foram, como deveriam continuar sendo.
_Vamos dar um jeito nisso, confia em mim, você vai ver essa pessoa sofrer o quanto antes -Kara falou amarrando o cadarço do tênis. Aurora apenas assentiu mas dúvidava muito disso.
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Ovelha Negra [Completa]
Teen FictionO Colégio Órion é conhecido pelo alto nível intelectual de seus estudantes, pelo grande talento que eles possuem em Campo, e pelos rostos bonitos e de boa conduta. O que ninguém conhece sobre o Colégio Órion, é quem realmente estuda lá, porque por t...