Manhã

9 4 0
                                    


Marte.

Acordo com uma respiração quente e tranquila em meu pescoço é o Faith. Sua perna está entre as minhas e tento não me mexer pra sentir um pouco mais o calor do seu corpo. Estou de costas e posso sentir seu membro duro dentro da cueca contra minha bunda, uma pena ter que me levantar pra ir para a faculdade. Tento tirar minhas pernas devagar para não acorda-lo, sua outra perna esticada por conta do gesso, coloco um travesseiro no lugar que eu ocupava na cama e o Faith o agarra como se eu ainda estivesse ali. Tomo um banho rápido e ao sair enrolada na toalha fico admirando-o dormir, seu cabelo bagunçado e sua boca um pouco aberta me dá vontade de beija-lo, mas não posso. Termino de me arrumar e vou até a cozinha pegar uma maçã. Termino de comê-la e escovo os meus dentes, pego minha bolsa e dou um beijo na testa do Faith, ele está dormindo feito pedra, passou dias naquele hospital. Encosto a porta do quarto e ao sair do apartamento coloco a chave por debaixo da porta, posso pegar a reserva com seu Isaac.

Escuto um carro buzinar enquanto estou na parada, estava com meu pensamento lá no meu quarto, naquele ser que está na minha cama dormindo como um anjo.

— Quer carona sua vaca? — ela ri e alisa o volante. Este não é o carro dela.

— De quem é esse carro sua louca? — digo enquanto entro no lado do carona.

— Ganhei do meu pai ontem. Como você está?

— Estou bem... — devo contar que transei com ele ontem? Que ele vai ficar lá em casa até se recuperar totalmente? — O Faith está lá em casa... — ela não me deixa completar e freia o carro de leve me jogando pra frente.

— Ele já teve alta? Que ótimo. Até quando ele vai ficar lá? — Não esperava por essa reação.

— Até se recuperar totalmente. — digo com um sorriso enorme no rosto. — ele me fez sentir coisas que nunca senti com ninguém.

— Vocês transaram? — ela está surpresa. — Você vai me contar tudo sua vaca!

Chegamos à faculdade e eu tentei explicar tudo durante o caminho. Ela não é da minha turma na faculdade, então foi pra cada uma pro seu lado, mas vou terminar de explicar a ela na volta pra casa.

Larguei mais cedo hoje por falta de professor e já estou louca pra chegar em casa, não vou voltar com a Níara, mas encontrei alguém da sua turma no corredor e pedi pra avisa-la.

Chegando ao prédio vejo o carro do Sr. Muniz parado em frente à portaria, os vidros estão fechados e eu imagino que ele esteja esperando o Faith descer para pegar a Sophie. Bato no vidro e ele o abaixa.

— Bom dia, Sr. Muniz.

— Bom dia! Cadê o Faith? Como ele está?

— Quando eu saí ele estava dormindo, estou chegando agora da faculdade...

— Estou ligando e ele não está me atendendo, você pode levar a Sophie? — faço que sim com a cabeça e a Sophie desce do carro com sua mochila nas costas, ele se despede e sai com o carro.

Faith.

Acordo e não faço ideia de onde esteja meu celular, preciso ligar pro meu pai, ele ainda não trouxe a Sophie. Pego as chaves que a Marte jogou por baixo da porta, coloco-as em cima do balcão da sala e continuo a procurar meu celular. Já são pouco mais de onze horas e escuto a voz da Marte no corredor e quando ela abre a porta vejo que ela está com a Sophie. Ambas estão sorrindo quando entram no apartamento e aquilo me contagia. Sophie corre e me abraça enchendo-me de beijos.

— Estava com saudades, papai. — ela ri e continua com sua chuva de beijos.

A Marte está escorada no balcão nos olhando e sorrindo, esse sorriso é uma das coisas mais lindas que eu já vi. Ela pega sua bolsa que estava no chão, escorada no balcão e vai em direção ao quarto. Ligo a TV pra Sophie assistir e vou atrás dela. Deixo a cadeira de rodas do lado de fora do quarto e levanto, ficando sobre um pé só. Entro no quarto, mas ela não está aqui, escuto o barulho do chuveiro vindo da suíte e abro a porta devagar sem fazer barulho. Sento no vazo sanitário e ele não tem como me ver, pois o Box está embaçado com o vapor da água quente. Espero-a terminar o banho, ela puxa a toalha que por cima do vidro e empurra a porta do Box fazendo-a abrir devagar.

Ela se assusta a me ver ali, mas sorri. Levanto com dificuldade, mas consigo levantar. Me aproximo e puxo-a pra mim.

— Já estava com saudades... — sussurro próximo a sua boca e encosto meus lábios nos dela.

— Onde está a Sophie? — ela fala com dificuldades e ri. — também estava louca de saudades!

— Não se preocupe com ela.

Guio para que ela encoste-se ao balcão da pia e levanto suas pernas, fazendo-a sentar no mesmo. Fico entre suas pernas e volto a encostar nossos lábios, mas dessa vez demoro um pouco mais ali. Mordo seu lábio inferior puxando-o pra mim, solto o mesmo devagar e deslizo minha língua sobre a dela. Posso sentir sua toalha cair e ambos rimos entre o beijo.

— Papai! — Escuto a Sophie gritar da sala.

— Estou indo filha. — grito de volta, selo nossos lábios e ela ri.

Saio do banheiro sobre um pé só e posso ouvir a Marte rir. Chego na sala e a Sophie está deitada no sofá.

— Estou com fome, papai.

— Você tem que pedir a dona da casa filha. — falo e aperto seu nariz.

— Ela é minha nova mamãe? — engulo seco e não sei como explicar isso a ela.

— Não... — falo e coço a cabeça. — ela é a namorada do papai, mas sua mãe sempre vai ser a Vitória. — infelizmente.

— Então não posso a chamar de mamãe?

— Você pode me chamar do que quiser. — Marte responde antes de mim, rindo.

— Estou com fome, segunda mamãe. — Meu coração acelera a escutar aquilo e a Marte está com um sorriso enorme no rosto, mas vai pra cozinha preparar algo pra Sophie comer. Faith Muniz está apaixonado.

Rose of FaithWhere stories live. Discover now