Capítulo vinte seis

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- Ge... me o que? - pergunto dando um pulo da cama e ascendendo a luz do quarto. - me explica isso direito Daniel, porque eu acho que não entendi..

Ele suspirou e sentou na cama encostando-se na cabeceira e ficou uns minutos perdidos em pensamentos... Enquanto eu andava de um lado para o outro igual uma louca roendo - na verdade tentando - minhas unhas de acrigel.

Mais filhos? Deus! Esse homi é o que? Um coelho? O Mr Catra? Onde mete o pinto procria? Misericórdia Senhor! Onde é que eu vim parar? Deus, seu lindo, não podia me arrumar um marido que use camisinha não?

- Para de andar assim igual doida mano, tá me deixano tonto já.

- O que você quer que faça? Te abraçe e diga parabéns pelos 170 filhos que tu tem? Mano, tu é um quase um Mr Catra. - ele riu

- Que mané 170, só tenho cinco contano com o ML..

- Só cinco? Tu ainda acha pouco? Daniel, toma vergonha nessa tua cara! Mano, o que te dá na merda da cabeça? Conhece camisinha não? E que raio é esse de ML? Teu filho é líquido por algum acaso? - disse parando de andar pelo quarto e o encarando.

- ML é o vulgo do meu moleque, não adianta criticar, vai ser esse e pronto. - revirei os olhos devido a falta de criatividade - E eu acho pouco sim, enquanto eu não te engravidar não vou ficar satisfeito. - riu

- Os gêmeos tem quantos anos? - perguntei depois de um tempo.

- Vão fazer onze. E são duas gurias.

- Eu não tô com psicólogo pra discutir com você. - eu disse depois de respirar bem fundo. - não quero brigar, muito menos apanhar. Boa noite Daniel. - disse abrindo a porta do quarto e indicando a saída pra ele.

- Que isso? Quer que eu saia do quarto? - assenti - Tá maluca? Quer que eu vá dormir aonde?

- No quarto de hospedes né?! - disse como se fosse obvio.

- Ah tá, vou dormir de conchinha com a minha mãe então. - revirou os olhos.

- Não me importa, tem o sofá também se você quiser. - dei de ombros.

Ele deitou na cama e se cobriu.

- Anda logo Milena, deixa de palhaçada e vem dormir. 

Respirei fundo, apaguei a luz do quarto e fechei a porta. Andei até o quarto da minha sogra e bati na porta. Escutei um entre bem baixinho. 

- Oi maravilhosa, posso dormir aqui com você? - disse colocando só a cabeça pra dentro, como tava escuro, só deu pra escutar sua risada.

- Claro, vem cá. - Entrei correndo e tranquei a porta. Logo corri pra deitar ao lado dela.

- MILENA, SUA FILHA DA PUTA, CADÊ VOCÊ? EU VOU TE ARREBENTAR! - escutei os gritos do Daniel abafado pela porta dos quartos.

Minha sogra riu e me abraçou, a senti afagando meus cabelos. Ignoramos completamente seu filho desequilibrado que me gritava pela casa.

- Na moral, se ele acordar a Maria com esses pitis dele, vou nem ligar, ele que se vire com ela. - minha sogra riu.

- Sabe, eu nunca esperei ver meu filho casado com alguém. - começou ela depois de um tempo. - depois que ele saiu de casa fiquei muito preocupada com a vida dele, sempre bebendo e se drogando, rodeados desses que se dizem ser seus amigos. -suspirou- Uma vez por semana levava uma pilha de roupas lá em casa pra eu lavar, às vezes eu vinha aqui e fazia umas marmitinhas pra ele e deixava congelada, só pra ele esquentar no microondas. Foi assim por uns 6/7 anos. Até que você apareceu, eu esperava que vocês fossem felizes, mas ele é meu Deus, nem reconheço esse homem que me chama de mãe. - confessou com a voz embargada - Acredite, eu não criei esse monstro, eu dei todo amor do mundo pra ele Mih, eu e o pai dele fizemos de tudo por ele e pra ele, todo dia eu me pergunto como foi que ele ficou assim, onde eu errei sabe?! - Soluçou. - Eu morro um pouco a cada dia de preocupação por esse menino, fico pensando se ele tá te fazendo algum mal, ou fazendo mal a outra pessoa - sequei suas lágrimas - Milena, eu peço perdão a Deus todos os dias por ter errado, porque de alguma forma eu sei que errei, mas só não sei aonde.

Madame do Tráfico ( Trilogia Madame)Onde histórias criam vida. Descubra agora