Marte.
Saio de casa na esperança de que não tenha sido nada tão grave quanto o rapaz tenha me passado ser pelo telefone. Não passa um táxi a essa hora da noite e eu fico esperando e seu Isaac fica me olhando enquanto estou do lado de fora. Quando finalmente consigo pegar o táxi informo o endereço ao motorista e ele só concorda com a cabeça e vai. Vejo o local do acidente e tem outro carro parecido com o carro do Sr. Muniz. Estou tão nervosa e vou direto ao encontro da Níara que está sendo retirada do carro pelos médicos da ambulância. Ela está desacordada e o acidente parece ter sido muito grave, ambos os carros estão com a frente totalmente destruída, mas o carro da Níara está na via certa, o que dá a entender que a colisão ocorreu por conta do outro carro. Aproximo-me do outro carro e reconheço a cadeira do banco de trás, é a cadeirinha da Sophie. Meu coração gela e eu fico sem reação, corro desesperada ao encontro de um policial.
— Quem estava no outro carro? — Pergunto quase sem folego.
—Uma moça ruiva, ela estava só e pelo visto entrou na contramão. Ela foi socorrida primeira porque seu estado era mais grave. — ele olha na prancheta e completa — Seu nome é Pietra... Pietra Muniz.
É a irmã do Faith. A situação é pior do que eu imaginava. Quando percebo a ambulância já está quase saindo e eu corro em sua direção. Os médicos já estão fechando a porta de trás e eu seguro a da direita.
— Posso ir com ela? — Os médicos me olham como se aquilo fosse algo estranho para eles.
— Você é parente dela? — Nego com a cabeça.
— Sou amiga, mas acho que sou a única que pode ajuda-la nesse momento.
— Então vamos. — Eu entro na ambulância e as portas se fecham.
Faz frio aqui, mas eu estou de casaco e nem sinto tanto. Essa vaca burra está toda arranhada, sua cabeça sangra e aquilo me deixa ainda mais preocupada e aos médicos examinarem eles vão diagnosticando e falando um pro outro em voz alta. "Perna quebrada, mas será necessário um raio-X", "podem existir fraturas pelo abdômen" e cada vez que eles vão falando meu coração aperta mais. Essa vaca é como uma irmã pra mim. Ela vai ter que passar por uma bateria de exames. Fico me perguntando onde a irmã do Faith está se tem alguém lá com ela. Penso em ligar pra o Faith, mas decido esperar chegar ao hospital.
— Ela não tem nenhum parente aqui por perto? — a médica me pergunta me tirando do turbilhão de perguntas que estava passando na minha cabeça.
— Tem seu pai, mas acho que ele não se importa muito com ela. Aquele carro foi presente dele, mas eu não sei seu número e nem se quer sei seu nome. — ela acena com a cabeça se conformando com tudo que falei.
Chegamos ao hospital e sou a primeira a descer da ambulância. Acompanho a maca até a sala de emergência e me informam que eu não posso passar dali. Volto à sala de espera e aquilo ali é praticamente uma tortura. Lembro-me que tenho que ligar pra o Faith, mas nem sei como lhe dar essa notícia não no estado que ele se encontra. Pego o telefone e coloco no número dele, mas estou criando coragem pra ligar até que crio coragem e nem demora muito pra ele me atender.
— Marte? Como ela está? — Percebo preocupação em sua voz.
— Ela está na emergência, mas eu tenho algo a mais pra te contar... — ele respira tão pesadamente do outro lado que eu posso escuta-lo respirar.
— Então conte!
— O carro que bateu no da Níara, era do seu pai... — ele bufa — mas quem estava dirigindo era sua irmã e o estado dela é mais grave que o da Níara.
— Pra onde levaram ela? —eu me dou conta que me esqueci de perguntar.
— Não sei... Liga pro seu pai, ele deve está sabendo.
— Certo! — ele fala e desliga.
Já se passou horas e ainda não tive notícias da Níara. Já está perto de amanhecer e vejo uma das médicas da ambulância saindo da ala de emergência.
— Pode me dar noticias da minha amiga? — ela põe a mão no meu ombro e começa.
— Sua amiga quebrou uma perna e fraturou duas costelas. Ela bateu a cabeça, mas o exame que fizemos não acusou nada de anormal, só podemos espera-la acordar pra ter certeza que não vai ter sequelas.
— Ela vai ficar bem? — é o que importa no momento!
— Vai sim, ela já está no quarto, mas não pode receber visitas ainda... — concordo com a cabeça.
— Me avise quando for possível vê-la. — ela concorda com a cabeça e se afasta até eu não ter mais contato visual com ela.
Tento ligar pro Faith, mas ele não me atende. Queria ter notícias da irmã dele. Continuo tentando até ele me atender.
— Faith? Como está sua irmã?
— Ela está muito mal... — ele fala e sua voz está tão fraca que até me sinto sem chão ao escutar e imaginar o quanto ela esteja mal. — uma de suas costelas perfurou um órgão e ela teve hemorragia interna, sem falar nas outras fraturas. Ela está por um fio. — escuto ele engolir em seco ao terminar de falar.
— Não posso ir te encontrar, sou a única aqui com a Níara.
— Eu sei. — ele me interrompe — fique ai, é melhor no momento. Ela vai ficar bem?
— Vai sim... Ela só teve algumas fraturas e bateu a cabeça, então precisamos esperar ela acordar pra descobrir se existem sequelas. — A médica me chama — preciso ir...
— Certo qualquer coisa me ligue. — ele desliga o telefone.
Sigo a médica por todo o corredor até um quarto, entro e tem tantos tubos e fios ali. Ela ainda está dormindo e tem muitas ronchas no seu rosto. Acorda logo sua vaca falo baixo e suspiro por saber que ela não irá acordar nem tão cedo.
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Rose of Faith
RomanceA historia de romance entre um cantor (Faith) e uma menina pernambucana (Marte) tem inicio em um de seus shows. A historia desse casal esconde muitos mistérios e barreiras que só podem ser vencidos com a força dos dois. Uma historia fascinante que...