Alguém um dia disse que quem não arriscava não petiscava, bem, pensando nisso Aurora se arriscou de mais, se arriscou de corpo e alma, ela queria petiscar, queria a mudança, precisava agir. Aquele era o primeiro momento de arcar com esses riscos, e as consequências deles. Como ela mesma havia aconselhado naquela primeira coluna, para que aproveitassem a vida antes de suas mentiras serem reveladas e máscaras cairem, aquele era o momento pós proveito. O momento em que ela provaria trabalhar com fatos e com a verdade. Principalmente com a verdade.
A garota de cabelos claros respirou fundo, depois foi até a cama e se sentou, precisava ficar sobre um local sólido e seguro para ter aquela conversa. Secou uma última vez o cabelo, e abandonou a toalha sobre a cama, então se lembrou que ainda estava enrolada em uma outra, e mesmo que o olhar do namorado fosse do tipo "se eu pudesse te matava nesse momento" ou "por favor não teste minha paciência e responda logo", a garota se levantou e foi em direção ao guarda roupa, retirando algumas peças e indo ao banheiro se trocar.
Fala sério, ela não podia ter aquela conversa sem estar minimamente vestida, e nada mais propício para discutir com o namorado correndo o risco de terminar um relacionamento do que seu pijama minimalista confortável. Aurora ajeitou o tecido amarrotado, passando as mãos, e foi se sentar na cama outra vez. Otto continuava impassível, parado lá com uma mão na mesa do notebook e a outra fechada e tremendo ao lado do corpo. Caramba, ele estava mesmo com raiva. Não que isso já não fosse perceptível pelo olhar duro e semblante fechado.
_Então, - a garota começou apertando as mãos nervosa - esse é o momento em que eu deveria dizer, surpresa?
_Não, - o heterogêneo murmurou cortante, sua voz parecia tão afiada quanto uma faca - acho que é o momento em que você deveria dizer a verdade.
_Você sabia que a palavra verdade pode ter diversos significados? - ela perguntou esperançosa, uma última tentativa de melhorar a situação que tendia a piorar
_Aurora, por favor - o garoto murmurou tão lenta e profundamente que ela achou que as palavras fossem sufoca-lo
_Tudo bem então, o que quer que eu diga? Que é verdade? - ela indagou arqueando uma sobrancelha, sua resposta foi o silêncio - pois bem, como você acabou de comprovar e se dar conta, sim, essa é a verdade. Eu sou a Ovelha Negra. Eu. Aurora Lacerda de Morais. Eu criei essa coluna, eu escrevi sobre todo mundo, eu, tudo eu desde o início. E não era pra ninguém ter descoberto isso, então que merda você arruinar meu plano perfeito.
Otto continuou naquela posição, como se não fosse capaz de dizer nada sem explodir, e então, pra surpresa da namorada, puxou sua cadeira de estudos e se sentou. O garoto passou as mãos pelo cabelo exasperado, depois ficou olhando-a chocado, sem piscar.
_Eu suspeitei, mas ouvir você confirmar minhas suspeitas... - ele negou com a cabeça desacreditado - uau! Quer dizer... uau mesmo! Você, esse tempo todo. Você.
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Ovelha Negra [Completa]
Ficção AdolescenteO Colégio Órion é conhecido pelo alto nível intelectual de seus estudantes, pelo grande talento que eles possuem em Campo, e pelos rostos bonitos e de boa conduta. O que ninguém conhece sobre o Colégio Órion, é quem realmente estuda lá, porque por t...