Alguma paz...

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Acima é a Igreja Matriz de Itajaí - SC, que é mencionada pelo personagem Davi.

Não rolou casamento lá dentro tá?

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- Eu vou embora, ouvisse?

- Eu sabia que tava fazendo papel de trouxa desde que insisti nisso. – Ele deixava as lágrimas correrem livres, mas sorria tentando demonstrar que não doía tanto. – Queres ir embora? Tá livre... – Ao dizer isso enfiou a cara no travesseiro e chorou muito.

Eu não conseguia me mover. Ah que momento é esse, no qual a força de vontade foge de nós e mil coisas te vem em mente pra fazer ou falar e bem no fim não fazemos nada. Eu quis me ajoelhar e pedir perdão, quis chorar, quis sair correndo, quis tomar veneno, quis morrer, mas o que fiz de verdade foi ficar ali parado, vazio e mudo.

- Acabasse comigo... vai de uma vez. Sabe que se ficar te perdoo e tudo vai ficar que nem antes. – nunca vi ele chorar assim. – Mas não é isso que tu quer, né?

Sentei na cama, só que não consegui formular palavras para dizer algo. Então levantei e saí sem pegar carteira, chave, nem celular, caminhei pelo centro até escurecer e depois fiquei um tempo sentado perto da Igreja Matriz olhando pro nada.

Como ele descobriu? Eu podia ter feito uma cagada, mas alguém me caguetou e a primeira pessoa que me veio na cabeça foi a Solange. O que ela ganhou com isso? Porque o fez? 

Tá feito, acabou!

Caminhei até o prédio do Abi, porque não pensei em outra pessoa a quem pudesse recorrer e tive que ficar esperando ele fechar sua lojinha. Lá pelas nove ele surge.

- Ué, que aconteceu? – Ele perguntou enquanto me abraçava?

- Deu redevu, Abi. – Segui o Abi até o terceiro andar onde ele morava contei tudo e desandei a chorar (quase não choro, kkk). Ele me abraçou e beijou minha cabeça.

– Vai lavar esse rosto, Davi. – Depois ele me fez tomar um copo d'água – Vamo buscar umas roupas pra ti e tu ficas uns dias comigo. Vê se depois te decide, volta com ele ou sossega.

- Mas eu to sossegado.

- Dá um tempo né, curisco ushh... Eu sempre te disse né, não te envolve demais, sossega... mas não me escutas...

- Abi, não quero ir lá hoje... ele não vai me deixar entrar.

- Tá, fica aí que vou. Me dá o telefone dele.

Abi saiu bufando e não demorou pra voltar, dizendo que o Charles o tratou com educação, mas...

- Mas pediu pra eu não tocar no teu nome, disse que um dia desse te liga e vocês conversam.

Como ele podia ser assim, mesmo depois de eu ter feito isso tudo? Tadinho, meu coração doía que quase me faltava o ar.

- Ei, toma isso, garoto. – disse o Abi preocupado. – É um relaxante muscular, vai te dar sono, toma um banho que te acordo de manhã. Que horas te chamo?

- Sete.

Pensei na trade e de novo meu estomago revirou, talvez fosse coisa da minha cabeça. Mas um beijo não podia ser uma traição maior do a que tinha eu sofrido, pois tinha confiado em uma pessoa lá no escritório que conhecia o Charles. A troco do que uma pessoa faz isso? Eu pensava no erro dela, mas e o meu erro? E o Salésio já devia ter contado a mais tempo...

Amor "Peixeiro"Onde histórias criam vida. Descubra agora