Capítulo quarenta e dois

5K 375 71
                                    


Milena 

- Não, não, não. Tá errado isso aí doutor, isso não pode tá acontecendo. - falei apavorada e ele riu.

- Não tem nada de errado aqui Srt Milena, os exames deram certinho.

- Eu tenho mais sangue aqui doutor, não quer tirar mais e fazer outro exame não? Talvez esse tenha dado errado. - ele riu de novo.

- Poder, até pode, mas não vejo nenhuma necessidade. Você está grávida Milena!

A palavra grávida soava como um mantra na minha cabeça. Eu tava completamente em choque. Não é possível, meu pai vai me matar. Com certeza vai fazer com que eu eu volte pra casa, pra ficar com ele. Meu Deus! O que eu vou fazer da minha vida?

- Eu vou te recomendar uma ótima ginecologista-obstetra aqui da região pra te acompanhar na gestação e ela vai tirar todas as duvidas que você tiver ao longo da gestação... - o doutor Fábio ficou falando e eu fiquei apenas concordando com a cabeça, embora eu não entendesse nada do que ele falava, parecia que eu estava em outra dimensão. Depois de se despedir, ele saiu do quarto me deixando sozinha. 

Alguns minutos depois a sala foi aberta, e Dona Alzira entrou. Pela sua cara eu já sabia que ela sabia. Minha ficha ainda não tinha caído. Dona Alzira foi se aproximando lentamente da cama, com cara de preocupada, quando ela tava bem pertinho de mim, eu a abracei pela cintura e chorei enquanto ela fazia carinho na minha cabeça. Chorei completamente desnorteada, com medo do futuro e da vida. 

Os dias foram passando e aos poucos fui me acostumando com a ideia de ter um bebê. E prometi a mim mesma que dessa vez faria tudo certo, eu ia mante-lo saudável dentro de mim até o final da gravidez. Continuo ajudando Dona Alzira com a pensão, embora tenhamos poucos hospedes. Também me aproximei muito de Fernando esses dias, ele é sobrinho da Dona Alzira e trabalha em um escritório de advogacia aqui perto como secretário de um dos advogados e quando pode nos ajuda com a pensão também e também tem a Marina que quando soube que eu estava grávida, se mostrou muito solidaria. 

Graças a Deus eu estava cercada de ótima pessoas. 

Quando eu contei pro meu pai e pra minha tia da minha gravidez, por mensagem, a reação foi totalmente esperada por mim. Levei um sermão daqueles, principalmente do meu pai, que ficou inconformado com a noticia, queria que eu voltasse pro RJ de qualquer jeito, disse que ia vir me buscar e tudo, mas no fim acabou aceitando e disse que me apoiaria no que fosse preciso. Ele tava me dando uma generosa ajuda financeira, embora não precisasse muito, pois eu tinha "roubado" uma boa quantia do Daniel, fora o dinheirinho que eu guardava quando Daniel me dava demais. Eu disse ao meu pai que não precisava, mas ele fazia questão. Então mantenho o dinheiro que eu trouxe guardado para poder comprar futuramente uma casinha maior pra morar com a Dona Alzira e meus filhos e também para comprar moveis, que vamos precisar.

Hoje era o dia da minha primeira consulta com a obstetra. Eu tava super nervosa e com muito medo, ansiosa também, eu queria saber tudo, tinha tantas dúvidas. Assim que cheguei na clinica, estacionei o carro, dei meu nome na recepção e paguei a consulta. A moça da recepção me indicou a sala de espera e disse que só havia três pessoas na minha frente, agradeci e me sentei perto as outras pessoas que estavam ali também esperando atendimento.

Tinham duas grávidas com suas barrigas enormes e ambas estavam acompanhadas dos pais de seus bebês. Por um momento eu me imaginei assim, com minha barriga grande e o Daniel me acompanhando em uma consulta, segurando minha mão e dizendo que tudo ia ficar bem. Foi tudo que eu sempre quis um dia, mas hoje sei que isso nunca vai acontecer. Ainda mais agora com ele preso, e sinceramente eu espero que ele fique lá por um bom tempo, que Deus me perdoe por isso, mas de alguma forma ele precisa pagar por todo mal que já me causou um dia, não só a mim, mas a diversas pessoas.

Madame do Tráfico ( Trilogia Madame)Onde histórias criam vida. Descubra agora