Borboleta Azul

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– Sabine, onde fica o porão?

Depois de ler a carta do meu pai, não parei mais de chorar, soluçava muito. Papai escondeu tantas coisas de mim, achei que nunca mais voltaria para essa mansão, achei que viveria com meus tios sem me preocupar com ele e nunca esperei que isso fosse acontecer.

Sabine me leva até a entrada do porão, se reverenciando diante de mim ela sai e me deixa sozinha. Penso duas vezes antes de abrir a porta do porão e entrar, há uma lanterna ao lado da porta, pego e vigio a porta com a luz fraca até procurar o disjuntor. Acendo as luzes do porão e fico completamente chocada ao ver como esse lugar está muito bem cuidado e reservado, tudo está organizado e limpo, sem uma única poeira, como se fosse um escritório novo.

O porão é espaçoso e bonito, todas as paredes ocupam estantes com livros, caixas e móveis cobertos com um pano, as paredes parecem estar recém pintadas, o cheiro de tinta ainda é forte e são limpas e branquinhas, tem uma janela com ladrilhos coloridos em forma de sol e borboleta que ilumina o porão.

Passo o dia inteiro no porão folheando os livros nas estantes, vendo as coisas nas caixas e procurando as demais coisas. Ao tentar pegar um livro no alto da estante, derrubo o livro ao lado, as fotos dentro do livro se espalham pelo chão e ao pegar todas do chão, me deparo com a minha mãe, a minha família. O mais surpreendente é que tem coleção de fotos. Datas e frases estão em todas elas, pego todas e começo a olhar uma por uma. Na foto parece ser eu, mas ela é velha demais para ser minha, a data é de quando eu nem havia nascido e a frase diz "Completei dezoito anos hoje e ganhei esse presente da minha mãe". Minha mãe na foto está deslumbrante, eu sou realmente muito parecida com ela.

– É o aniversário da minha mãe?! Que presente ela havia ganhado?

Olho as outras fotos, tudo da minha mãe e da minha avó. Minha avó? Por que não pensei nisso antes? Ela deve saber mais sobre minha mãe do que qualquer outra pessoa. Elas são tão lindas. Nas outras fotos, vejo uma foto dela quando havia se casado com meu pai, na época ela estava grávida de mim, ela vestia um lindo vestido branco de princesa, os dois pareciam ser muito felizes.

Olho a escrivaninha e vejo as cartas que estão no meu nome e uma caixa muito linda com uma carta que diz "Para Hyorin". Pego a carta e leio, era essa a carta que meu pai deveria me dar quando completasse dezoito anos, volto a chorar ao pensar nos dois.


Para Hyorin...

Se você estiver lendo essa carta é porque hoje é seu aniversário de dezoito anos.

Você poderia perdoar a mamãe por te deixar sozinha? Eu estou muito doente, não sei quantos dias ainda terei, mas não conseguirei estar aí para te dar parabéns. Oh minha filha, você cresceu tanto, está tão linda. Te observo assim de longe, e vejo o quanto você cresceu. Seu pai sempre me dizia – Hyorin vai ser linda igual a mãe.

Como está o papai? Está cuidando bem dele? Ele está sendo bom para você? Como sinto sua falta meu bem, saudade de ver você e abraçar seu pai. Querida, você não está sozinha, você me tem e tem seu pai contigo, mesmo que a distância fale alto, o coração ainda bate mais forte.

Ao abrir a caixa, você irá ver um presente que ganhei da minha mãe no meu aniversário, é um tesouro, cuja história é muito linda. Eu tenho certeza de que você vai amar, ela tem sido passada de geração a geração.

Parabéns Hyorin, seja feliz e não desista dos seus sonhos, mamãe te ama.

De sua maravilhosa mãe!


Ao abrir a caixa, vejo um lindo colar de ouro com um pingente de uma borboleta, o pingente é coberto com pó de ouro branco, brilha tanto. Ainda dentro da caixa tem uma foto minha, dela e do papai. Eles me seguram no colo com o colar no meu pescoço.

Blue ButterflyOnde histórias criam vida. Descubra agora