Paixão

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Marte.

Ela me chamou de segunda mamãe, não acredito que isso está acontecendo logo comigo. Fico um tempo parada na cozinha escutando aquela voz doce me chamar de mamãe várias e várias vezes, na minha cabeça. Preparo uns cachorros-quentes pra todos nós e levo-os até a mesa.

Sophie salta do colo do pai onde ela parecia está muito bem e vem em direção à mesa. Coloco os pratos na mesa e sento junto com a Sophie. O Faith está assistindo TV.

— Não vem comer Faith?

Ele me olha e rir, então se levanta e vem pulando sobre um pé até a mesa e fingi sentar no colo de Sophie. Ela gargalha enquanto o empurra.

— Ah, aqui já tem gente? — Ela ri e concorda com a cabeça — desculpe senhorita. — todos da mesa estão rindo.

Terminamos de comer e tiro todos os pratos da mesa e coloco-os na pia, o celular de Faith toca e ele levanta pra atender, Sophie ainda está na mesa, mas dessa vez está pintando um livro de colorir que eu tinha guardado aqui. Eu estou lavando os pratos e posso escutar Faith elevar o tom de voz dentro do quarto, ele diz algo parecido com "ela não vai vir busca-la". Ele sai do quarto com o telefone na mão e eu nunca o vi com tanta raiva. Ele senta no sofá e eu já estou quase terminando os pratos. Sigo em direção ao sofá e sento ao seu lado.

— O que aconteceu? — pergunto pousando minha mão sobre as deles que estão espremendo o celular.

— A Vitoria quer vir buscar a Sophie... — ele explica e eu suponho que Vitoria seja a mãe da Sophie — a mãe dela sempre apronta dessas.

— E qual o problema nisso? — tento aparentar está calma, mas eu o entendo. — Minhas férias estão chegando e eu posso ir pro Rio... — ele abre um sorriso pra mim e toda aquela raiva já não está mais ali. — Onde será seu próximo show?

— Só daqui uns dois meses. Tirei férias! — ele explica. — Mas ela quer vir busca-la por saber que eu estou aqui, na sua casa.

— Então vamos evitar algo pior e deixe-a ir. — Mês que vem estaremos todos juntos.

Ele me abraça tão forte que eu poderia ficar naquele abraço por dias, anos, séculos, a vida toda. Sinto sua respiração tocar meu pescoço e aquilo me arrepia, ele me solta devagar e vai em direção a Sophie. Posso escutar toda conversa.

—Filha, sua mãe vai vir te buscar, hoje ou amanhã, não sei ao certo... — ele tenta explica-la — papai vai ficar aqui resolvendo umas coisas e depois vai pra lá encontrar com você, está bem? — ela concorda com a cabeça. — Hoje o Sr. Muniz vem lhe pegar durante a noite e sua mãe vai te buscar lá no hotel onde ele está hospedado.

Ela concorda com tudo, mas sua cara não mostra alegria como há uns minutos atrás. Não me lembro da última vez que ela não estava sorrindo. Ela fecha o livro de desenho e guarda os lápis de cor como eles estavam antes dela utiliza-los. Ela não aparenta ter cinco anos e arrumando suas coisas sozinha em quanto o Faith liga pro seu pai. Posso ouvi-lo pedir pra o Sr. Muniz vir busca-la e encontrar a tal Vitoria no aeroporto. Ela não ia até o hotel? Isso não importa agora. Vejo Sophie caminhar em minha direção e ela me dá um abraço mais apertado do que aquele que o Faith havia me dado agora a pouco.

— Quando vou te ver de novo segunda mamãe? — ela diz perto do meu ouvido e aquelas palavras me atingem em um lugar que eu não sabia nem que existia.

— Em breve, Sophie... — tento explica-la — vou viajar junto com seu pai quando ele voltar. — ela sorri pra mim e vejo cor em seus olhos que agora a pouco estavam em preto e branco.

— Pode leva-la lá em baixo? — o Faith interrompe nosso momento — O Sr. Muniz já está vindo.

Ela corre até ele e o abraça.

— Melhoras papai.

Ele senta perto da mesa e a coloca no colo, pois não pode se abaixar por conta do gesso.

— Vamos nos ver logo, filha. Eu prometo!

Faith.

A Marte desceu há poucos minutos com a Sophie e eu já estou sentindo falta de ambas. Posso ver o carro do Sr. Muniz parar em frente ao prédio e Marte abaixa-se para que Sophie beije seu rosto. Aquela cena me deixa feliz por um lado, mas triste por saber que ela está indo embora. Hoje a noite está tão fria e o carro já foi e parte de mim se foi com ele. Deito no sofá e espero a Marte subir, escuto o barulho da chave e a Marte parece está mais triste do que eu. A Sophie deixa sua marca onde passa e deixo escapar um sorriso com o meu pensamento.

— Do que você está rindo, mocinho? — ela pergunta se aproximando de mim. Sento ao ver ela se aproximar e ela senta do meu lado.

— Nada, só estava pensando em como a Sophie faz falta... — ela parece não entender o que eu quis dizer — Quer dizer, por onde a Sophie passa deixa sua marca.

— Verdade, até parece com o pai... — ela ri e desvia o olhar.

— Vou deixar minha marca em outro lugar!

Ela me olha assustada, mas está sorrindo. Puxo-a devagar começando a beijar seu pescoço, distribuindo beijos pelo seu rosto até nossos lábios se encontrarem. Puxo sua perna fazendo com que ela sente no meu colo. Ela ri e arranha meu ombro, ela morde meu lábio enquanto aperta meu cabelo entre seus dedos. Escuto seu celular toca e ela para, assustada, sorri e volta a me beijar até seu celular tocar de novo, ela pega-o pra desliga-lo, mas é a Níara.

— Ela nunca insiste... — ela diz olhando pra o celular. — e geralmente essa hora ela já está dormindo.

— Então atende! — ela atende e gela sobre mim. Posso escutar a voz do outro lado e não é a voz da amiga chata dela.

— Onde? — ela pergunta saindo de cima de mim. Então desliga o telefone.

— O que aconteceu?

— A Níara sofreu um acidente de carro, provavelmente estava bêbada. — ela respira fundo — preciso ir encontra-la!

— Quer que eu vá com você? — ela nega com a cabeça.

— Você mal pode andar e eu sei me cuidar, prefiro que você fique e descanse. — pego o telefone dela e coloco meu número nele.

— Me mantenha informado! — ela concorda com a cabeça e coloca um casaco. Não queria deixa-la ir só, mas realmente mal estou conseguindo andar. Ela sai e a outra parte de mim se vai. 

Rose of FaithWhere stories live. Discover now