Chapter Eleven

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— Nuha. -Harry começa a falar e eu balanço a cabeça em negação. Eu queria entender tudo isso, mas agora eu não consigo.

— Eu sou sua esposa Harry! Sou rainha como você é rei e se não posso te dar filhos me deixe pelo menos ajudar com esse reino. -Falo gritando.

— Nuha, você não entende. -Ele suspira. — Eu vou ficar aqui para sempre.

— Nós podemos tentar!

— Como tentamos com o bebê e você o perdeu?! -Grita e dou um passo para trás, mais lágrimas escorrem em meu rosto. — Você deveria ter me ouvido, agora não pode ter mais crianças, você não poder me dá herdeiros não é minha culpa. Eu apenas soube que a criança seria fera quando já estava grávida.

— Eu não me importaria se ele tivesse vivo! -Grito bem alto. Então sinto as lágrimas descerem em meu rosto. — Aliás, você nem liga para mim, até porque você só queria o bebê e que se dane todo o resto, que eu vá para o inferno uh? -Falo e passo a mão no meu rosto, limpando as lágrimas mas não parava de chorar,não parava de sentir dor.

— Nuha! -Harry fala mais alto e me olha atento. — Nuha, me escuta, eu me importo com você. Eu estava envergonhado quando eu soube disso, mas não lhe dei a poção sem avisar. -O rapaz suspira. — Isso não é desculpa e você merece a verdade. E eu não fui sincero com você, queria um bebê, porque só o amor pode me salvar e aquele bebê ele... Talvez nosso filho me amaria e me salvaria. -Fala e abaixa a cabeça, eu choro mais, me sentia tão pequena agora. — Mas tem que acreditar em mim, eu não quero te machucar e eu pensei que Celeste podia estar errada. Porque merda você estava tão feliz e sempre foi tão cuidadosa com o bebê e então ele simplesmente se foi. -Ele respira fundo. Ele parece tão frágil agora, ele se aproxima de mim. Eu dou um passo para trás e ele olha para o chão novamente e depois para mim.

— Eu nunca quis te machucar. -Ele repete. — Mas eu comecei a ver seu corpo machucado por minha culpa, por isso me afastei, não suportava te ver e imaginar que a criança iria nascer como eu. -Meu marido fala e nego. — E sei que você não importaria mas eu me importaria. Me importaria porque ele sentiria as mesmas dores que eu, estaria amaldiçoado como eu e teria a ira como eu. E eu não ia querer isso para meu filho. Eu não queria ver mais você tão machucada como estava. -Fala e fecho meus punhos. Apesar, de, que eu também não iria querer isso para meu bebê, também. Porém, eu apenas o queria no meu lado, depois de ter perdido o bebê, mas ele não ficou, ele apenas se foi, ele se foi e quando voltou me feriu, brigou comigo.

— Você não se importou comigo Harry! Você me deixou sozinha e quer que eu fiquei quieta. -Falo e soluço. — Te odeio por isso! -Grito e ele me olha e dá um passo para trás.

— Me desculpa Nuha. Eu devia ter ficado no seu lado, realmente deveria mas eu me senti tão envergonhado por ter feito isso com você. E... Desculpe por querer te proibir ontem, mas não quero que crie esperanças sobre um reino que jamais iremos ir. Não deveria ter gritado com você, eu... Me desculpe. -Harry fala e abaixa a cabeça. Eu não digo nada, eu estava triste, estava com raiva. Sentia dores, dores, tantas dores e eu só queria não me sentir tão sozinha assim, como eu me sinto.

— Eu só quero ir embora daqui! -Desabafo e caio sentada no chão, coloco a mão no meu rosto e começo a chorar. Ele me enganou, me usou. — Eu estou casada com uma fera! Merda, por um momento eu cheguei a pensar que talvez, você não fosse tão ruim assim! -Falo e olho com desprezo, Harry fica calado, parado me olhando. No momento, era ele quem escutava e ao menos isso ele fazia bem. Ficar calado, me ouvindo chorar e soluçar tudo que sentia naquele momento. Eu queria bater nele e podia pois ele estava bem a minha frente,mas não conseguir. Eu, sentia muita dor, tanto no corpo como na alma, me sentia desapontada, sufocada, me sentia quebrada.

Nesse momento, enfim, pude sentir o peso que é, está casada sem amar, está casada por obrigação,permanecer lado a lado de alguém que não liga se você sangra ou chora. Já não sou mais tão prisioneira assim de Tharwa como era antes do casamento,sou mais prisioneira de um matrimônio que não é capaz de me da algo além de dor e de condenação. Por que eu tinha que me casar com essa fera maldita? Por qual motivo meu pai teve que escolher ele para mim? Merda, eu gostaria de fugir, de correr e ir para bem longe, gostaria de sentir ao menos mais um vez em minha vida, como uma garotinha de três anos, eu corria pelo jardim porque eu queria correr, era livre e brincava, mesmo em um curto espaço de terra eu me sentia livre. Gostaria de correr, de ser livre para ir, mas não posso.

— Nuha... -Harry me chama com receio e encosta a mão em meu ombro, eu me afasto dele.

— Me deixe sozinha. -Falo com a voz falha e não o olho.Ele suspira.

— Nuha, espere. -Meu marido se aproxima novamente. — Nuha, me perdoe.

— Não! -Grito e me levanto. — Me deixe sozinha! Você não queria me ver machucada mas me machucou de qualquer maneira!

Eu corro até meu quarto e me tranco lá dentro. Me deito na cama e me agarro no travesseiro e lá eu chorei, chorei por sentir cada corrente em mim, me prendendo, me sufocando, querendo me deixar para um só caminho, me moldando para ser o que não sou e o que eu não consigo ser, meu corpo rejeita ser a esposa de uma fera que tem ira e não se importa comigo, meu corpo rejeita ser enganada e meu corpo rejeita ser moldado para ser um prisioneira e não poder ir para onde quiser e conhecer o que há no mundo quando esse desejo é vivo dentro de mim. Uma dor ligada a outra que se liga a outra e que me faz chorar, soluçar e querer quebrar tudo, não ligar para nada, queria uma válvula de escape para essa dor mas não tenho nenhuma, então a deixei em mim e continuei me afogando no meu próprio rio de lágrimas e dores.

Não sei por quanto tempo eu chorei, mas acabei adormecendo mas isso não me livrou das minhas dores apenas da realidade. Havia acordado, assustada pois o rugido alto da fera, me acordou. Eu esfrego meu rosto com a palma da minha mão e olho para janela, vendo o céu, as estrelas por entre as nuvens e os clarões de trovejos, mais uma tempestade que chegava. Respiro fundo e me levanto, caminho até o jarro de água que havia no quarto, minha boca estava seca e eu bebo a água. Mais certa do que eu pensava, decido, algo que deveria ter feito há muito tempo. Fugir.

Eu sei do destino, de quem foge de Tharwa e é prisioneiro mas eu não ligo, já não tenho o que perder, porque já perdi o que tinha ou o que eu nunca tive, mas eu tenho o que arriscar e é a minha vida e como me sinto. Talvez os espíritos tenham piedade de mim, tenham piedade de quem clama e me deem a liberdade que nunca tive. Me deem uma chance de fato viver como devo e como sei que mereço.

Eu saio do quarto e sigo até a cozinha, onde coloco em uma bolsa de couro algumas frutas e água. Eu consigo sair do castelo pelo jardim e quando saio, eu corro, no meio do trovejo, correndo para arriscar e certa que estarei perto do meu propósito e mesmo que eu não esteja, valeria a pena tentar. E no meio da minha fuga, escuto pela última vez o rugido de quem também me prendeu.

Continua...

Notas: oioioi gente tudo bem?

Gostaram do capítulo? O que acham que pode acontecer com a Nuha? O que ela pode encontrar? E enquanto ao Harry, como acham que ele irá reagir? Me digam.

Espero que estavam gostando. Vejo vocês no próximo capítulo. All the love. Xx

The Beast || H.S || CompleteOnde histórias criam vida. Descubra agora