Capítulo vinte sete

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Reparei melhor nele, ele estava sem camisa, só com uma bermuda jeans e descalço, quando olhei seus olhos pude ver o quanto estavam vermelhos.

Fodeu! - pensei.

- Podemos conversar agora? - perguntou ele depois de trancar a porta.

- Podemos ué, mas porque trancou porta? - perguntei apreensiva.

Ele riu de lado, aquele sorriso medonho e perfeito ao mesmo tempo.

- Pra nós ter mais privacidade. - deu de ombros.

- Privacidade? Pra que? Só tem eu, tu e Maria em casa. E ela não vai sair do berço pra vir até interromper nossa conversa.  - nessa hora meu cu trancou quando vi ele começou a caminhar lentamente até a mim fazendo eu caminhar lentamente também pra trás. - Destranca a porta Daniel!

- Por que amor? Tá com medo de mim? - seu sorriso ficou estilo do Coringa, bem psicopata.

Senhor! Me ajuda!

- Que mané medo cara, só quero ir ver a Maria, se ela tá bem, se ela... - disse ainda andando pra trás e logo senti a cama atrás de mim. Me sentei na mesma.

- Colfoi?! Tá duvidando de mim? Sabe que eu deixei ela bem, precisa ir lá não. - me interrompeu.

- Mas eu quero...

- Cala a porra dessa tua boca Milena. - disse calmamente. - eu não vô destrancar a porta, tu não vai ver a Maria e a gente vai conversar, vou precisar desenhar pra você?! - neguei com a cabeça, nessa hora ele já estava bem pertinho de mim, agachado perto da cama pra ficar mais ou menos da minha altura

- Boa garota. - me deu dois tapas na cara não muito forte. As lágrimas começaram a descer em cascata pelo meu rosto. - Eu tenho cinco filhos como agora tu já sabe, meu primogenio...

- É primogênito Daniel! - o intrrrompi.

- Foda-se, te pedi pra me corrigir? - neguei com a cabeça. - então, tenho cinco filhos. Tive o meu primogênito - disse com ironia - com a aquela mulher que tu viu e tem as gêmeas Keylane e Kauane. Eu já tava com uns 18/19 anos e peguei uma mina aqui do morro, fiquei com ela poucas vezes e todas com camisinha, mas a filha da puta deu um jeito de furar e acabou pegano barriga achando que ia me segurar - riu debochado - depois descobri que a piranha nem era aqui do morro, só queria meu dinheiro, larguei ela também é só mando o dinheiro das minhas filhas por mês ou quando ela liga querendo alguma coisa. A mesma coisa com a Paloma, só mando o dinheiro pra ela todo mês, botei ela numa casa boa pra criar meu filho em outro morro e banco ela em tudo. Era isso que tu queria saber, então pronto agora tu sabe de tudo.

- Sinceramente - respondi com a voz embargada pelo choro - eu nem sei o que é pior, ficar no escuro ou saber de tudo. Você fala dos seus filhos como se fossem nada, nem faz questão de ficar perto deles... - neguei com a cabeça - eu nem sei o que é pior.

- A garota, não enche. Você não queria saber?! Então agora tu sabe.

- Tá certo. - suspirei. - Era só isso ou tem mais alguma coisa?!

- Tem sim, mais uma. - riu - não é você a culpada de ter perdido nosso filho.

- Já conversamos sobre isso Daniel, a culpa não é sua.

- MAS É CLARO QUE É! A CULPA É SÓ MINHA, NÃO ERA PRA EU TER SAIDO DAQUELE JEITO... PORRA - socou a parede - eu sou um fudido. - encostou a cabeça na parede com a respiração acelerada.

- Tá tudo bem amor. - levantei da cama e o abracei chorando, me sentindo frágil. - não teve culpado, foi uma fatalidade. Não vamos mais brigar por isso, por favor. Vamos imaginar que nosso bebê tá no céu, melhor do que aqui nesse caos que é nossa vida. - eu disse chorando.

O assunto do meu bebê fez eu esquecer completamente toda a raiva e medo que eu senti do Daniel agora pouco. Eu só queria um pouco de colo e saber que ia ficar tudo bem, a dor da perda tava voltando a me esmagar com força total.

- Só me abraça e diz que vai ficar tudo bem, por favor amor. Me diz que a gente vai superar isso. - solucei.

Ele se virou e abraçou bem forte, me fazendo sumir em seus braços gigantes.

- Vai ficar tudo bem, nós tá junto nessa. - sussurrou dando um beijo na minha cabeça e fazendo carinho em minhas costas.

Eu não queria pensar em nada agora, amanhã eu penso no que vou fazer da vida... Ponderar se realmente ainda vale a pena lutar por esse casamento fracassado, mas por hoje eu só quero o colo dele e me sentir segura. Imaginar que vai ficar tudo bem.

Eu sei que não vai, nós nunca vamos ficar bem, sempre vai haver alguma coisa pra garantir isso. Mas agora eu não tenho condições de decidir por nada, ver o Daniel se culpado pela perda do nosso bebê, e saber que não existe culpado além de mim e da minha falta de cuidado, simplesmente acabou comigo.

Deus me deu um anjinho pra cuidar e na primeira oportunidade que eu tive, eu o perdi sem nem ter a chance de saber que eu o tinha. E talvez eu nunca mais me perdoe por isso...

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E o troféu de maior trouxa do século vai para... Milena Fonseca 👏👏👏👏

Oiê minhas Madames, tudo bem com vocês? Espero que sim!

Tankiu pelos votos e comentários suas lindonas... Continuem votando e comentando e façam essa escritora feliz.

Escritora feliz = Capítulos mais rápidos com direito a uns bônus...

Bjosss de luz da Nina 😘

Madame do Tráfico ( Trilogia Madame)Onde histórias criam vida. Descubra agora