Chapter One

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O casamento, ao longo da existência humana é algo que significa aliança eterna entre duas pessoas. Ficar sempre ao lado, nunca abandonar, enfrentar quaisquer dificuldades, juntos. Lado a lado. Uma aliança como essa deveria ser feita por escolha, por amor. Entretanto, por séculos os casamentos não eram escolhidos por amor. E por ironia, o amor nunca fora uma escolha ou algo a ser forçado. Séculos se passaram e os casamentos em muitos lugares do mundo se tornou algo livre algo a ser escolhido. No entanto, estamos falando da Terra.

Existe, pelo universo outros lugares, com outras histórias e há muito tempo atrás, uma mulher contava a sua filha em algum lugar da Terra, na beirada de um rio verde, com inúmeras árvores ao som de milhares de animais, a história de um lugar chamado Tharwa* uma cidade, em algum outro planeta, em alguma outra Terra. Onde fadas, gênios, feiticeiras e magos existem. Onde cavalos voam e têm chifres e também onde as criaturas mais horrendas existem e entre essas criaturas existia uma fera. E essa fera, que nem sempre fora uma fera se casou duas vezes até encontrar o amor. Dois casamentos onde ambas as garotas, foram forçadas a isso. Porém em nenhum desses casamentos, elas escolheram seu destino, dois extremos entre a morte e o amor.

Tharwa, a cidade das riquezas, tudo que lá existe, existe em fartura. Se aqui se tem uma só macieira que dá várias maçãs lá existem milhares e milhares de macieiras que dão milhares e milhares e milhares de maçãs. Se aqui existe um só rio que percorre por um só lugar. Lá existem centenas e centenas de rios que percorrem por vários outros lugares. Tudo em Tharwa é rico, é vasto, é infinito. Porém, existe um preço, se você mora em Tharwa e quer permanecer em riqueza, terá de sacrificar seu maior desejo e para Nuha, o desejo de ser livre e conhecer todos os outros lugares valia mais que qualquer riqueza encontrada em Tharwa. Entretanto, o desejo de seu pai fora ter uma filha e um conflito fora formado, Nuha jamais poderá sair de Tharwa e com isso ela e seu desejo de liberdade são prisioneiros dos espíritos que regem em Tharwa.

Como jamais pode sair de Tharwa, Nuha passará pela finidade de seus dias sem ver outro céu, outras estrelas a não ser as de Tharwa que apesar de fartas, são sempre as mesmas. Passará a finidade de seus dias sentindo o gosto das mesmas maçãs e vendo o rosto das mesmas pessoas, passará a finidade de seus dias lidando com a infinidade de coisas repetidas, sem nunca aprender e ver coisas novas. E por esse motivo, a jovem garota se aprofundou na tristeza.

O pai da garota, disposto a trazer alguma felicidade para filha tentou presenteá-la com todos os presentes mais caros e mais raros que encontrava. Entretanto, Nuha negava tudo, para ela tudo parecia o mesmo, as mesmas jóias, os mesmos tecidos, as mesmas aves, as mesmas frutas com o mesmo.gosto doce. O pai via então, sua mais preciosa filha aprofundada na tristeza de ser prisioneira e sem saber mais o que fazer para trazer de volta o brilho dos olhos da garota, o homem foi até os espíritos de Tharwa para ter respostas, para procurar uma saída para sua filha.

Os espíritos de Tharwa vivem em uma caverna úmida e fria, com um escuro cegante e ruídos de seres desconhecidos e foi lá que o homem disposto a ter a felicidade de sua filha de volta entrou. Assobios ele ouviu até os ouvidos sangrarem, andou até depois dos pés quebrarem, a alma doía e a barriga alimentava de si por tanta fome. Tentado seis vezes a sair da caverna. Tentado seis vezes para receber comida. Tentado seis vezes para beber água. O homem negou. A única coisa que o homem queria era achar uma maneira de trazer de volta a felicidade de Nuha.

O espírito de Tharwa sentiu a vontade de um pai que realmente parecia arrependido de sua escolha apareceu. O homem vira uma luz tão cegante e ardente quanto o escuro mas não se importou. Sabia que era o espírito.

— Oh, finalmente te encontrei! -Exclamou o homem com a voz fraca ajoelhando-se de frente a luz.

— O que faz aqui? -Pergunta a luz em mil vozes.

— Minha filha é sua prisioneira e está aprofundada numa intensa tristeza. Venho aqui para pedir piedade e dá à ela a felicidade que merece.

— E qual seria a felicidade de sua filha? -Mil vozes rebatem.

— A felicidade de minha filha é encontrada na liberdade dela de sair de Tharwa, mas essa liberdade ela não pode ter, pois ela foi meu desejo sacrificado para permanecer nesse lugar deslumbrante. Então lhe peço que me de algo maior que a liberdade. Algo maior que a repetição, algo maior que as mesmas estrelas que brilham no mesmo céu. Algo melhor que o mesmo sabor das mesmas maçãs que adoçam a boca de minha filha. Algo maior que e o desejo da minha filha pela liberdade, para que ela tenha a felicidade. -O homem implora.

— Darei a ela, algo maior que as estrelas que brilham no céu, algo melhor que o sabor das milhares de maçãs e algo maior que o desejo dela pela liberdade. Darei a ela a oportunidade do amor.

— O amor?! -O homem pergunta surpreso. Ele sabe exatamente que o amor não é algo que se dá ou algo que é encontrado em Tharwa.

— Sim. Para ter a tão desejada felicidade de sua filha. Darei a ela algo maior que a repetição, algo maior que as mesmas estrelas que brilham no mesmo céu. Algo melhor que o mesmo sabor das mesmas maçãs que adoçam a boca da sua filha. Algo maior que o desejo da sua filha pela liberdade. E só vejo isso entregando para ela a oportunidade do amor. -As mil vozes falam e o homem fica deslumbrado, ele havia conseguido o que queria. Encontrou o que veio buscar, que era a felicidade de sua filha. Com tudo, sempre existe um preço. O espírito de Tharwa continua a falar. — No entanto, existe um preço para que eu entregue essa oportunidade para sua filha.

— E qual seria? -O homem fala rapidamente, disposto a pagar qualquer preço pela felicidade de sua garota. O que ele não sabia era que, dessa vez o preço é algo grande e arriscado demais.

— Como sabe, o amor não é feito em Tharwa é algo que não posso simplesmente entregar pois sequer existe. Contudo, existe uma visão e nessa visão se diz que o amor nascerá de Tharwa de uma nativa e se o amor nascer aqui, Tharwa possuirá todas as riquezas e dessa forma, todos poderão usufruir das riquezas sem ter de pagar pelo preço de sacrificar o seu maior desejo. E nesta visão, Nuha terá de se casar com a Alwahsh Alllayl* .

— Mas irá matá-la. -O homem fala. Alwahsh Alllayl, um homem amaldiçoado a se tornar todas as noites, uma fera.Condenado por seus pecados, um risco enorme. Porém, para que sua filha tenha a tão sonhada felicidade desejada pelo pai, ela teria que se casar com uma fera. É arriscado demais.

— A visão diz que a garota que clama pela liberdade, deve se casar com aquele que é prisioneiro como ela. Assim na tristeza, encontraram o amor que libertará eles e a todos da Tharwa. -A voz fala e se aproxima do homem cautelosamente e a luz toca sua face a queimando. Ele vê.

A visão passa como um flash em sua mente frágil, ele vê a filha com a fera, uma corrente se quebrando. Tharwa livre e o sorriso brilhante de Nuha. Então é verdade, a visão é real a garota terá de se casar com a fera.

— Como casarei minha filha com a fera? -Pergunta o homem, disposto a pagar pelo preço.

— A Fera irá pedir a mão em sua filha em casamento em uma semana. No entanto, não deve contar para Nuha sobre a visão, nem para a Fera. O amor não deve ser cobrado, nem forçado. Não escolhemos Alwahsh Alllayl e Nuha. Vimos o amor nascer deles e para que isso ocorra, eles tem que fazer o amor nascer, juntos. Lado a lado. Enfrentando as dificuldades que encontrarem nesse relacionamento. Eles terão que fazer o amor nascer juntos e para isso terão de aprender a fazer isso sozinhos. E se caso não encontrem o amor, Nuha não é garota da visão e morrerá sendo prisioneira, já não mais nossa mas da Fera.

Continua...

Tharwa - Fartura

Alwahsh Alllayl - Fera da Noite

The Beast || H.S || CompleteOnde histórias criam vida. Descubra agora