Chapter Seven

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Harry

Duas semanas depois...

Meus ossos ardem e doem. Minha pele queima, como se estivesse deitado no sol. Meus olhos pesam sempre que pisco. Minhas unhas latejam. Meus pulmões ardem todas as vezes que puxo o ar para respirar. O dia está apenas começando e já sinto toda a dor da maldição pela última vez da noite.

Me tornar a fera que me torno, é doloroso e sem controle. É uma maldição. E apesar da fera ser forte, não tenho domínio pelo corpo que me torno, é como se minha ira estivesse me controlando e levando minha alma para o inferno. E tudo isso, misturado pela minha ira eu fico cego, sinto dor, sinto raiva sem parar, mal consigo ver e sentir o cheiro do que está na minha volta. Uma verdadeira fera.

Quando a dor fica — finalmente — somente em minha cabeça, eu movo minhas mãos e me cubro com uma toalha. E com os olhos abertos consigo ver o calabouço que se tornou meu quarto, os nascentes raios de sol batendo no chão úmido eu me ajeito, me sentando e fecho meus olhos por alguns instantes respirando devagar, eu só quero que essa maldição termine.

Eu preciso me livrar dessa escuridão. Como? O ódio faz parte de mim então como reprimir ele? Eu pensei e sei da resposta, com amor. Mas que mulher poderia amar uma fera cheia de ira, de escuridão e egoísmo? Nenhuma. É uma resposta óbvia. No entanto, um filho sempre ama um pai, um filho é sempre a esperança, ele dá a vida, é puro, ingênuo e inocente e tudo isso, pode acabar com minha escuridão e finalmente serei livre dessa maldição.

Me casei, não para me habituar nessa cidade como disse para Nuha. Me casei para poder ter uma criança e com sua pureza e amor ser salvo e ser livre desse lugar. Jamais contaria isso para a bela garota com quem me casei, óbvio que não, estaria apenas usando da sua capacidade de ter uma criança em seu ventre para me salvar e depois a desprezaria, como sempre faço, porque é só uma criança que quero, do que preciso. Sangue do meu sangue e assim me salvaria. Nuha  ainda moraria comigo mas jamais irei amar porque na última vez que eu amei, eu acabei matando meu amor e eu não quero ela morta e para isso eu não devo amar ele, pois posso quebrar ela e pior matá-la.

— Harry. -Uma voz doce e feminina me chama, mas não é a minha esposa. Busco com os olhos de onde vinha a voz e logo a figura feminina e negra de cabelo liso, longo e preto como a noite, com os seus olhos castanhos, como o tronco de uma árvore estava a me encarar.

— Celeste. -Murmuro com desprezo. — O que quer?

Celeste. A feiticeira que me amaldiçoou a ser essa fera maldita. Eu não a via desde o dia da maldição e agora ela está de volta. E olhando para mim, com seu olhar enigmático como se fosse uma vidente ela sorri para mim com seus lábios rosados, como se soubesse meu maior segredo e talvez ela saiba.

— Vim dizer que seu plano irá falhar. -Fala e se aproxima de mim então eu me levanto. Franzo a testa, confuso e ela continua. — Sua esposa está de fato grávida, receberá a notícia hoje. -Fala e dá alguns passos. Eu sinto meu corpo congelar, não sabia o que sentir bem, estava feliz.

— E como meu plano iria falhar? -Pergunto e ela me olha fixamente.

— Você quer usar da inocência de uma criança para acabar com sua escuridão, no entanto, é egoísta com Nuha em querer tê-la apenas para isso, como um mero corpo para sustentar sua criança. E Harry, isso inválida, isso o continua a tornar uma má pessoa. Uma pessoa egoísta e fora por esse egoísmo que se tornou uma fera. -Fala calma e engulo o seco. — Além disso, como a criança está sendo concebida com você ainda amaldiçoado, ele herdará sua maldição mas não haverá cura para essa criança mesmo que não haja em seu coração escuridão, todas as noites a ira e a escuridão herdadas de você o tornará fera.

The Beast || H.S || CompleteOnde histórias criam vida. Descubra agora