- Ge... me o que? - pergunto dando um pulo da cama e ascendendo a luz do quarto. - me explica isso direito Daniel, porque eu acho que não entendi..
Ele suspirou e sentou na cama encostando-se na cabeceira e ficou uns minutos perdidos em pensamentos... Enquanto eu andava de um lado para o outro igual uma louca roendo - na verdade tentando - minhas unhas de acrigel.
Mais filhos? Deus! Esse homi é o que? Um coelho? O Mr Catra? Onde mete o pinto procria? Misericórdia Senhor! Onde é que eu vim parar? Deus, seu lindo, não podia me arrumar um marido que use camisinha não?
- Para de andar assim igual doida mano, tá me deixano tonto já.
- O que você quer que faça? Te abraçe e diga parabéns pelos 170 filhos que tu tem? Mano, tu é um quase um Mr Catra. - ele riu
- Que mané 170, só tenho cinco contano com o ML..
- Só cinco? Tu ainda acha pouco? Daniel, toma vergonha nessa tua cara! Mano, o que te dá na merda da cabeça? Conhece camisinha não? E que raio é esse de ML? Teu filho é líquido por algum acaso? - disse parando de andar pelo quarto e o encarando.
- ML é o vulgo do meu moleque, não adianta criticar, vai ser esse e pronto. - revirei os olhos devido a falta de criatividade - E eu acho pouco sim, enquanto eu não te engravidar não vou ficar satisfeito. - riu
- Os gêmeos tem quantos anos? - perguntei depois de um tempo.
- Vão fazer onze. E são duas gurias.
- Eu não tô com psicólogo pra discutir com você. - eu disse depois de respirar bem fundo. - não quero brigar, muito menos apanhar. Boa noite Daniel. - disse abrindo a porta do quarto e indicando a saída pra ele.
- Que isso? Quer que eu saia do quarto? - assenti - Tá maluca? Quer que eu vá dormir aonde?
- No quarto de hospedes né?! - disse como se fosse obvio.
- Ah tá, vou dormir de conchinha com a minha mãe então. - revirou os olhos.
- Não me importa, tem o sofá também se você quiser. - dei de ombros.
Ele deitou na cama e se cobriu.
- Anda logo Milena, deixa de palhaçada e vem dormir.
Respirei fundo, apaguei a luz do quarto e fechei a porta. Andei até o quarto da minha sogra e bati na porta. Escutei um entre bem baixinho.
- Oi maravilhosa, posso dormir aqui com você? - disse colocando só a cabeça pra dentro, como tava escuro, só deu pra escutar sua risada.
- Claro, vem cá. - Entrei correndo e tranquei a porta. Logo corri pra deitar ao lado dela.
- MILENA, SUA FILHA DA PUTA, CADÊ VOCÊ? EU VOU TE ARREBENTAR! - escutei os gritos do Daniel abafado pela porta dos quartos.
Minha sogra riu e me abraçou, a senti afagando meus cabelos. Ignoramos completamente seu filho desequilibrado que me gritava pela casa.
- Na moral, se ele acordar a Maria com esses pitis dele, vou nem ligar, ele que se vire com ela. - minha sogra riu.
- Sabe, eu nunca esperei ver meu filho casado com alguém. - começou ela depois de um tempo. - depois que ele saiu de casa fiquei muito preocupada com a vida dele, sempre bebendo e se drogando, rodeados desses que se dizem ser seus amigos. -suspirou- Uma vez por semana levava uma pilha de roupas lá em casa pra eu lavar, às vezes eu vinha aqui e fazia umas marmitinhas pra ele e deixava congelada, só pra ele esquentar no microondas. Foi assim por uns 6/7 anos. Até que você apareceu, eu esperava que vocês fossem felizes, mas ele é meu Deus, nem reconheço esse homem que me chama de mãe. - confessou com a voz embargada - Acredite, eu não criei esse monstro, eu dei todo amor do mundo pra ele Mih, eu e o pai dele fizemos de tudo por ele e pra ele, todo dia eu me pergunto como foi que ele ficou assim, onde eu errei sabe?! - Soluçou. - Eu morro um pouco a cada dia de preocupação por esse menino, fico pensando se ele tá te fazendo algum mal, ou fazendo mal a outra pessoa - sequei suas lágrimas - Milena, eu peço perdão a Deus todos os dias por ter errado, porque de alguma forma eu sei que errei, mas só não sei aonde.
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Madame do Tráfico ( Trilogia Madame)
JugendliteraturMilena, vive com Daniel desde seus 14 anos, sempre foi uma menina meiga, doce, de bom coração. Conhecida como Madame do Tráfico, por ser mulher do Dono do Morro Daniel Fonseca, vulgo Pequeno. Um homem frio, agressivo, não mede seus atos, mesmo saben...