Blue Butterfly

Vivendo na realeza

[CALIFÓRNIA - EUA]

Muitos quartos; banheiros; corredores sem fim. Um lugar tão grande que me faz sentir uma formiga, é silencioso e vazio. O sol entra pela janela iluminando os vasos de cerâmica e os girassóis, escuto o som dos pássaros despertando e o vento balançando a cortina e as folhas nas árvores. Tão grande, mas tão pequeno.

Meu pai encontrou uma nova namorada, já perdi as contas de quantos almoços tive que participar para agradar a namorada dele. Entro na sala de jantar espaçosa o bastante para caber cinquenta pessoas. Cumprimento a mulher jovem e bonita, seu cabelo foi feito em um salão e seu vestido é novo, provavelmente quer agradar a mim e a ele, nos sentamos e esperamos o almoço ser servido. Os dois conversam agradavelmente e eu observo, ela parece estar nervosa e acho que nunca vi meu pai sorrir assim.

Meu pai é milionário, é CEO de uma empresa muito grande, está sempre cuidando de seus negócios. Desde que minha mãe morreu, as coisas mudaram bastante, ele se tornou um homem frio e arrogante, ele não me trata como sua filha, eu não sei o que sou para ele, mas ele está sempre dizendo para eu ser perfeita, porque sou de uma família importante, sou herdeira. Ele não pode manchar sua reputação já que tem a chance de entrar na política e se candidatar a prefeito. Não acho que ele possa se tornar um bom prefeito se não se preocupa com o bem-estar da sua única filha, ele ajuda as pessoas caridosamente, mas talvez, suas atitudes sejam falsas, ele deve fazer isso apenas para manter a fama de um bom pai e um bom homem.

Eu estou usando um lindo vestido rosa pastel, meu cabelo enrolado é castanho e eu o joguei para o lado esquerdo, não me importo com uma boa aparência, mas meu pai prefere ser elegante na frente de todos para manter as boas aparências. Falávamos sobre assuntos aleatórios, sobre nossas vidas, só que estou cansada de vir todo mês para um jantar com uma nova namorada, é chato e meu estômago fica embrulhado toda vez. Todas as mulheres com quem ele ficou só queriam se aproveitar do dinheiro, na frente do meu pai elas me tratavam bem e por trás diziam coisas terríveis sobre minha mãe e que eu seria internada. A Amanda pergunta.

– Então Park Min Hyorin, o que gosta de fazer nas horas em que não estuda?

Eu a encarava querendo respondê-la, então nunca mais voltaria aqui e assim não teria a chance de me ameaçar, eu queria dizer palavras sujas, mas meu pai tosse e eu o olho. Ele me encara com um olhar ameaçador, sei o que quer dizer, se tratar ela mal, ele irá me proibir de ter uma vida social.

– Gosto de ler, tocar piano e passear no parque. – Eu digo com tédio.

Eu não podia aprender o que eu queria, eu tinha que aprender o que meu pai queria, política, história, geografia, etiqueta, administração. Eu tive que arranjar hobbies nesta mansão, fazer coisas que eu realmente amo.

– Que ótimo, então devemos ir um dia juntas ao centro e fazer coisas de mulheres, você não acha?

– É, quem sabe! – Respondo rude.

Estou exausta fisicamente e mentalmente, sinto falta da minha mãe, sinto falta de ter apenas oito anos. Era uma idade tão boa, pelo menos eu tinha bastante memórias dela nessa época.

Terminei meu jantar e a conversa, me despeço da Amanda e do meu pai. Vou para o quarto e me deito na cama, coloco meu fone de ouvido e fico ouvindo músicas melancólicas. Eu queria poder ser livre e ousar, queria gritar para o mundo e sair correndo para sentir a brisa de verão no meu rosto, queria ser feliz. Eu sei que muitos tem inveja da minha vida, não passo fome, moro em uma mansão, posso comprar o que eu quiser e quando quiser, mas isso é tão irônico, do que adianta isso tudo se não posso me apaixonar e ser amada de volta? Meus pensamentos são interrompidos quando escuto meu pai abrir a porta.